Quando
coloquei meus pés novamente naquela casa, senti um misto de sentimentos
inexplicáveis. Senti saudade, senti agonia, senti que meu sonho se tornou
distante novamente, senti meu coração vazio e ao mesmo tempo ele parecia
transbordar de felicidade. Queria que as coisas voltassem no tempo, queria que
o tempo não tivesse passado, queria que o passado se tornasse presente
novamente.
– A mamãe
vai adorar te ver. – Benjamim falou colocando minha mala no canto da sala.
– Ela sabe
que eu estou aqui?
– Não, vai
ser surpresa.
– E o papai?
– Perguntei olhando toda a minha casa – Que saudade desse cheiro.
– Ele está
por aí. – Deu de ombros – Dora está fazendo bolo. – Sorri ao ouvir o nome dela.
– Vou vê-la.
– Corri para a cozinha e bati na porta – Oi, Dorinha.
– Alice? –
Levou um susto quando me olhou – Você voltou? – Abriu os braços e eu corri para
abraçá-la.
– Estou aqui
por conta da minha mãe. – A olhei – Ela não está bem, né?
– Está um
pouco adoentada. – Falou tristonha – Mas com você aqui, com certeza ela ficará
boa. – Sorriu arrumando meu cabelo – Que saudade da minha menina. – Me abraçou
novamente – Você está bem? Está com fome?
– Não, eu
quero logo ir ver minha mãe, depois volto aqui pra comer alguma coisa. – Ela
apenas concordou e me abraçou novamente.
Dora está
com a gente desde que meus pais se casaram, ela cuidou de nós dois, ajudou
minha mãe com absolutamente tudo e até hoje continua aqui. Nós a tratamos como
um membro da nossa família, ela tem os mesmos direitos e por tantas vezes é
quem manda e desmanda dentro dessa casa. Depois de receber carinho de Dora,
segui novamente para a sala, onde dei de cara com meu pai descendo as escadas.
– Oi, Pai! –
Falei enquanto Ben nos olhava – Sua benção.
– Deus te
abençoe! – Respondeu seco.
– Eu senti
sua falta... – Falei já receosa com sua resposta.
– Suba, sua
mãe sente ainda mais a sua falta. – Falou nos dando as costas e seguindo para o
seu escritório.
– Ele nunca
vai me perdoar, né? – Perguntei olhando Ben – Ele nem sequer disse que estava
com saudade de mim.
– Vamos
subir? – Segurou minha mão – A mamãe precisa de você. – Apenas concordei
subindo com ele.
Subi
silenciosamente, passei por meu quarto que ainda estava do mesmo jeitinho que
eu deixei, senti aquela sensação boa de estar em casa e segui para o quarto dos
meus pais. Benjamim abriu a porta com cuidado, olhou para ela e sorriu, avisou
a ela que tinha uma visita que queria muito vê-la e assim me permitiu
passar.
– Oi, mãe! –
Sorri entrando cuidadosamente.
– Alice? –
Ela me olhou com lágrimas nos olhos – Não acredito! – Ela estava deitadinha na
cama, enroladinha, com um sorriso gigantesco me esperando.
– Eu senti
tanto a sua falta, mãezinha! – A abracei com todo o meu amor. – A senhora está
bem?
– Filha, eu
estava morrendo de saudade. – Passou a mão em meu cabelo – Eu estou ótima
agora. – A abracei novamente.
– O que a
senhora tem? – Perguntei preocupada – Benjamim disse que a senhora estava
doente.
– Não
acredito que te tiraram de São Paulo... – Olhou Benjamim o repreendendo – Por
que você fez isso, filho?
– Mãe, não
briga com ele. – Pedi segurando sua mão – Eu que decidi vir.
– Eu não
queria te incomodar, filha. – Falou olhando minhas mãos – Você tem seu
trabalho.
– Pelo amor
de Deus, mãezinha. – Deitei ao seu lado – Eu deixaria tudo por vocês.
– Você tá
linda. – Fez carinho em meu cabelo – Parece que tem anos que eu não te vejo.
– Só um mês.
– Sorri brincando com seus dedos – Parece que tem mais, né? – Ela apenas
concordou com os olhos cheios de lágrimas. – Mas que tal a senhora sair dessa
cama? – Sentei a olhando – A Dorinha está fazendo um bolo maravilhoso. – Sorriu
– Eu soube que a senhora não está se alimentando direito.
– Mas
disseram tudo pra você.
– Mas é
claro, porque a senhora não me fala.
– Eu vou
tomar um banho, você me espera?
– Claro, vou
procurar um vestido bem colorido. – Falei animada seguindo para o closet.
Depois que
ela tomou seu banho, colocou o vestido que eu escolhi e enquanto ela arrumava
seus cabelos, começamos a conversar sobre esses últimos dias. Ela me contou da
febre que estava sentindo, dos quilos que perdeu por não conseguir se alimentar
direito, disse que fez uns exames e que receberia o resultado no dia seguinte.
Ela estava pálida, parecia fraca e me senti extremamente mal em vê-la naquele
estado. Descemos as escadas cuidadosamente, Benjamim que estava no telefone nos
ajudou e sorriu ao ver que mamãe estava progredindo. Conversamos um pouco na
sala, até que Dorinha colocasse a mesa para que pudéssemos tomar nosso café da
tarde.
– Dora, que
bolo delicioso. – Falei de boca cheia – Prova um pedacinho, mãe.
– Está mesmo
uma delícia. – Comeu um pedacinho do bolo.
– Que bom te
ver se alimentando, mãe. – Benjamim sorriu a olhando.
– E ela vai
melhorar cada dia mais. – Segurei sua mão – Não é mesmo?
– Com você aqui
eu vou me sentir sempre bem.
– E quando
eu não estiver? – A olhei.
– Eu vou
tentar me adaptar a sua ausência.
– Eu quero
muito que a senhora vá me visitar em São Paulo, não precisamos ficar distantes.
–
Exatamente, não precisamos. – Ben falou de boca cheia.
– Eu vou
amar receber vocês no meu apartamento. – Beijei a mão dela – E lá nós temos a
Laurinha, que a senhora é apaixonada.
– Que saudade
de Laura. – Sorriu – Como ela está?
– Está
maravilhosamente bem.
– Que coisa boa.
– Nesse momento ela deve está chegando ao
seu destino.
– Ela está
viajando? – Ben perguntou.
– Sim, com
um rapaz.
– Ela está
namorando? – Mamãe perguntou tomando um pouco de café.
– Ela conheceu
um rapaz muito encantador e está apaixonada. – A acompanhei no café – Acredito que
ela volte comprometida dessa viagem.
– E ele é um
bom rapaz?
– Sim, ele é
uma ótima pessoa.
– Fico feliz
que ela tenha encontrado uma pessoa boa. – Sorriu me olhando.
Conversamos
bastante, enquanto tentávamos fazer com que minha mãe comesse mais alguma coisa.
Vi que a todo o momento ela fazia um esforço para se mostrar melhor, mesmo que
com um simples sorriso, mas isso deixava meu coração muito feliz. Era noitinha
quando subimos para organizar minhas coisas no quarto, eu tinha trazido somente
o necessário e rapidamente consegui organizar tudo no closet. Eu estava no
banheiro quando ouvi meu celular tocar, voltei para o quarto e vi minha mãe com
ele em mãos.
– É o Luan. –
Seu nome estampava o visor do meu celular.
– Obrigada,
mãe! – A agradeci pegando o celular – Eu já volto, tá? A senhora pode terminar
de arrumar?
– Claro que
sim.
– Alô! –
Atendi seguindo para o quarto de hóspedes.
– Oi, minha
princesa! – Falou carinhoso – Tá melhorzinha?
– Estou na
casa dos meus pais.
– Você foi
ver sua mãe?
– Sim, ela
está doente. – Sentei no chão da varanda – Eu precisava muito vê-la.
– O que ela
tem?
– Ela não
estava se alimentando direito, perdeu alguns quilos por conta disso e também
vem sentindo uma febre muito alta.
– Mas já
levaram ela ao médico?
– Sim, ela
fez alguns exames e amanhã vamos buscar o resultado.
– E como você
está?
– Estando aqui
com ela eu me sinto melhor. – Apoiei minha cabeça na parede – Ela até comeu um
pouquinho já.
– E quando você
volta? – Perguntou me causando um arrepio.
– Eu não
sei... – Respirei fundo – Preciso saber que ela está bem.
– Eu vou
sentir sua falta.
– Eu também
vou sentir sua falta. – Choraminguei – Promete se cuidar?
– Prometo. –
Silenciou.
– Você pode
me ligar quando quiser.
– Eu vou
ligar sempre.
Conversamos
por alguns minutos, ele me contou sobre seu dia enquanto ouvia meus desabafos
em relação a minha mãe. Era incrível como nossa relação melhorava a cada dia,
criamos um mundo inteiramente nosso, com todo o amor que existia entre nós
dois. Ele me entendia, me conhecia, mesmo com tão pouco tempo ao meu lado, mas
fazia um esforço para ser compreensivo e amável com coisas que antes pertenciam
unicamente a mim. Eu sentiria sua falta, sentiria falta dos seus carinhos, mas
principalmente sentiria falta do seu olhar carinhoso e protetor. Desliguei o
celular sentindo meu coração doer de saudade, mas me mantive firme e voltei
para o meu quarto, onde minha mãe me esperava sentada na cama.
– Tudo bem? –
Perguntou quando sentei ao seu lado.
– Está sim. –
A olhei sorrindo.
– Era do seu
trabalho?
– Não... –
Respirei fundo – Mãe, eu conheci uma pessoa.
– O Luan que
estava te ligando? – Perguntou atenciosa.
– Sim. –
Respondi tentando achar as palavras certas – Ele é incrível.
– Ele é de
São Paulo.
– Sim.
– E vocês estão
namorando?
– Não, nós
não temos nada sério. – Abaixei minha cabeça – Mas eu gosto muito dele.
– Seus olhos
brilham quando você fala dele. – Levantou meu rosto para que eu a olhasse. –
Faz muito tempo que eu não te vejo assim.
– Ele é
muito especial pra mim, sabe? – Ela apenas concordou com a cabeça – Ele é romântico,
companheiro, me entende.
– Faz tempo
que vocês se conhecem?
– Desde que
cheguei lá.
– Ele
trabalha com você?
– Não. – Procurei
as palavras – Nós nos conhecemos na casa de shows de um amigo da Laura.
– Ele gosta
de você?
– Eu acredito
que sim.
– Então se vocês
se gostam, por que não estão namorando?
– Porque a
vida dele é bem complicada.
– Complicada
como, Alice?
– Ele é
cantor, mãe.
– Cantor? –
Perguntou confusa.
– Um cantor
muito famoso.
– Você tá se
relacionando com um cantor famoso, Alice? Como isso foi acontecer?
– Eu não
sei, simplesmente aconteceu.
– E agora?
Como vocês estão?
– A gente se
fala sempre, nos encontramos sempre que dá também.
– Eu consigo
ver o quanto ele é importante pra você.
– Ele é
muito importante. – Sorri – Ele é daqueles homens lindos, preciosos, que a
gente não encontra facilmente por aí.
– Luan... –
Falou pensativa – Qual cantor famoso tem esse nome?
– Luan Santana.
– Respondi tímida – Esse daqui. – Mostrei a ela uma foto nossa.
– Meu Deus! –
Colocou a mão na boca – Eu estava ouvindo uma música dele esses dias, Alice!
– Sério? Ele
é maravilhoso! – Olhei nossa foto. – Quero muito que vocês se conheçam.
– Eu quero
mesmo conhecê-lo. – Segurou minha mão – E como tudo aconteceu?
– As coisas
aconteceram muito rápido, mas sempre tivemos a impressão de que já nos conhecíamos.
– Pensei olhando meu celular.
– Talvez por
esse motivo vocês atropelaram as coisas.
– Sim, eu
não sei explicar.
– Isso é lindo,
mas muito preocupante.
– Eu sabia
que a senhora diria isso.
– Alice, você
passou por uma experiência muito complicada na sua vida.
– Eu sei,
mas não quero me lembrar de tudo aquilo.
– Eu só não
quero que você mergulhe de cabeça em algo tão incerto, em algo que você não tem
certeza de absolutamente nada.
– Eu me
sinto extremamente feliz quando estou com ele, me sinto completa.
– Isso é
ótimo, meu amor. – Fez carinho em meus cabelos – Mas você mesmo disse que a
vida dele é complicada.
– Eu não procuro
pensar muito nisso, eu só quero estar com ele. – Fui sincera.
– Eu só não
quero ver você sofrendo.
– Eu estou
feliz, mãe. – Segurei sua mão – Como eu nunca estive em toda a minha vida.
– Isso basta.
– Me abraçou carinhosamente – Vamos deixar que o tempo cuide de tudo.
Continuamos
conversando sobre absolutamente tudo, a maneira como nos conhecemos, sobre
nossa primeira noite, o poder que ele tinha sobre meu coração. Ela sorria a
cada palavra, conversávamos como duas melhores amigas, compartilhando de cada
detalhe. Contei a ela também sobre o meu trabalho, sobre minha viagem para o
Rio e o quanto minha alma estava em paz com tudo o que estava acontecendo.
Senti como se tivesse tirado um peso enorme das minhas costas, porque eu não
conseguia esconder nada dela. Senti meu coração flutuando, minha alma sorria, meu
pensamento estava com Luan e tudo o que eu mais precisava agora era sentir sua
presença. Conformei-me de estar tão longe dele, eu não esperava muita coisa de
nós dois, eu só apenas gostaria de viver cada momento que me fosse permitido por
Deus.
E esses resultados da mae de alice,tomara q n seja nada serio.e esse amorzinho dos dois no telefone,ja quero esses dois juntinhos de nv.
ResponderExcluirGaby
Será q o pai dela vai gostar do luan? Ele é tão rígido!
ResponderExcluirAaaaaa ansiedade a cada capituloooo!
ResponderExcluirTenho medo da Alice ter uma desilusão com o luan,de ele sem querer magoar ela.
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