terça-feira, 4 de setembro de 2018

(Capítulo 85 – Campo Grande)


Acordei no dia seguinte me sentindo bem mais disposta, isso era bom, pois logo após o almoço nós partiríamos para a nossa viagem. Tentei não pensar no sonho da noite anterior, esse era um daqueles sonhos que você acorda e só quer esquecer tudo o que aconteceu nele. Luan me ajudou em não tocar no assunto, ele me conhecia, me entendia, sabia que aquilo não me faria bem. Decidimos ir almoçar na casa dos pais de Luan, de lá nós sairíamos todos juntos para o aeroporto. Antes passamos na clinica de Paula, pois eu precisava fazer alguns exames simples e assim receber a autorização para a viagem. Tudo estava maravilhosamente bem, Luisa estava tranquila, minha pressão estava boa, mas isso não impediu que minha médica me enchesse de recomendações.

Era quase 16h00 quando chegamos ao sitio do tio de Luan, tudo estava sendo preparado com muito capricho para comemorar mais um ano de vida daquele homem tão especial. A família chegava aos poucos, tanto porque os parabéns seriam apenas amanhã e a festa seguiria até o domingo a noite. Seria um final de semana muito divertido, eu estava animada, não sentia nenhum incomodo, nem enjoos. Ocupamos um dos tantos quartos daquele lugar enorme, Luan preferiu um dos de baixo, garantindo que eu não ficaria subindo e descendo escadas a todo o momento. 

— Você está linda com esse barrigão, Alice! — uma das tias de Luan me abraçou carinhosamente — E essa bebê que só cresce?

— Ela está enorme mesmo. — sorri acariciando minha barriga.

— Você está com quantas semanas? — Amanda perguntou — Oi, princesinha da prima! — ela fez carinho chamando Luisa.

— Estou com 33 semanas.

— 8 meses, né? — concordei com a cabeça.

— Falta pouco pra ela chegar, que benção! — Jéssica completou.

— O que vocês querem com a minha netinha, hein? — Dona Mari se aproximou.

— Ih, Mari toda babona. — sua cunhada brincou.

Ficamos todas conversando por alguns longos minutos na varanda, falando de quando as tias de Luan estavam grávidas, enquanto Jéssica dizia que queria logo ter um bebê pra ela. Luisa acabou ganhando alguns presentinhos de suas tias e primas, presentes que me deixavam sempre muito feliz. Eu estava me sentindo um pouco cansada, meus pés estavam inchados, minhas costas doíam e meus olhos pesavam de sono. Resultados de uma viagem, contanto com minha animação, fazendo com que eu não parasse depois que chegamos. Eu não queria sair de onde estávamos, nossa conversa estava boa e elas eram extremamente animadas. Mas claro que só precisou de um olhar meu para que Luan entendesse que eu precisava descansar. Ele estava tomando tereré com seus primos e tios, mas levantou falando algo com eles, deixou o tereré lá e seguiu até mim.

— Vocês me deem licença, mas essas moças aqui precisam descansar. — Ele falou me estendendo a mão.

Dei um “tchau” animado para elas, mesmo querendo continuar lá, mas meu cansaço falava mais alto. Seguimos conversando até o quanto, ele comentava que meus pés estavam mais inchados do que o normal e que eu precisaria ligar para Paula. E foi exatamente a primeira coisa que eu fiz assim que entramos no quarto, liguei para o meu anjo em forma de médica. Ela me disse que era normal por conta do voo, principalmente porque eu não sosseguei depois que chegamos e que eu precisava descansar agora. Pediu pela milésima vez que eu tomasse bastante água, pediu também que eu me banhasse com água morna, porque assim eu relaxaria mais rapidamente.

— Tem certeza que você não quer ficar lá com sua família? — perguntei a Luan enquanto ele preparava a banheira com água morna.

— Vocês duas são a minha família. — ele respondeu me olhando.

— Prefere mesmo ficar aqui com essa gravidinha inchada? — sorri me aproximando — Eu não tenho muito a lhe oferecer essa noite.

— Você tem o seu amor. — ele respondeu com seu rosto bem próximo ao meu — E isso basta pra mim. — sussurrou me beijando logo em seguida.

— Eu te amo tanto, sabia? — falei quando encerramos o beijo.

— E eu te amo ainda mais!

Depois da nossa banheira prontinha com água morna e pétalas de rosas, tomamos banho juntos, enquanto maravilhosamente meu marido fazia uma massagem nos meus pés. Eu acredito que nada nesse mundo, pode proporcionar uma sensação melhor, do que você abrir seus olhos e enxergar o homem da sua vida bem na sua frente. Ele está lá, te cuidando, lutando por sua proteção com tanta dedicação e amor.

— Esses dias eu estava me lembrando de quando nos conhecemos na casa de shows do Rafa. — falei enquanto eu arrumava a cama para que pudéssemos nos deitar.

— Naquele dia eu estava querendo curtir, mas aí você veio e fez com que eu me apaixonasse. — falou sincero — Eu não esperava encontrar a mulher da minha vida em um sábado como qualquer outro.

 — Você se apaixonou mesmo por mim naquela noite? — o olhei.

— Eu me apaixonei por você no mesmo instante em que eu te vi chegando com a Laura. — se aproximou — E desde então eu não consegui mais tirar você da minha cabeça, nem muito menos do meu coração.

— Quanto romantismo. — o beijei — Eu sou muito apaixonada por você, desde sempre. 

— Então você vai tomar uma sopinha gostosa que minha mãe vai fazer agora? — me olhou sapeca.

— Sopa, amor? — fiz careta só de imaginar.

— Sopa sim, você ama a sopa da minha mãe. — me deu um beijo carinhoso — Eu já volto.

— Traz umas torradinhas, tá bom?

Enquanto Luan buscava nosso jantar, eu fiquei deitada, tentando descansar e conversando com minha pequena. Eu fazia carinho em minha barriga, fiquei me lembrando de tudo o que aconteceu durante um ano na minha vida. Meu trabalho, meu casamento, minha gravidez, tudo parecia uma grande loucura, mas era apenas a minha mais linda realidade. Em um ano aconteceram coisas que para muitas pessoas pode demorar uns cinco ou seis anos, para alguns até mais. Realmente, quando as coisas estão certas para acontecer, não tem tempo que espere. Nesse momento eu me sinto extremamente feliz, me sinto completa, como eu nunca me senti antes. Tenho meu trabalho, um marido incrível, estou prestes a ter minha maior riqueza nos braços, tenho duas famílias que me amam profundamente. Eu seria egoísta de pedir qualquer coisa a Deus, Ele foi generoso demais comigo, de uma maneira que não tem nem explicação.

Não demorou muito para que Luan voltasse, trouxe nossa sopa maravilhosa, feita especialmente por minha sogra. Trouxe uma cesta enorme com muitas torradas maravilhosas, me fazendo comemorar e o agradecer com muitos beijos. Ele explicou para sua família que jantaríamos no quarto por conta do meu cansaço, claro que todos entenderam. Eu não me lembro de muita coisa depois do jantar, apenas de Luan conversando sobre seu novo projeto, mas aí eu já estava quase no meu segundo sono.

Acordei no dia seguinte bem melhor, meus pés estavam desinchados, minhas costas não doíam mais e minha filha reclamava de fome. Luan não estava no quarto, então tomei um banho rápido, coloquei uma roupa mais fresca e sai a sua procura. Encontrei apenas minha sogra na cozinha, acompanhada de duas tias de Luan, elas preparavam coisas gostosas para o almoço.

— Bom dia, Alice! — Dona Mari me olhou sorrindo.

— Bom dia! — cumprimentei todas — Luan saiu?

— Saiu sim, foi comprar umas carnes para o churrasco. — respondeu cortando algumas verduras — Venha comer, tem um café maravilhoso aqui pra vocês.

— Você está melhor? — uma das tias de Luan perguntou carinhosa.

— Estou sim. — respondi enquanto comia — Ontem me senti mais cansada por conta da viagem, fora que eu não sosseguei depois que cheguei.

— E Luan todo cuidado. — Ela me olhou sorriu.

— Ele está se mostrando um marido maravilhoso. — dona Mari falou orgulhosa — Não é mesmo, Alice?

— Demais! — a olhei — Ele é cuidado, compreensivo, extremamente paciente e muito amoroso.

— Não tem do que reclamar, hein?

— De jeito nenhum! — sorri.

Continuamos conversando por um bom tempo, aos poucos as meninas foram acordando, pois elas passaram quase a noite inteira acordadas. Elas sentaram comigo, tomaram café, enquanto eu explicava sobre como eu queria que acontecesse o parto de Luisa. Todas eram curiosas, perguntavam de tudo, mas eu não me importava e contava a elas tudo o que eu sentia com a minha gravidez.

— Você enjoou muito? — Jéssica perguntou curiosa.

— Eu enjoei mais nos primeiros meses, mas valeu por todos os meses.

— E depois foi passando conforme ela foi crescendo? — Amanda perguntou.

— Quando eu cheguei aos quatro, cinco meses, eu sentia bem menos enjoos.

— E em relação ao sexo, tudo normal? — Jéssica agora perguntou mais discretamente.

— Tudo normal, inclusive eu sentia até mais vontade. — Confessei rindo.

— Sentia? — Bruna perguntou me olhando.

— Até a lua de mel foi muito tranquilo e conseguimos aproveitar bastante, mas depois que eu entrei no oitavo mês, me sinto um pouco mais desconfortável. — a olhei — Luan mesmo se sente desconfortável, porque ele tem medo de machucar Luisa. — começamos a rir.

— Nossa, mas tem algum perigo?

— Minha médica diz que é até bom a gente ter relação nessas ultimas semanas de gestação, porque facilita na hora do parto, sabe? — elas concordaram — No oitavo mês ainda é bom, mas me sinto insegura.

— E ele tem que ter todo cuidado do mundo, né? — Jéssica perguntou.

— Sim, demais! — a olhei — Mas existem casais que continuam com as relações sexuais até mesmo dias antes de o bebê nascer, vocês acreditam?

— Nossa, imagina se machuca o bebê? — Bruna se apavorou.

— Paula me contou sobre a história de uma paciente que teve relações um dia antes do bebê dela nascer. — olhei todas as meninas que se mostravam extremamente curiosas — Na hora o pai sentiu a cabecinha da criança, gente.

— PORQUE ESTAVA ENCAIXADA! — Amanda gritou no fazendo entrar em uma crise de riso.

— O que estava encaixada? — minha sogra perguntou se assustando com os gritos de Amanda.

— O bebê de uma amiga da Alice, que no oitavo mês já estava encaixada. — Bruna respondeu rindo.

O sol estava quente, acabamos decidindo então ir pra piscina e continuar nossa conversa lá. Eu coloquei um biquine que comprei na loja de Laura, ele era confortável, comportado e extramente lindo.  Eu preferi não entrar logo na piscina, fiquei sentada na borda, enquanto as meninas falavam de quando Luan começou sua carreira. Não demorou muito para que os homens chegassem, todos carregados de muita carne, bebidas e conversas que só eles entendiam. Assim que ele me viu, abriu um sorriso lindo, fazendo meu coração se encher de um amor que só ele tinha o poder de me proporcionar.

— Olha só quem está aqui tomando um banho de piscina. — se abaixou para me beijar — Acordou melhor?

— Acordei sim! — o olhei com amor — Apesar de não ter meu marido ao meu lado na cama, né?

— Eu fiquei com dó de te acordar. — me beijou novamente.

— Entra comigo na piscina? — pedi.

— Entro, vou só deixar as coisas lá com o pessoal e volto pra gente tomar um banho. — me deu um ultimo beijo.

Passamos o resto da manhã inteira na piscina, mas de vez em quando Luan voltava para a churrasqueira. Prepararam um churrasco maravilhoso, ainda provei um pedacinho de carne, mas preferi ficar no meu almoço saudável. Durante toda a tarde eu aproveitei para descansar, eu sabia que seria uma noite longa, daquelas que não tem horário pra acabar. Já era noite quando eu acordei, percebi que Luan estava no banho, enquanto eu tentava digerir o que estava acontecendo depois de uma maravilhosa tarde de sono.

— Acordou a bela adormecida. — Luan me olhou ao sair do banheiro.

— Vem cá, benzinho. — o chamei carinhosamente — Sente aqui a sua filha toda animada. — coloquei sua mão na minha barriga.

— Coisa mais linda do pai. — sorriu encantado — ela não para.

— Ela é uma sapeca, igual você.

— Será que ela vai querer cantar? — ele perguntou animado.

— Não sei, mas eu tenho certeza que ela será muito apaixonada por você.

— Se ela quiser cantar, vamos dar todo apoio. — ele beijou minha barriga.

— Vamos sim.

Luisa estava animadíssima, não parava de chutar, certamente queria bater um papo com seus pais que a amavam tanto. Ficamos os três curtindo aquele momento, Luan gargalhava toda vez que ela chutava ao ouvir sua voz, fazendo minha alegria triplicar. Enquanto meu marido terminava de se arrumar, eu tomei um banho demorado, coloquei um macacão confortável e lindo, fiz uma maquiagem leve, deixei meu cabelo solto e seguimos para onde todos estavam. A festa estava linda, todo mundo muito animado, alguns animados até demais, nos fazendo rir das bobagens deles. Outros amigos acabaram aparecendo para os parabéns, outros apenas deram uma passada rápida.

Todos os tios de Luan estavam presentes, primos, amigos da família, pessoas que eram extremamente importantes na vida dele. Era nítida a sua felicidade, ele estava no lugar que mais amava, ao redor daqueles que estiveram com ele desde sempre. Sinto uma felicidade imensa em saber que hoje eu faço parte dessa família, da história dele, de seu presente e futuro. Eu sou muito grata por tudo, principalmente por ele ter me escolhido, por ter me permitido entrar na sua vida e fazer morada nela. Eles me olhavam com amor, com admiração e respeito.

O momento dos parabéns foi emocionante, Luan fez uma homenagem linda ao seu tio, cantando uma de suas músicas favoritas. Eles cantaram juntos, quando logo todos os outros irmãos e sobrinhos estavam lá, cantando com uma alegria que era contagiante. E assim a festa deu continuidade, depois de palavras de agradecimento do aniversariante, eles aproveitaram aquela noite que estava apenas começando. Luan prometeu que não beberia muito, mas eu não o impedi de aproveitar, queria que ele se divertisse com sua família.  

Já passava das 2h00 quando meu corpo pediu uma pausa, eu estava me sentindo um pouco cansada, mas queria continuar aproveitando a festa. Sentei em uma mesa na companhia de minha cunhada, ela estava um pouco bêbada, enquanto inutilmente se controlava pra não mandar mensagem para seu ex-namorado.

— Manda logo essa mensagem. — a olhei.

— Você acha que eu devo mandar? — perguntou olhando para o celular — E se eu me arrepender amanhã, cunhada?

— Então não manda. — dei de ombros.

— Mas eu quero mandar...

— Quer mandar o que? — Luan apareceu com um copo de bebida na mão.

— Nada. — ela respondeu me fazendo rir.

— Vem dançar comigo? — ele me estendeu a mão.

— Você tá bêbado? — perguntei o olhando.

— Eu não. — ele respondeu rindo.

— Então vamos. — me dei por vencida.

Começamos a dançar coladinhos, obviamente que eu estava descalça, pois não aguentava mais a sandália que estava machucando meus pezinhos de grávida. Dançamos duas músicas, uma delas foi “pergunta boa”, a música que tinha uma grande importância no nosso relacionamento.

 — Você com esse cabelo preto sorriso sem jeito. — ele começou a cantarolar — Foi chegando perto, chegou perto demais. — cheirou meu pescoço.

— Amor... — segurei seu rosto com as duas mãos — Vamos pro nosso quarto?

— O que você quer? — ele me olhou intensamente.

— Eu quero fazer amor com você. — sussurrei em seu ouvido.

Não era preciso que disséssemos mais nenhuma palavra, nossos olhares eram suficientes para que o outro compreendesse tudo o que sentíamos naquele momento. Eu o amava tanto, amava seu cheiro, amava seu corpo, sua maneira como ele me cuidava e me respeitava. Era eu, ele, nosso quarto e uma noite que prometia muito amor.

2 comentários:

  1. Que saudade que su estava do meu casalllll. Miga bruna define a indecisao de qnd mandar ou n mensagem haha.e esse amor do meu casal, Luisa a todo vapor ja pertinho de nascer, eu n tenho estrutura nenhuma pra esses doisss.
    Continue assim que der Paty mas n se esqueça tudo no seu tempo meu bem.
    Gabi

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    1. Saudade, Gabizinha! Já continue, espero que esteja gostando dos últimos capítulos dessa história linda! <3

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