terça-feira, 25 de abril de 2017

(Capítulo 16 – Volta pra casa)

Acordei sentindo o peso do corpo de Luan sobre o meu, sorri ao abrir os olhos e ver uma imagem tão linda como aquela, sua fragilidade de menino tão dependente do amor dos outros. Tentei com todo o cuidado tirar seu braço e sua perna de cima do meu corpo, ele ainda se mexeu um pouco, mas consegui sair da cama sem acordá-lo. Tomei um banho demorado, troquei de roupa e coloquei minhas sandálias enquanto procurava desesperadamente meu celular. Olhei na cama, dentro da minha bolsa, no banheiro, no chão, debaixo da cama e nada desse celular, como foi sumir desse jeito?

– Tá procurando alguma coisa? – Ouvi a voz rouca de Luan.

– Meu celular, você viu? – Perguntei enquanto ele tentava abrir os olhos.

– É esse daqui? – Perguntou tirando meu celular debaixo do seu travesseiro.

– Você escondeu meu celular? – Perguntei incrédula.

– Só assim pra você não ir embora. – Espremeu os olhos – Me desculpa, mas foi necessário.

– Você se supera. – Tentei pegar meu celular, mas ele segurou meu braço.

– Você tem mesmo que ir?

– Eu preciso. – Sentei próximo a ele – Já passam das 14h00min e você precisa cuidar, porque daqui a pouco tem um show pra fazer.

– É verdade. – Tentou levantar – Não quer ir comigo? – Perguntou carinhoso.

– Eu adoraria, mas tenho uns trabalhos em casa me esperando. – Arrumei seu cabelo bagunçado.

– Nós vamos nos ver essa semana? – Perguntou digitando uma mensagem no celular.

– Laura vai passar a semana toda viajando com Douglas. – Sorri beijando seu rosto.

– Isso é ótimo. – Sussurrou sentindo meus carinhos – Posso ir te ver?

– Quando você quiser. – E assim ele selou nossos lábios em um beijo calmo, cheio de carinho e já com um gostinho de saudade.

– Carlos vai te levar em casa, tá?

– Tudo bem. – Sorri pegando minha bolsa.

– Não quer tomar um café comigo?

– Não, eu preciso mesmo ir. – Selei nossos lábios novamente – Você vai se cuidar?

– Vou. – Respondeu me abraçando – Cuida de você pra mim.

– Não se preocupe. – O abracei forte. 

Sai daquele quarto sentindo meu coração apertadinho, essa sensação ruim que sinto sempre que preciso me despedir dele. Carlos, que era um de seus seguranças, gentilmente me esperava no estacionamento, abriu a porta do carro pra mim e seguimos para minha casa. Cheguei ao meu condomínio já se passava das 15h00min, abri a porta e me deparei com Laura dormindo toda sem jeito no sofá.

– Laura? – A chamei com cuidado – Laurinha? Acorda...

– Oi, o que? – Acordou assustada – Ah, você chegou.

– Cheguei agorinha.

– Nossa, eu almocei e acabei dormindo. – Sentou no sofá – Que dor nas minhas costas.

– Você tá bem? – Perguntei tirando minhas sandálias.

– Estou. – Levantou procurando seu celular – E você? Pensei que não voltaria mais.

– Que exagero, Laura. – Segui para a cozinha – Eu estou com fome.

– Tem lasanha no micro-ondas.

Enquanto eu comia a maravilhosa lasanha que Laura fez, ficamos conversando sobre minha noite, sobre sua viagem com Douglas e sobre nossos planos de passar um final de semana na casa de seus pais. Quando eu terminei de comer, tomei um banho, ajudei Laura a organizar suas coisas para a viagem e ainda tive que terminar de editar umas fotos que faltavam para entregar ao Bruno no dia seguinte. Pedimos nosso jantar em um restaurante japonês que tinha aqui perto, jantamos ainda conversando e vi em Laura a ansiedade que ela estava sentindo por essa viagem. Era quase meia noite quando conseguimos terminar tudo, apenas pedi que Laura me acordasse antes dela sair e me recolhi. Tomei um banho, vesti um pijama quentinho e deitei já sentindo meus olhos pesados de sono. E assim mais uma semana se encerrou, com minha alma em paz e meu coração transbordando de felicidade. Durante a noite, tive um sonho muito estranho com minha mãe, ela parecia perdida e eu tentando incansavelmente encontrá-la. Acordei de madrugada um pouco agoniada, mandei uma mensagem para Benjamim perguntando sobre ela e eu esperava ansiosa por uma resposta. Levantei silenciosamente e segui até a cozinha, abri a geladeira, tomei uma água e sentei tentando controlar minha emoção. Senti uma saudade muito grande da minha casa, dos meus pais e de Ben, senti que eles precisavam de mim tanto quanto eu precisava deles. Voltei para o meu quarto, rezei para que eles estejam bem e deitei, na tentativa inútil de conseguir dormir novamente. Virei para um lado, virei para o outro, olhei as horas, já se passavam das 04h00min e nada do meu sono voltar. Pensei em acordar Laura, mas ela tinha que descansar, então pensei em Luan e imediatamente peguei meu celular enviando uma mensagem para ele.

“Ainda tá acordado?”

Esperei cerca de 5 minutos, imaginei que ele já estivesse dormindo, mas logo meu celular apitou com uma mensagem.

“Sim, acabei de chegar em casa... mas o que você tá fazendo acordada há essa hora?”

“Você poderia me ligar?”

Esperei mais um pouco e senti meu celular vibrando com sua foto estampada no visor.

– Luan?

– Por que você ainda tá acordada? – Perguntou carinhoso.

– Não consigo dormir. – Quase sussurrei.

– Tá tudo bem?

– Sim... quer dizer... eu não sei.

– Como assim, meu amor? – Perguntou preocupado – Aconteceu alguma coisa?

– Eu tive um sonho estranho com minha mãe. – Choraminguei – Aí acordei assustada.

– Já tomou uma água?

– Sim.

– E onde você está agora?

– Voltei para o meu quarto. – Senti uma lágrima escorrer sobre meu rosto – Eu não sei o que tá acontecendo, mas estou com medo.

– Ei, fique calma. – Percebeu que eu não estava bem – Eu estou aqui com você, tá bom?

– Tá. – Respondi com a voz embargada.

– Eu sei o quanto é difícil ficar longe da nossa família, eu passo por isso praticamente todos os dias. – Falou carinhoso – Durante 10 anos da minha vida, vivo tentando me adaptar a essa ausência.

– É difícil... – Tentei falar.

– É difícil, mas faz parte da vida de qualquer ser humano. – Respirou fundo – Acho que por esse motivo eu dou tanto valor a minha família.

– Eles são tudo pra mim.

– Por isso você sente tanto a falta deles, é completamente normal. – Sua voz me acalmava profundamente – Eu tenho certeza que não aconteceu nada com a sua mãe, mas tente mandar uma mensagem.

– Eu já mandei uma mensagem para Benjamim. – Senti uma pontada em minha cabeça – Eu só quero saber que realmente ela está bem.

– Deus está cuidando dela pra você.

– Luan...

– Oi, meu bem.

– Desculpa te incomodar com isso? Desculpa te ligar a essa hora.

– Alice, para com isso. – Falou mais sério – Você não me incomoda com absolutamente nada.

– Eu só queria ouvir a voz de alguém pra acalmar meu coração.

– E agora está ouvindo a minha... – Eu conseguia ver o seu sorriso do outro lado da linha.

– Me acalma profundamente. – Sorri lembrando o quanto ele me faz bem – Obrigada, tá?

– Eu queria muito está aí com você agora.

– Eu queria muito que estivesse aqui.

– Enquanto isso eu estarei cuidando de você, mesmo de longe.

– Você é maravilhosamente incrível.

– Não sou nada. – Ouvi sua risada – Quer que eu cante pra você tentar dormir?

– Quero.

E assim eu consegui dormir novamente, ouvindo a melodia mais linda, vinda diretamente do mais intimo do seu coração. Acordei cedo no dia seguinte, mas meus olhos ainda pesavam de sono, sentia meu corpo todo dolorido e uma sensação ruim tomar minha alma. Despedi-me de Laura com o coração doendo, mas não comentei do meu sonho, pois com certeza ela se preocuparia e desistiria de viajar. Enquanto eu tomava café e me preparava para sair, recebi a ligação tão esperada de Benjamim.

– Ben?

– Oi, Lili! – Falou com a voz calma.

– Tá tudo bem por aí?

– A mamãe está um pouco doente.

– Doente? O que aconteceu, Benjamim? – Perguntei seguindo para o meu quarto.

– Não sei ainda, ninguém sabe. – Parecia triste – Ela não consegue se alimentar direito.

– E vocês não a levaram no médico?

– Levamos, ela fez alguns exames e estamos esperando o resultado.

– O que mais?

– Tem dois dias que ela sente uma febre muito alta e só chama por você.

– Eu sabia. – Sentei na cama – Ontem eu sonhei com ela.

– Eu acho que ela tá sentindo sua falta.

– Eu vou pra casa. – Falei decidida – Eu vou falar com o pessoal da agência e vou pra casa.

– Você tá louca, Alice? – Perguntou quase gritando – Você não pode se prejudicar no seu trabalho.

– Benjamim, eu preciso ver minha mãe. – Enxuguei minhas lágrimas – Eu vou falar com meu chefe, vou conversar com ele.

– Tudo bem... – Tentou falar – Venha com calma, tá?

– Tá. – Silenciei por alguns segundos – Cuida dela.

– Nós estamos cuidando.

Desliguei o celular e senti meu coração doer só de saber que minha mãe estava doente, que estava sentindo dor, que precisava de mim. Disquei imediatamente o número de Bruno, expliquei a ele o que estava acontecendo e ele me liberou para que eu pudesse ver minha mãe. Peguei minha mala, coloquei apenas o necessário, liguei para uma agência de viagem e comprei minha passagem para as 2horas da tarde. Nada importava naquele momento, se eu tivesse que largar mão do meu sonho, se eu tivesse que dar um tempo em toda essa loucura que minha vida estava se tornando, tudo o que importava naquele momento era estar perto da minha família.

– Maria? Preciso falar com você. – A chamei.

– Diga.

– Eu não vou precisar de você essa semana. – Fale quando ela entrou no meu quarto.

– Não? Mas aconteceu alguma coisa?

– Eu estou indo pra casa dos meus pais. – Tentei explicar – Mas na próxima semana você volta.

– Tudo bem. – Falou confusa.

– Tá aqui o seu pagamento dessa semana.

– Que é isso, Alice. – Negou – Se eu não vou trabalhar essa semana.

– Eu sei que você conta com esse dinheiro. – Coloquei em sua mão – É como se você tivesse trabalhado normalmente.

– Tudo bem...

– Vou sentir sua falta. – A abracei – Fique bem, tá?

– Eu também vou sentir a sua falta.

– Você pode ir assim que organizar a cozinha.

– Certo, quer ajuda?

– Não precisa. – Sorri agradecida.

Continuei arrumando minhas coisas, liguei para Sthé e expliquei algumas coisas que deveriam ser feitas. Avisei que no caminho para o aeroporto, passaria por lá e deixaria com ela o material que deve ser entregue ao Bruno. Pensei em ligar para Luan, mas preferi não incomodá-lo com mais esse problema meu, tentaria falar com ele assim que chegasse. Logo Maria foi embora me deixando completamente sozinha, senti uma sensação muito ruim, uma vontade tremenda de chorar e tentei entender o que Deus queria com tudo aquilo. Fiz um macarrão rápido para o almoço, peguei minha mala e pedi um táxi para me levar até o aeroporto. Era hora de voltar pra casa, mesmo que por pouco tempo, mas eu estava pronta para mais surpresas que me esperavam. Cheguei ao aeroporto quase uma hora depois, fiz check-in e segui para a sala de embarque. Rezei um pai nosso e pedi que Deus me protegesse, pedi que Ele continuasse ao meu lado, que fosse minha força e segurança. 

4 comentários:

  1. Aaaah 😢😭 tô muito abalada com esse capítulo 💔

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  2. Tomara que a mae de alice fique bem,q n seja nada grave.
    Gaby

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  3. Cheguei! E esse cap? Espero que de tudo certo. Tadinha da Alice. Luan é um anjo. Amando esse casal!😍
    Faltam só se assumir e Luan com ciúmes? Coisa mais linda!❤

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