segunda-feira, 19 de março de 2018

(Capítulo 81 – Quer casa comigo?)


Chegamos ao escritório de Maria Clara quase no final da tarde, ela preferiu nesse horário, pois era quando o escritório estaria mais calmo. Ela nos recebeu maravilhosamente bem, nos fez centenas de perguntas sobre o casamento, festa, decorações e todo o resto. Maria Clara tinha tudo nas mãos, em um dia ela fez muitas ligações para os fornecedores e nos entregou uma lista de coisas para que pudéssemos escolher. Eu a admirava por sua agilidade e profissionalismo, ela precisava de muito pouco para organizar um casamento inteiro, talvez por isso ela embarcou na nossa loucura. Ela nos encaminhou para um ateliê onde encontraríamos um profissional pronto para nos auxiliar no meu vestido de noiva, assim como no terno de Luan. Tudo parecia um grande sonho, Luan estava tão animado quanto eu, escolhia tudo como sempre quis. Eu acho que não teria mais como fugir da nossa realidade, nascemos mesmo um para o outro. Durante nossas ideias trocadas, acabei contando a Maria Clara que estávamos grávidos e é claro que ela quase enlouqueceu com a notícia. Ela nos parabenizou, comemorou quando eu disse que era uma menina, pensou em várias coisas em relação a minha gravidez e a festa.

– Então agora o vestido precisa ser de grávida. – Ela sorriu.

– Sim, eu estarei com sete meses.

– Eu acho noiva grávida um luxo. – Confessou nos fazendo rir.

– Você acredita que sempre foi meu sonho casar grávida?

– Eu posso imaginar. – Me olhou encantada – Será o casamento mais lindo.

– Nós confiamos em você.

Luan amou o profissionalismo de Maria Clara, passou o caminho inteiro de volta pra casa falando no quanto ela era ágil. Fora que ela era alguém de extrema confiança, alguém que poderíamos contar em todos os momentos desses quatro meses de espera pelo nosso dia. Do escritório de nossa amiga, nós seguimos para o meu apartamento, eu precisava descansar o restinho daquela quarta-feira maravilhosa.

– Amor? – O chamei quando ainda estávamos dentro do carro.

– Oi, meu bem!

– Estou com vontade de tomar sorvete. 

– De floresta negra?

– Não, de menta com chocolate. – Falei com água na boca.

– Pelo menos não é de algo impossível de se achar. – Soltou uma risada.

– Podemos parar numa sorveteria? – Pedi suplicante.

– Podemos, acho que tem uma logo lá na frente.

Depois de comprar meu tão desejado sorvete, nós seguimos para o meu apartamento, enquanto eu me afogava naquela maravilha sabor de menta com chocolate. Eu estava me sentindo um pouco cansada, aquele tinha sido um longo dia, mas ao mesmo tempo eu me sentia a pessoa mais feliz desse mundo.

– Eu ainda não acredito que é uma menina. – Falei assim que entramos no meu apartamento.

– Você estava sentindo, sempre souber que seria uma menina.

– Sim, eu sempre senti. – O olhei por alguns segundos – Mesmo sabendo que eu ficaria feliz com qualquer que fosse o resultado.

– Podemos tentar o menino assim que a Luisa nascer. – Ele me puxou para que eu sentasse em seu colo.

– Você tá louco? – Perguntei incrédula.

– Não seria bom? – Perguntou cheirando meu pescoço – Imagina só, um casalzinho com quase a mesma idade.

– Me senti exausta só de pensar. – Relaxei com meu corpo no dele.

– Então vai começando a se acostumar com a ideia, porque eu quero ter muitos filhos. – E só aí me lembrei de que Vicente sempre dizia a mesma coisa – O que foi? – Perguntou enquanto eu o olhava pensativa.

– O que? – Perguntei quando ele me chamou atenção.

– Tá tudo bem?

– Tá, amor... – Respirei fundo seguindo para a cozinha.

– Tem certeza? – Ele seguiu atrás de mim.

– Você quer comer alguma coisa? – Perguntei mudando completamente de assunto.

Fomos interrompidos por seu celular tocando, era sua mãe, ele atendeu sem tirar os olhos de mim, mas logo seguiu para a sala novamente. Respirei fundo, eu não queria ter que comentar dos meus pensamentos com ele, não nesse momento. Eu estava faminta, então aproveitei para fazer um lanche bem delicioso pra gente, enquanto ele continuava conversando com sua mão. Depois de longos minutos ao telefone, ele voltou para a cozinha e comeu tudo comigo, mesmo eu sendo a mais “esfomeada”.

– Você vai dormir aqui? – Perguntei sentindo um sono incomum me consumir.

– Não, amor. – Respondeu terminando de comer – Amanhã tenho uns compromissos lá no estúdio.

– Mas você não está de férias?

– Estou, mas não custa nada ir lá resolver uns assuntos.

Ele não conseguia passar nem um mês direito sem trabalho, sua vida era isso, ele queria e queria logo. E assim nós terminamos aquele dia agitado, ele se foi deixando um beijo em mim, outro na filha, tão amoroso como nenhum outro homem. Eu sabia que Luan seria um pai extremamente maravilhoso, daqueles protetores, que cuidam, se tornando o grande herói de suas filhas.

A quinta e a sexta-feira passaram correndo, eu estava ansiosa para nosso jantar de noivado, tudo estava sendo preparado com muito amor. Comprei um vestido novo na loja de Laura, aproveitamos para ir ao salão ainda na sexta-feira, onde passamos quase a tarde inteira. O sábado finalmente chegou me trazendo um dia ensolarado, recheado de um amor que preenche completamente meu coração. A maior felicidade daquele dia, com certeza foi quando recebi minha mãe e Benjamim, eles me trouxeram proteção. Preparei um café da manhã maravilhoso, era tão bom tê-los ao meu lado naquele dia importante da minha vida.

– Então quer dizer que é uma menina? – Minha mãe perguntou eufórica quando eu contei a eles sobre a novidade.

– Sim! – Respondi a abraçando – Isso não é maravilhoso?

– Mais uma menina pra família? – Benjamim nos olhou indignado.

– Ah! Vai dizer que você não está feliz por saber que terá uma sobrinha? – O olhei com as mãos na cintura.

– Você sabe que estou feliz. – Confessou me abraçando – Mas cuida logo de ter um menino, porque eu quero ensiná-lo a jogar futebol.

– Você e Luan são dois insuportáveis com esse assunto de ter logo outro bebê, sendo que Luisa nem sequer nasceu ainda.

– Luisa é um nome lindo demais. – Mamãe se derreteu toda – Ah, estou muito emocionada! 

– Minha sobrinha vai ser uma princesinha.

– Oi, família! – Laura chegou ao lado de Douglas.

Enquanto Douglas e Benjamim conversavam amigavelmente na sala, mamãe, Laura e eu cuidamos do nosso almoço. Luan me ligou quase o dia inteiro, falou rapidamente com minha mãe e disse que seus pais estavam ansiosos pelo tão esperado “encontro de famílias”. Eu senti poucos enjoos, mas em compensação, minha fome aumentava a cada segundo que se passava. O dia passou rápido, era quase 18h00 quando seguimos todos para a casa de Luan, enquanto minha ansiedade estava quase me matando. Assim que chegamos lá, fomos maravilhosamente bem recepcionados pela família de Luan.

– É um prazer conhecê-la, Ana! – Dona Marizete cumprimentou minha mãe.

– O prazer é todo meu, Marizete! – Respondeu simpática.

– Sejam muito bem-vindos! – Seu Amarildo cumprimentou minha mãe e logo depois Benjamim.

– Obrigada! – Ela respondeu.

– Obrigada, seu Amarildo! – Benjamim respondeu esbanjando simpatia.

– Oi, oi! – Bruna apareceu na sala – Prazer, dona Ana! – Ela a cumprimentou com um abraço carinhoso – Já lhe disseram que Alice é muito parecida com a senhora? – Perguntou brincando.

– Desde que minha menininha nasceu. – Respondeu sorrindo.

– Oi, prazer! – Ela cumprimentou Benjamim que o olhou encantado.

– Prazer... – Tentou lembrar seu nome.

– Bruna! – Sorriu.

– É um prazer conhecê-la, Bruna! – E beijou carinhosamente sua mão.

– Parece que ele gostou dela. – Cochichei no ouvido de Luan.

– Ele que não se atreva a mexer com a minha irmã. – Foi impossível não rir de seu ciúme por Bruna.

Os pais de Luan se deram super bem com minha mãe, não paravam de comentar sobre Luisa, estava mesmo constatado que nossas famílias seriam uma só a partir daquela noite. Todos tomaram um vinho maravilhoso, enquanto eu tomava suco, acompanhada de meu noivo, que sempre se mostrou solidário com minha situação. Eu sentia falta de meu pai naquele momento, sentia meu coração doer ao saber que ele estava sozinho em casa, simplesmente por ser orgulhoso demais. Como eu queria ele estivesse conosco, que ele conversasse com Luan, com seus pais, se sentisse feliz em estar me entregando ao homem da minha vida. Conversa vai, conversa vem, Luan finalmente se levanta com um sorriso lindo no rosto.

– Bom, eu gostaria de falar um pouco com vocês. – Ele se pronunciou chamando a atenção de todos – Decidimos organizar esse momento tão nosso, para que pudéssemos concluir o que começamos há algumas semanas atrás. – Sorriu me olhando – Já falei tudo o que eu necessitava falar naquela noite. – Não tirava seus olhos de mim – Tudo o que eu venho sentindo desde que você apareceu na minha vida.

– Eu te amo... – Sussurrei levantando.

– Eu tinha pensado em tudo antes, mas acho que saiu um pouco diferente. – Gargalhou – Acho que agora sim eu posso fazer oficialmente o pedido a você. – Pegou a caixinha com as alianças – Aqui, diante de sua família... – Ele respirou fundo se ajoelhando em minha frente – Eu quero saber se você aceita se casar comigo. – Coloquei as mãos sobre a boca ao me deparar com tamanha delicadeza em forma de alianças.



– Já respondi uma vez, mas eu seria capaz de responder em todos os outros dias que me restam de vida... – Tentei conter minha emoção – Eu aceito me casar com você! – E assim todos aplaudiram felizes.

– A senhora nos dá sua benção, dona Ana? – Ele perguntou assim que colocamos a aliança um no outro.

– É claro que dou minha benção. – Ela respondeu nos abraçando – Você faz muito bem a ela.  

– E vocês? – Olhei os pais de Luan.

– Nós já demos a nossa benção, estamos imensamente felizes! – Eles nos abraçaram emocionados.

– E nós temos nossos dois primeiros pares de padrinhos. – Sorri de mãos dadas com Luan.

– Exatamente! – Luan continuou – Vocês aceitam serem nossos padrinhos? – Perguntou olhando para Laura e Douglas, assim como Benjamim e Bruna.

– Nós? – Laura nos olhou emocionada – Claro que aceitamos!

Comemoramos, todos estavam imensamente felizes com aquele momento tão lindo de nossas vidas. Nossos pais, nossos padrinhos, nossa Luisa que sentia todo aquele amor que transbordava por todos os lados. Jantamos em meio a conversas, risadas, beijos entre os noivos, tudo estava tão lindo como nunca nada aconteceu antes. Contamos a eles sobre o casamento que aconteceria em Maio, deixando todos surpresos, mas eles aceitaram de bom grado entrar na nossa loucura. Por um momento, olhei para a aliança no meu dedo e me arrepiei com o a lembrança que me veio naquele momento.

Casa comigo?
– Meu Deus! – Coloquei as mãos na boca – É claro que eu caso.
– Eu te amo, meu bem! – Rodopiou comigo em seus braços – Eu te amo mais que tudo nessa vida!
– Você é maravilhoso, Vicente! – Segurei seu rosto – Eu te amo imensamente mais!”

Eu tive a sensação de desmaio, mas eu não queria que ninguém percebesse o que estava acontecendo. Tomei um pouco de água, segurei a mão de Luan sobre a mesa e beijei delicadamente o seu rosto. Tentei controlar aquele sentimento ruim que insistia em se fazer presente dentro de mim, não queria mais ter que me lembrar de momentos tão dolorosos. Depois do nosso jantar maravilhoso, voltamos para a sala, onde encontramos outros assuntos que prolongaram bastante a nossa noite. Enquanto Luan, Benjamim e Douglas conversavam sobre música, os pais de Luan, minha mãe e Bruna conversavam sobre Luisa.

– Você está bem? – Laura perguntou me acompanhando até a cozinha.

– Eu senti uma sensação estranha, nada demais.

– Como nada demais?

– Eu me lembrei de quando Vicente me pediu em casamento. – O olhei tristonha – O que aconteceu depois do pedido. – Senti minha cabeça doer.

– Isso não vai acontecer de novo. – Ela interrompeu meus pensamentos – Para de ficar pensando nisso.

– Eu tenho tanto medo...

– Não, Alice! – Ela me abraçou – Não faça isso com você, está me ouvindo?

Laura sabia absolutamente tudo o que estava se passando dentro de mim, ela sentia a minha dor e sabia como fazê-la ir embora. Ela era minha grande amiga, minha irmã, alguém que eu teria ao meu lado pelo resto da vida. Voltamos para a sala, mas apenas para encerrar aquela noite tão agradável, noite que se repetiria muitas vezes.

– Eu quero ficar com você. – O abracei o mais forte que eu conseguia.

– Então dorme aqui comigo. – Respondeu fazendo carinho em meu cabelo.

– Tudo bem se eu ficar? – Eu não queria mesmo ter que deixá-lo.

– Que pergunta, hein? – Beijou a pontinha do meu nariz.

Avisei a minha mãe que eu ficaria com Luan, claro que ela entendeu, principalmente por saber que eu não queria repetir o mesmo erro de anos atrás. Todos se despediram com muito carinho, dona Marizete e minha mãe se deram maravilhosamente bem, assim como seu Amarildo que foi extremamente gentil. Tudo saiu como esperávamos, nossas famílias se amaram, estávamos felizes e isso que importava. Ao sentir os braços de Luan me acolhendo, compreendi que eu estava no lugar certo, eu estava protegida para sempre.

Um comentário:

  1. Como e que faz pra n morrer de amor por esse casal cada dia mais. E esse pedido.coisa linda❤
    Gaby

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