Acordei
sentindo o peso do corpo de Luan sobre o meu, sorri ao abrir os olhos e ver uma
imagem tão linda como aquela, sua fragilidade de menino tão dependente do amor
dos outros. Tentei com todo o cuidado tirar seu braço e sua perna de cima do
meu corpo, ele ainda se mexeu um pouco, mas consegui sair da cama sem
acordá-lo. Tomei um banho demorado, troquei de roupa e coloquei minhas sandálias
enquanto procurava desesperadamente meu celular. Olhei na cama, dentro da minha
bolsa, no banheiro, no chão, debaixo da cama e nada desse celular, como foi
sumir desse jeito?
– Tá
procurando alguma coisa? – Ouvi a voz rouca de Luan.
– Meu
celular, você viu? – Perguntei enquanto ele tentava abrir os olhos.
– É esse
daqui? – Perguntou tirando meu celular debaixo do seu travesseiro.
– Você
escondeu meu celular? – Perguntei incrédula.
– Só assim
pra você não ir embora. – Espremeu os olhos – Me desculpa, mas foi necessário.
– Você se
supera. – Tentei pegar meu celular, mas ele segurou meu braço.
– Você tem
mesmo que ir?
– Eu
preciso. – Sentei próximo a ele – Já passam das 14h00min e você precisa cuidar,
porque daqui a pouco tem um show pra fazer.
– É verdade.
– Tentou levantar – Não quer ir comigo? – Perguntou carinhoso.
– Eu
adoraria, mas tenho uns trabalhos em casa me esperando. – Arrumei seu cabelo
bagunçado.
– Nós vamos
nos ver essa semana? – Perguntou digitando uma mensagem no celular.
– Laura vai
passar a semana toda viajando com Douglas. – Sorri beijando seu rosto.
– Isso é
ótimo. – Sussurrou sentindo meus carinhos – Posso ir te ver?
– Quando
você quiser. – E assim ele selou nossos lábios em um beijo calmo, cheio de
carinho e já com um gostinho de saudade.
– Carlos vai
te levar em casa, tá?
– Tudo bem.
– Sorri pegando minha bolsa.
– Não quer
tomar um café comigo?
– Não, eu
preciso mesmo ir. – Selei nossos lábios novamente – Você vai se cuidar?
– Vou. –
Respondeu me abraçando – Cuida de você pra mim.
– Não se
preocupe. – O abracei forte.
Sai daquele
quarto sentindo meu coração apertadinho, essa sensação ruim que sinto sempre
que preciso me despedir dele. Carlos, que era um de seus seguranças,
gentilmente me esperava no estacionamento, abriu a porta do carro pra mim e
seguimos para minha casa. Cheguei ao meu condomínio já se passava das 15h00min,
abri a porta e me deparei com Laura dormindo toda sem jeito no sofá.
– Laura? – A
chamei com cuidado – Laurinha? Acorda...
– Oi, o que?
– Acordou assustada – Ah, você chegou.
– Cheguei
agorinha.
– Nossa, eu
almocei e acabei dormindo. – Sentou no sofá – Que dor nas minhas costas.
– Você tá
bem? – Perguntei tirando minhas sandálias.
– Estou. –
Levantou procurando seu celular – E você? Pensei que não voltaria mais.
– Que
exagero, Laura. – Segui para a cozinha – Eu estou com fome.
– Tem
lasanha no micro-ondas.
Enquanto eu
comia a maravilhosa lasanha que Laura fez, ficamos conversando sobre minha
noite, sobre sua viagem com Douglas e sobre nossos planos de passar um final de
semana na casa de seus pais. Quando eu terminei de comer, tomei um banho, ajudei
Laura a organizar suas coisas para a viagem e ainda tive que terminar de editar
umas fotos que faltavam para entregar ao Bruno no dia seguinte. Pedimos nosso
jantar em um restaurante japonês que tinha aqui perto, jantamos ainda
conversando e vi em Laura a ansiedade que ela estava sentindo por essa viagem.
Era quase meia noite quando conseguimos terminar tudo, apenas pedi que Laura me
acordasse antes dela sair e me recolhi. Tomei um banho, vesti um pijama
quentinho e deitei já sentindo meus olhos pesados de sono. E assim mais uma
semana se encerrou, com minha alma em paz e meu coração transbordando de
felicidade. Durante a noite, tive um sonho muito estranho com minha mãe, ela
parecia perdida e eu tentando incansavelmente encontrá-la. Acordei de madrugada
um pouco agoniada, mandei uma mensagem para Benjamim perguntando sobre ela e eu
esperava ansiosa por uma resposta. Levantei silenciosamente e segui até a
cozinha, abri a geladeira, tomei uma água e sentei tentando controlar minha
emoção. Senti uma saudade muito grande da minha casa, dos meus pais e de Ben,
senti que eles precisavam de mim tanto quanto eu precisava deles. Voltei para o
meu quarto, rezei para que eles estejam bem e deitei, na tentativa inútil de
conseguir dormir novamente. Virei para um lado, virei para o outro, olhei as
horas, já se passavam das 04h00min e nada do meu sono voltar. Pensei em acordar
Laura, mas ela tinha que descansar, então pensei em Luan e imediatamente peguei
meu celular enviando uma mensagem para ele.
“Ainda tá
acordado?”
Esperei
cerca de 5 minutos, imaginei que ele já estivesse dormindo, mas logo meu
celular apitou com uma mensagem.
“Sim, acabei
de chegar em casa... mas o que você tá fazendo acordada há essa hora?”
“Você
poderia me ligar?”
Esperei mais
um pouco e senti meu celular vibrando com sua foto estampada no visor.
– Luan?
– Por que
você ainda tá acordada? – Perguntou carinhoso.
– Não
consigo dormir. – Quase sussurrei.
– Tá tudo
bem?
– Sim...
quer dizer... eu não sei.
– Como
assim, meu amor? – Perguntou preocupado – Aconteceu alguma coisa?
– Eu tive um
sonho estranho com minha mãe. – Choraminguei – Aí acordei assustada.
– Já tomou
uma água?
– Sim.
– E onde
você está agora?
– Voltei
para o meu quarto. – Senti uma lágrima escorrer sobre meu rosto – Eu não sei o
que tá acontecendo, mas estou com medo.
– Ei, fique
calma. – Percebeu que eu não estava bem – Eu estou aqui com você, tá bom?
– Tá. –
Respondi com a voz embargada.
– Eu sei o
quanto é difícil ficar longe da nossa família, eu passo por isso praticamente
todos os dias. – Falou carinhoso – Durante 10 anos da minha vida, vivo tentando
me adaptar a essa ausência.
– É
difícil... – Tentei falar.
– É difícil,
mas faz parte da vida de qualquer ser humano. – Respirou fundo – Acho que por
esse motivo eu dou tanto valor a minha família.
– Eles são
tudo pra mim.
– Por isso
você sente tanto a falta deles, é completamente normal. – Sua voz me acalmava
profundamente – Eu tenho certeza que não aconteceu nada com a sua mãe, mas
tente mandar uma mensagem.
– Eu já
mandei uma mensagem para Benjamim. – Senti uma pontada em minha cabeça – Eu só
quero saber que realmente ela está bem.
– Deus está
cuidando dela pra você.
– Luan...
– Oi, meu
bem.
– Desculpa
te incomodar com isso? Desculpa te ligar a essa hora.
– Alice,
para com isso. – Falou mais sério – Você não me incomoda com absolutamente
nada.
– Eu só
queria ouvir a voz de alguém pra acalmar meu coração.
– E agora
está ouvindo a minha... – Eu conseguia ver o seu sorriso do outro lado da
linha.
– Me acalma
profundamente. – Sorri lembrando o quanto ele me faz bem – Obrigada, tá?
– Eu queria
muito está aí com você agora.
– Eu queria
muito que estivesse aqui.
– Enquanto
isso eu estarei cuidando de você, mesmo de longe.
– Você é
maravilhosamente incrível.
– Não sou
nada. – Ouvi sua risada – Quer que eu cante pra você tentar dormir?
– Quero.
E assim eu
consegui dormir novamente, ouvindo a melodia mais linda, vinda diretamente do
mais intimo do seu coração. Acordei cedo no dia seguinte, mas meus olhos ainda
pesavam de sono, sentia meu corpo todo dolorido e uma sensação ruim tomar minha
alma. Despedi-me de Laura com o coração doendo, mas não comentei do meu sonho,
pois com certeza ela se preocuparia e desistiria de viajar. Enquanto eu tomava
café e me preparava para sair, recebi a ligação tão esperada de Benjamim.
– Ben?
– Oi, Lili! –
Falou com a voz calma.
– Tá tudo
bem por aí?
– A mamãe está
um pouco doente.
– Doente? O
que aconteceu, Benjamim? – Perguntei seguindo para o meu quarto.
– Não sei
ainda, ninguém sabe. – Parecia triste – Ela não consegue se alimentar direito.
– E vocês não
a levaram no médico?
– Levamos,
ela fez alguns exames e estamos esperando o resultado.
– O que
mais?
– Tem dois
dias que ela sente uma febre muito alta e só chama por você.
– Eu sabia. –
Sentei na cama – Ontem eu sonhei com ela.
– Eu acho
que ela tá sentindo sua falta.
– Eu vou pra
casa. – Falei decidida – Eu vou falar com o pessoal da agência e vou pra casa.
– Você tá
louca, Alice? – Perguntou quase gritando – Você não pode se prejudicar no seu
trabalho.
– Benjamim,
eu preciso ver minha mãe. – Enxuguei minhas lágrimas – Eu vou falar com meu
chefe, vou conversar com ele.
– Tudo bem...
– Tentou falar – Venha com calma, tá?
– Tá. –
Silenciei por alguns segundos – Cuida dela.
– Nós estamos
cuidando.
Desliguei o
celular e senti meu coração doer só de saber que minha mãe estava doente, que
estava sentindo dor, que precisava de mim. Disquei imediatamente o número de
Bruno, expliquei a ele o que estava acontecendo e ele me liberou para que eu
pudesse ver minha mãe. Peguei minha mala, coloquei apenas o necessário, liguei
para uma agência de viagem e comprei minha passagem para as 2horas da tarde.
Nada importava naquele momento, se eu tivesse que largar mão do meu sonho, se
eu tivesse que dar um tempo em toda essa loucura que minha vida estava se tornando,
tudo o que importava naquele momento era estar perto da minha família.
– Maria?
Preciso falar com você. – A chamei.
– Diga.
– Eu não vou
precisar de você essa semana. – Fale quando ela entrou no meu quarto.
– Não? Mas
aconteceu alguma coisa?
– Eu estou
indo pra casa dos meus pais. – Tentei explicar – Mas na próxima semana você volta.
– Tudo bem. –
Falou confusa.
– Tá aqui o
seu pagamento dessa semana.
– Que é
isso, Alice. – Negou – Se eu não vou trabalhar essa semana.
– Eu sei que
você conta com esse dinheiro. – Coloquei em sua mão – É como se você tivesse
trabalhado normalmente.
– Tudo bem...
– Vou sentir
sua falta. – A abracei – Fique bem, tá?
– Eu também
vou sentir a sua falta.
– Você pode
ir assim que organizar a cozinha.
– Certo,
quer ajuda?
– Não precisa.
– Sorri agradecida.
Continuei
arrumando minhas coisas, liguei para Sthé e expliquei algumas coisas que
deveriam ser feitas. Avisei que no caminho para o aeroporto, passaria por lá e
deixaria com ela o material que deve ser entregue ao Bruno. Pensei em ligar
para Luan, mas preferi não incomodá-lo com mais esse problema meu, tentaria
falar com ele assim que chegasse. Logo Maria foi embora me deixando
completamente sozinha, senti uma sensação muito ruim, uma vontade tremenda de
chorar e tentei entender o que Deus queria com tudo aquilo. Fiz um macarrão rápido
para o almoço, peguei minha mala e pedi um táxi para me levar até o aeroporto.
Era hora de voltar pra casa, mesmo que por pouco tempo, mas eu estava pronta
para mais surpresas que me esperavam. Cheguei ao aeroporto quase uma hora
depois, fiz check-in e segui para a sala de embarque. Rezei um pai nosso e pedi
que Deus me protegesse, pedi que Ele continuasse ao meu lado, que fosse minha
força e segurança.
Aaaah 😢😭 tô muito abalada com esse capítulo 💔
ResponderExcluirEspero q de tudo certo 😢💚
ResponderExcluirTomara que a mae de alice fique bem,q n seja nada grave.
ResponderExcluirGaby
Cheguei! E esse cap? Espero que de tudo certo. Tadinha da Alice. Luan é um anjo. Amando esse casal!😍
ResponderExcluirFaltam só se assumir e Luan com ciúmes? Coisa mais linda!❤