segunda-feira, 3 de setembro de 2018

(Capítulo 84 – Sonho)


Semanas depois...

Algumas semanas se passaram desde o dia mais lindo e especial de nossas vidas, aquele em que nos unimos para sempre. Eu estava com 33 semanas, 08 meses de gestação e minha Luisa só crescia mais e mais a cada dia. Nós nos mudamos para a nossa casa logo depois da lua de mel, que inclusive foi linda e extremamente inesquecível. Durante esse mês muitas coisas aconteceram, inclusive uma reuniãozinha aqui em casa para receber nossa família. Meus pais vieram, os pais de Luan, nossos irmãos e alguns amigos íntimos.  Aproveitamos o dia para convidar Laura e Douglas para serem os padrinhos de Luisa, com toda certeza do mundo, não poderíamos escolher pessoas melhores para serem reflexo do amor para nossa filha. Obviamente que eles aceitaram, ficaram muito emocionados e felizes com o convite de serem os segundos pais de nossa filhinha. Ainda me lembro de Luan brincando com Douglas, dizendo que agora o trabalho não seria unicamente dele. Ah, ainda falando em Laura e Douglas, eles estavam noivos, noivaram logo após o nosso casamento. Todos estavam imensamente felizes por eles, eu sempre soube que Douglas era a pessoa certa para a minha prima.

Era uma noite de quinta-feira comum, eu estava em casa preparando um lanche, enquanto meu marido tomava seu banho depois do futebol. Ele passaria aquele final de semana comigo, coisa que me fez agradecer imensamente a Deus, porque tudo o que eu precisava era dele ao meu lado naquelas ultimas semanas de gestação. Eu estava me sentindo cansada, pesada, minhas costas doíam e meus pés não paravam de inchar. Em alguns dias eu me sentia extremamente disposta, mas em outros eu acordava sem coragem até para abrir os olhos.

— Amor? — Luan me chamou descendo as escadas.

— Estou aqui na cozinha!

— Tá fazendo o que? — ele perguntou me abraçando por trás.

— Sanduíche de peito de peru. — falei fechando meu sanduíche — Você quer? 

— Uhum... — respondeu beijando meu pescoço — Amanhã vai ser aniversário de um dos meus tios, irmão do meu pai. — começou a falar — Vai acontecer um churrasco lá no sítio dele, em Campo Grande.

— E você quer ir? — O olhei.

— Seria legal de a gente ir. — eu sabia que ele queria muito comemorar o aniversário de seu tio — Mas aí não sei se você pode ir.

— Eu posso falar com a Paula pra saber o que ela me diz. — falei carinhosa — Quem sabe ela não me deixa ir?

— Será? — me olhou preocupado — Só se for realmente seguro, porque eu não quero que você se sinta mal durante a viagem.

— Tudo bem, falo com ela ainda hoje.

Enquanto eu terminava de preparar nossos sanduíches, Luan não parava de tagarelar um minuto sequer. Falava que todos estariam em Campo Grande nesse final de semana, que seria maravilhoso reunir a família toda e comemorar o aniversário de seu tio tão amado. Com toda certeza do mundo, seria uma decepção pra ele caso Paula não me permitisse ir nessa viagem.

— Vai todo mundo mesmo? — perguntei quando estávamos sentados comendo nossos lanches.

— Eu acredito que sim, amor... — respondeu de boca cheia.

— Que é isso, Luisa? — reclamei sentindo minha filha chutar forte minha barriga.

— O que foi? — Luan me olhou preocupado.

— Luisa que não para quieta. — fechei meus olhos.

— Será que ela está incomodada? — ele se aproximou fazendo carinho em minha barriga.

— Acho que sim... — respirei fundo — Paula disse que o espaço agora está pequeno pra ela.

Terminamos de comer, enquanto carinhosamente Luan coversava com nossa menininha e pedia que ela não maltratasse de mim. Tudo o que eu mais queria era que Luisa chegasse logo, queria sentir minha princesa, pegar, cheirar e olhar aqueles olhinhos, que eu torcia para que puxasse os de seu pai. Subi para o quarto, eu precisava descansar, mas Luan continuou na sala, tomando seu tereré e assistindo a uma série que ele amava. Aproveitei para ligar logo para Paula, eu precisava de uma resposta e torcia para que ela fosse positiva.

— E então, Paula? — perguntei depois de contar a ela sobre nossa viagem — Você acha que eu posso ir?

— Alice, não é o mais recomendável nessa altura do campeonato. — ela falou me deixando com o coração na mão — Mas se você me prometer que não vai exagerar.

— Eu prometo! — respondi rápido.

— Tem certeza, né? — ela insistiu — Beba bastante água, bastante.

— Não se preocupe. — respondi sorrindo — Vai ser super tranquilo, eu vou ficar quietinha.

— Então, tudo bem! — ela se deu por satisfeita — Quero que me ligue se sentir nem que seja uma respiração diferente, ok?

— Vou ligar de dez em dez minuto. 

— Não exagera, porque eu preciso trabalhar. — falou rindo.

E depois de conversar com Paula por alguns minutos, tomei um banho demorado, aproveitando para hidratar meus cabelos. Cantei, conversei com Luisa e me lembrei de que eu ainda precisava preparar minha mala para a viagem do dia seguinte. Assim que sai do banheiro, coloquei uma camisola confortável, dei uma olhada em algumas roupas e as dobrei colocando todas na cama.

— Vida? — chamei por Luan que ainda assistia — Você pode subir aqui?

— O que foi? — perguntou me olhando assim que chegou ao nosso quarto.

— Pega minha mala que está na parte de cima do closet? — pedi — Tenho que arrumar logo.

— Arrumar? — me olhou surpreso — Você ligou pra Paula?

— Liguei! — respondi sorrindo — Ela me liberou, com a condição de que eu não exagere na viagem, que eu beba bastante água e ligue pra ela o tempo inteiro.

— Isso é ótimo! — comemorou me beijando — Eu te amo, sabia?

— Eu também te amo! — o beijei com amor — Agora você pode tirar minha mala?

— Vou avisar ao pessoal que nós vamos. — falou todo animado — A preta? — perguntou em relação a minha mala.

— Não, eu quero a vermelha. — pedi — Seus pais vão?

— Sim, eles e Bruna. — colocou a mala no chão — E agora nós três. — sorriu.

— Luisa está animada. — falei sentindo minha menina chutar.

— Que cheiro delicioso. — falou cheirando meu pescoço — Deveria ter me convidado pro banho.

— Você tomou banho tem pouquíssimo tempo. — falei enquanto sentia seus carinhos.

— Eu não me importaria de tomar outro. — beijou meu pescoço e colo.

— Vida, eu preciso arrumar minha mala... — supliquei. 

— A gente arruma depois. — ignorou completamente tudo o que eu dizia.

Claro que eu me entregaria a ele naquele momento, mas eu também gostaria muito de organizar minha mala, pois sabia que depois tudo seria uma correria. Enquanto Luan me conduzia até a cama, senti que o clima estava esquentando, mas fomos interrompidos com a campainha da nossa casa tocando insistentemente. Luan reclamou de atrapalharem nosso momento, mas desceu para abrir a porta, mesmo acompanhado de uma carinha emburrada. Abri minha mala, comecei a colocar o que eu precisaria para usar nesse final de semana, tentaria levar o mínimo que eu conseguisse.

— Oi, prima! — Laura chegou batendo na porta do quarto.

— Oi, então são vocês! — a olhei rindo — Tudo bem? — perguntei quando ela se aproximou me dando um beijo no rosto.

— Tudo ótimo! — sorriu se jogando na minha cama — O que você está fazendo?

— Vamos para Campo Grande. — respondi dobrando algumas roupas — Amanhã é aniversário de um dos tios de Luan.

— E você ainda pode viajar? — perguntou preocupada.

— Paula me autorizou. — sorri.

 — E vão passar quantos dias lá?

— Só o final de semana. — a olhei — Na segunda estamos de volta.

— Cuida da minha afilhada, hein? — sentou me ajudando a dobrar as roupas — Não vai fazer nada de muito exagerado.

— Paula disse a mesma coisa, vou precisar ligar pra ela os dias em que eu estiver lá.

— Você não vai acreditar. — ela pareceu se lembrar de algo e começou a rir.

— O que foi?

— Quando estávamos a caminho daqui, Douglas passou na sorveteria. — não se aguentou de tanto rir — E aí comprou sorvete pra você.

— É sério? — comecei a rir.

— Porque ele disse que você está carregando a afilhadinha dele, que ela não pode ficar com vontade de sorvete.

— Que padrinho maravilhoso, meu Deus!

— Eu não quero nem imaginar quando essa menina nascer, o tanto que ela vai ser mimada por esses dois homens.

— O pai e o padrinho mais babões de todos os tempos.

— Vocês pretendem ter mais filhos? — ela me olhou curiosa.

— Eu não sei, acho que só vou conseguir pensar nisso quando Luisa nascer. — respondi sincera — Mas se depender de Luan, nós teremos mais uns cinco filhos.

— Ele é louco por criança, né?

— Demais!

— E ele ainda consegue te superar. — sorriu.

— E vocês? — sentei a olhando — Pretendem ter filhos só depois do casamento?

— Sim, tanto porque eu quero muito ter gêmeos.

— Você e esse seu desejo de ter gêmeos, sempre foi seu sonho.

— E Douglas também quer muito ter gêmeos. — se animou — Não custa nada tentar, né? 

Enquanto conversávamos sobre casamento, filhos, viagens e outras coisas importantes para nós duas, Laura me ajudava a terminar minha mala. Aproveitei para arrumar a mala de Luan, porque eu sabia que se eu deixasse pra ele arrumar, esqueceria mil coisas e ficaria reclamando quando estivesse em Campo Grande. Assim que terminamos de organizar tudo, descemos para ficar com os meninos, que conversavam sobre tantos outros assuntos, mas o principal deles era Luisa. Douglas me trouxe um pote de 2L de sorvete, obviamente que ele estava querendo agradar sua afilhada que eu carregava, mas eu o amava mesmo assim.

Ficamos os quatro conversando por quase três horas, os quatro não, os cinco, porque Luisa participou o tempo inteiro do nosso papo. Ela chutava, me fazia enjoar, chutava de novo e encantava os padrinhos babões que só sabiam se apaixonar ainda mais por nossa princesa. Era quase meia noite quando eles se foram, se despediram da gente e disseram que voltariam na segunda, quando estivéssemos de volta. Eu estava me sentindo cansada, acabei tomando outro banho com Luan, eu precisava relaxar para estar disposta no dia seguinte.

Era madrugada quando eu mergulhei em um sonho com Vicente, coisa que hoje em dia, raramente acontecia. Eu estava com Luisa no colo, sentada, me balançando e ninando a minha filha. Luan estava de pé ao lado da minha cadeira de balanço, nos olhando, enquanto sorria encantado ao ver nós duas tão serenas. Vicente apareceu sorrindo, aquele mesmo sorriso largo que eu tanto amava e que tanto me fazia bem. Ele nos olhou com tanto amor, principalmente para Luisa, que sorriu ao perceber a presença de Vicente. Continuamos todos calados, acredito que nem era necessárias muitas palavras, eu estava me sentindo completa naquele momento. Senti uma paz me invadir, mas ao mesmo tempo um aperto no peito quando Vicente tirou Luisa de meus braços e a entregou para Luan. Não entendi sua atitude, eu queria que ela continuasse ali comigo, mas ele não me permitiu mais tocá-la. Ele me estendeu a mão para que eu levantasse, olhei para Luan e ele continuava admirando nossa Luisa, que agora dormia tranquila em seus braços.

— Está na hora. — Vicente falou pela primeira vez.

— Na hora de que? — o olhei confusa.

— De sermos felizes pra sempre. — sorriu.

— Mas e Luisa? — olhei para a minha filha — Eu não posso deixá-la. — me desesperei — Não posso deixar Luan, eu não posso.

Acabei sentindo um peso no meu corpo, uma dor de cabeça, quando acordei atordoada e repetindo o tempo inteiro: “Eu não posso”. Até que Luan acordou ao ouvir meus gritos. 

— Alice? — me olhou preocupado — Calma, se calma!

— Eu não posso... — tentei falar — Não posso deixar vocês, eu não posso.

— Amor, calma! — se levantou pegando um copo com água — Toma essa água, vai.

— Filha, eu te amo! — falei acariciando minha barriga — Eu amo tanto vocês! — agora o olhei com lágrimas nos olhos.

— Tá tudo bem, vida! — me abraçou tentando me acalmar — Foi só um pesadelo, estamos todos bem!

Passamos quase o restante da noite inteira acordados, Luan o tempo inteiro tentava me passar tranquilidade, ele era minha calmaria. Confesso que só sosseguei quando senti Luisa me chutar, fazendo Luan cantar pra gente, nos passando todo amor que existia dentro dele. Estava quase amanhecendo quando eu consegui dormir, não voltei a sonhar com Vicente, apenas relaxei. Eu estava segura, nada aconteceria comigo, assim como não aconteceria com minha filha e com Luan.

4 comentários:

  1. Ela não vai morrer né?? FALA Q NÃO POOOR FAVOOOR!!

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    1. Acompanhe os próximos capítulos, meu amor! Hahahahaha, mas fica calma! Daqui a pouco eu posto o 85, ok? Fica de olho!

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  2. Se ela morrer eu vou ficar muito triste!!

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    1. Ficaríamos todas, né? Fica de olho nos próximos capítulos, teremos um desfecho lindo dessa história! <3

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