Nossa
semana passou correndo, apenas um casal de tios e três primos continuaram ali
com a gente para passar o réveillon. O restante todo foi embora para suas
casas, mas alguns ainda chegariam, incluindo Benjamim e Douglas, que mataria a
saudade de Laura. Enquanto organizávamos nossas coisas, Samantha, uma de minhas
primas, não parava um minuto de falar do meu “relacionamento” com Luan.
– Será
que você não tem outro assunto, Samantha? – Perguntei impaciente.
– Ué, eu
quero saber como é namorar um cantor famoso. – Ela insistiu.
– Já lhe
respondi um milhão de vezes.
– Você
não tem ciúmes por ele ser lindo e famoso? – Ela me olhou – Ele pode ter a
mulher que quiser, na hora que bem quiser.
– Você
não poderia ser menos inconveniente, Samantha? – Rafaela, minha outra prima
perguntou incrédula.
– Eu não
me preocupo com absolutamente nada. – A olhei com raiva – Porque mesmo ele
tendo a oportunidade de ser de qualquer outra, ele escolheu ser unicamente meu.
– Respondi saindo do quarto.
– Alice,
você vai ligar para os absurdos que ela fala? – Laura apareceu atrás de mim. –
Ela é uma idiota!
– Se ela
soubesse o quanto está sendo difícil ter que lidar com meus medos de perdê-lo,
ela nem sequer tocaria no seu nome.
– Por
que você não acaba logo com isso, hein?
– Eu não
consigo. – E então eu chorei, mais uma vez chorei nos braços de minha melhor
amiga – Só não diga nada. – E assim ela permaneceu.
Depois
de passar um tempinho sendo amorosamente consolada por Laura, nós voltamos para
a casa, onde Samantha me pediu desculpas por todo aquele episódio. Claro que eu
a desculpei, mas eu queria evitar completamente todo e qualquer tipo de assunto
com ela. Acabei passando a tarde inteira enjoada, tomei um remédio e consegui
dormir, sentindo aquela conhecida sensação de medo. Quando acordei, consegui
admirar as estrelas que tomavam o céu inteiro, belíssimas, encantadoras.
– Posso
entrar? – Laura bateu na porta do quarto.
– Eu
dormi demais? – Perguntei a olhando.
– A
tarde inteira. – Respondeu sorrindo.
–
Ultimamente venho sentindo um sono fora do comum.
– Parece
que ele vai ser bastante preguiçoso. – Acariciou minha barriga.
– Alice?
– Gabi me chamou gritando – ALICE!
– Estou
aqui, aqui no quarto. – Respondi assustada.
– Te
achei. – Sorriu se jogando na minha cama.
– O que
aconteceu? – A olhei sem entender.
– Olha
essa entrevista que saiu ontem. – Abriu a matéria no seu celular.
–
Entrevista?
–
Entrevista que fizeram com o Luan. – Ela sorriu ainda com os olhos grudados na
tela – Olha isso.
“Luan
Santana não descarta a possibilidade de casar e ser pai ainda no ano de 2018.”
“O
cantor Luan Santana falou do sonho de ser pai, de formar uma família, só não
conseguimos descobrir quem será a sortuda que passará o restante de sua vida ao
lado do nosso cantor. Perguntamos a Luan se ele está namorando, mas nossa única
resposta foi um: estou tranquilo, muito feliz. E então? Quem chuta o nome da
primeira dama?”
–
Primeira dama? – Foi impossível não rir.
– Será
que ele vai te pedir em casamento? – Ela me olhou encantada – Eu não vou
aguentar!
– Gabi,
isso foi apenas uma entrevista. – Sorri – Vamos com calma.
–
Imagina um bebezinho de vocês? – Seus olhinhos brilhavam – Vai ser o bebê mais
lindo, mais encantador, mais apaixonante!
– Você
vai gostar quando ela engravidar? – Laura perguntou a olhando.
– Eu vou
explodir de felicidade. – Respondeu toda feliz.
Ler
aquela entrevista, fez minha alma se acender novamente, meu coração acelerar,
feito daquelas adolescentes que encontram o seu primeiro amor. Ele tinha planos
de casamento, de filhos, de tudo o que aos poucos estávamos conquistando sem
que soubessem. Tudo era como um estalo, uma luz que me conduzia para o caminho
certo, sem me deixar errar, nem fraquejar. Despertei daquele sonho, quando tio
Ricardo saiu para buscar Benjamim no aeroporto, meu coração quase não aguentou
de tanta felicidade em saber que logo eu teria meu irmão comigo. Aproveitamos
para organizar a mesa para nosso jantar, enquanto Laura comentava sobre a
saudade que estava de Douglas.
– Será
que vem casamento por aí? – Rafaela perguntou colocando os pratos na mesa.
– Por
mim, eu casaria com ele amanhã. – Laura confessou surpreendendo a todos – Nos
amamos, não tem porque esperar.
– Laura,
alguma coisa aconteceu que você não me contou? – Tia Lúcia perguntou com as
mãos na cintura – Já estão falando sobre casamento?
– Todo
casal conversa sobre casamento. – Ela respondeu rindo – Mas não se preocupe,
pois nada aconteceu além do que você já sabe.
– Quando
ele vem, Laurinha? – Tia Suzana perguntou.
– Amanhã
cedinho, tia. – Respondeu animada.
– E o
namorado da Alice?
– Oi? –
A olhei.
– Perguntei
sobre seu namorado, amor. – Sorriu.
– Ah...
Ele está viajando.
–
Samantha me mostrou umas fotos dele. – Falou simpática – Que garoto encantador.
–
Pessoalmente ele é ainda mais, Suzana. – Tia Lúcia comentou – Um verdadeiro
príncipe, assim como meu genro.
– Queria
conhecê-lo. – Ela falou rindo.
– Alguém
aí falou a palavra príncipe? – Benjamim chegou assustando todas na cozinha –
Cheguei! – Ele abraçou minhas tias, tio Vinicius, minhas primas, por último me
olhou amoroso, correndo para os meus braços.
– Eu não
acredito que você está aqui! – O abracei com todas as minhas forças.
– Um
anjo me contou que você estava precisando de mim. – Me olhou desfazendo o
abraço – Então eu não esperei mais nenhum minuto.
– Esse
anjo estava certíssimo. – Sorri o abraçando novamente.
Depois
de mais alguns beijos, abraços, algumas novidades aqui, outras ali, finalmente
conseguimos matar a saudade de Benjamim. Ele guardou suas coisas no quarto,
tomou um banho e se juntou a nós para o delicioso jantar. Era uma barulheira,
tio Ricardo, tio Vinicius, Caio, meu primo mais velho e meu irmão, pareciam
mais brigar ao invés de conversar. Enquanto as meninas conversavam sem muito
chamar atenção, acabei enjoando bastante com a lasanha preparada tão
amorosamente por minha tia. Laura acabou dando uma desculpa de que eu estava fazendo
um tratamento de enxaqueca, que me causava enjoos repentinos. Ainda bem que
todos acreditaram naquele papo, Laura sempre foi uma maravilhosa atriz.
– Você
está bem? – Benjamim apareceu no quarto.
–
Uhum... – Tentei falar.
– Não quer ir ao médico?
– Não
precisa, Ben. – Laura respondeu por mim – Isso é completamente normal.
– Vai
jantar. – Pedi o olhando.
– Você
vai ficar bem? – Perguntou preocupado.
– Vou
sim. – Respondi o tranquilizando.
Claro
que depois de colocar todo o jantar pra fora, eu não conseguiria mais comer
absolutamente nada. Continuei no quarto, ao lado da minha prima, tentando
controlar inutilmente os meus enjoos. Eu respirava fundo, conversava com meu
bebê, na esperança dele aliviar um pouquinho meu sofrimento. Mas, como um
pressentimento, meu telefone tocou, era o pai mais cuidadoso e amoroso do
mundo.
– Atende
pra mim? – Pedi a Laura que imediatamente pegou meu celular.
– Oi,
cunhadinho! – Ela atendeu animada, colocando para que eu escutasse a conversa.
– Oi,
Laurinha! – Parecia animado – Tudo bem?
– Sim,
só sua mulher que está aqui colocando todo o jantar pra fora. – Brincou me
fazendo rir.
– Os
enjoos outra vez? – Perguntou preocupado.
– Sim.
– Ela
pode falar?
– Ela
está bem aqui ao meu lado. – Me olhou sorrindo – Está te ouvindo.
– Oi,
meu amor! – Ele foi carinhoso.
– Eu não
estou mais aguentando tantos enjoos. – Choraminguei.
– Já
tomou seus remédios?
– Tomei,
mas não passa.
–
Inacreditavelmente eu senti que você não estava bem. – Respirou fundo – Eu não
queria que você estivesse longe de mim em momentos como esse.
– E o
que você poderia fazer se estivesse aqui?
–
Cuidaria de você. – Respondeu fazendo Laura me olhar sorrindo.
– Laura
está aqui cuidando de mim.
– Mas
nada com os cuidados do pai de seu filho. – Insistiu.
– E é
uma concorrência e tanto. – Laura começou a rir.
– Eu vou
ficar bem.
–
Certeza? – Ele continuou.
– Sim,
não se preocupe. – Sorri – Posso te pedir uma coisa?
–
Qualquer coisa.
– Canta pra
mim? – Laura sorriu colocando o celular na cama.
– Canto.
– Ele respondeu carinhoso.
Deitei
com cuidado, Laura colocou dois travesseiros para que eu apoiasse minha cabeça,
enquanto ele parecia pegar o violão. Ouvir a voz dele, era como sentir o maravilhoso
gosto de algodão doce, com toda certeza, era minha paz. Laura fechou as
cortinas, apagou a luz, beijou meu rosto e saiu sorrindo, me deixando na
intimidade do meu amor. Ele cantou uma de suas músicas mais lindas: “cantada” e
sua melodia que me fazia flutuar. Ela tinha um pouco de nós dois, assim como em
todas as outras músicas que faziam parte de sua história. Ele literalmente era
a calmaria para o meu coração agitado, minha alegria, daquelas que me causavam
um efeito estrondoso. E como um milagre, eu fui melhorando a cada minuto que se
passava, enquanto ele cantava mais uma, mais outra.
– Já me
sinto bem melhor. – Confessei quando ele terminou de cantar “tanto faz”.
– Isso é
sinal de que ele gosta quando estou por perto.
– Ele
gosta de ouvir sua voz. – Sorri – E sabe, meu amor... – Procurei as palavras –
Dizem que meninas se apegam mais ao pai.
– Você
quer dizer que pode ser uma menina? – Ele parecia feliz.
– Eu não
sei, mas nossa Luisa pode estar querendo aparecer.
– Você
me imagina pai de menina?
–
Imagino você querendo dar bronca nela por conta dos namoradinhos. – Respondi
rindo.
–
Namoradinhos, Alice? – Me repreendeu – Não poderia ir com calma?
– Você
não vai poder fugir de uma situação constrangedora com o genro.
– Ok,
mas eu prefiro começar com a maravilhosa sensação de ser o grande herói da
minha filha.
– Ela
vai te amar muito.
– É tudo
o que eu mais quero.
Conversamos
por mais alguns minutos, até que senti meus olhos pesados, acabei caindo no
sono profundamente. Ele me cuidou mais uma vez, se fez pai de responsabilidade
e se mostrou mais amoroso do que nunca. Agora eu pergunto a vocês: como não se
apaixonar por esse homem? Impossível, essa talvez seja a resposta correta para
minha pergunta absurda. Ele era encantador, como minha tia falou mais cedo, um
verdadeiro príncipe, o meu príncipe. Com toda a certeza do meu coração, esse
tempo foi maravilhoso para me mostrar que eu não conseguiria continuar sem
tê-lo ao meu lado.
Quero meu casal juntinho de novo, e nítido o sofrimento um do outro. ❤
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