(Capítulo 58 – Alagoas)

Acordei no dia seguinte com meu celular despertando, abri meus olhos sem nenhuma vontade, mas eu realmente precisava ir trabalhar. Olhei ao meu lado e Luan dormia feito um anjo, sorri sentindo novamente aquela maravilhosa sensação de paz ao tê-lo ao meu lado e acariciei seu rosto. Decidi ir me arrumar, para que depois de pronta eu conseguisse acordá-lo, ou ele dormiria o dia inteiro. Tomei um banho demorado, coloquei uma roupa quente para aquela manhã fria, coloquei minhas sapatilhas e fiz uma trança em meu cabelo.

– Amor? – O chamei com carinho – Amorzinho? – O chamei novamente – Benzinho? Será que você poderia acordar? – O chamei pela terceira vez e ele se mexeu reclamando.

– O que? – Tentou abrir os olhos.

– Eu tenho que ir trabalhar, você vai ficar e dormir mais um pouco? – Perguntei fazendo carinho em seu rosto.

– Não, eu vou te deixar. – Falou sonolento.

– Meu bem, eu estou vendo que você está morrendo de sono. – O olhei com dó.

– Mas é só eu tomar um banho, aí eu acordo. – Coçou os olhos. 

– Tudo bem, então eu te espero.

Enquanto Luan tomava um banho, arrumei minhas coisas na minha bolsa, procurei minha pasta com um material que eu precisava entregar a Bruno e acabei dando de cara com uma foto de Vicente. A olhei sorrindo, mas ao mesmo tempo uma tristeza me invadiu, fazendo meu coração doer de saudade. Sem perceber, Luan se aproximou silenciosamente, me abraçou por trás e colocou sua cabeça apoiada sobre meu ombro.

– Você sente muito a falta dele? – Perguntou calmo.

– Desde que você chegou, eu venho sentindo menos saudade dele a cada dia que passa. – Me virei para ele.

– Eu sou tão importante pra sua vida como ele era? 

– Não quero comparar o amor que eu sentia por ele e o que eu sinto por você, isso não seria justo. – Falei sincera.

– Tudo bem. – Selou nossos lábios.

– Eu não acredito que eu esqueci. – O olhei quase desesperada. 

– Esqueceu o que? – Perguntou sem entender.

– A Maria... – Falei sentindo o cheirinho do café vindo da cozinha.

– Maria?

– É a moça que nos ajuda aqui em casa, ela é muito sua fã.

– Sério? – Perguntou sorrindo.

– Ela vai surtar em te ver aqui. – O olhei apreensiva.

– Esse cheiro bom de café, é ela que está preparando? – Perguntou de maneira engraçada.

– Sim, ela mesmo.

– Então vai logo lá preparar ela, amor. – Reclamou – Eu estou morrendo de fome. – Ri de sua confissão e segui para a cozinha.

– Oi, bom dia! – Maria conversava animadamente com Laura.

– Bom dia! – As duas responderam juntas.

– Tudo bem, Maria? – A abracei carinhosamente.

– Tudo, por quê? – Me olhou desconfiada, enquanto Laura segurava o riso.

– Nada, só perguntei. – Tentei disfarçar.

– Alice tá estranha hoje. – Falou rindo. 

– Maria, coloca mais um lugar na mesa?

– Mais um lugar? – Perguntou sem entender – Tem visita? – Laura apenas concordou com a cabeça enquanto comia.

– E é uma pessoa que você gosta muito. – Laura brincou.

– Que eu gosto muito? – Perguntou ainda mais confusa.

– Vem cá. – Chamei Luan com a mão e ele apareceu atrás de mim.

– Bom dia! – Sorriu olhando Maria que ficou amarela.

– Valei-me minha nossa senhora! – Fez uma cara de espanto – É o Luan Santana? – Olhou arregalada para Luan que sorria lindamente.

– Sim, sou eu. – Se aproximou dela que continuava o olhando – Tudo bom com você, Maria?

– Tu... Tudo ótimo! – Gaguejou nos fazendo rir.

– Posso te dar um abraço? – Ele perguntou simpático, enquanto ela ainda o olhava admirada.

– Pode... Você é muito lindo.

– Que é isso, Maria? – A olhei com as mãos na cintura, enquanto ele a abraçava carinhosamente.

– É um prazer te conhecer, viu? – A olhou todo lindo.

Enquanto Maria tentava se acostumar com aquela situação meio “louca”, nós tomávamos nosso café da manhã. Vez ou outra ela olhava Luan admirada, parecia ainda não acreditar que ele estava bem ali, na sua frente. Aos poucos ela foi se soltando, falou que o seu sonho era ir a um show dele, que tinha todos os CDs antigos e recentes. Ele aproveitou para convidá-la para ir ao seu show o quanto antes, pois ficaria muito feliz com sua presença. Resumindo a história, Maria ficou toda cheia de pernas e em êxtase com tudo o que estava acontecendo naquela manhã de terça-feira.

– Tá pronta? – Perguntou cheirando meu pescoço.

– Sim, só vou buscar minha bolsa. – Selei rapidamente nossos lábios.

Depois que eu peguei todo o necessário, nos despedimos de Laura e Maria, Luan me ajudou segurando minhas coisas e seguimos para o estacionamento. Durante o percurso até a agência, ele foi comentando sobre a reação engraçada de Maria ao vê-lo. O tempo inteiro meu menino tagarelava, com certeza para fazer o sono ir embora, mas também por ele estar se sentindo feliz. Eu me sentia realizada em tê-lo comigo, sempre tão companheiro e bondoso, com seu amor atravessando todos os nossos limites.

– Quando vamos nos ver agora? – Perguntei quando chegamos à agência. 

– Essa semana eu terei uns compromissos no estúdio, mas darei um jeito de te ver antes de sexta.

– Você já me pega na sexta?

– Claro, não vamos desperdiçar nenhum momento da nossa viagem. – Fez carinho em meu rosto.

– Você tá feliz? – Perguntei o olhando nos olhos.

– Como eu nunca estive antes. – Falou sincero – E você?

– Extremamente feliz, mas com um pouco de medo.

– E do que você tem medo?

– De que tudo isso termine antes do que eu possa imaginar. – Ele me olhou sem entender.

– E por que terminaria? Você não acredita que nosso amor pode ser maior que qualquer coisa? – Perguntou segurando minha mão – Não acredita que podemos mais além?

– Eu tenho medo de te perder. – O olhei sincera.

– Alice, quantas vezes eu te disse que você precisa confiar em mim? – Abaixei minha cabeça ao ouvir suas palavras – Olhe pra mim. – Ergue meu queixo – O que nós sentimos um pelo outro é muito mais forte, mas ele precisa ser ainda mais forte que o seu medo de não dar certo.

– Você vai casar comigo? – Perguntei fazendo meu menino abrir um sorriso enorme.

– Agora?

– Quando você quiser...

– Eu caso agora com você. – Sorri.

– Eu te amo, sabia? – O abracei – Amo mais do que você pode imaginar.

E então ele me beijou com todo o seu amor, esse mesmo amor que me alimentava a alma e fazia com que eu me sentisse a mulher mais feliz do mundo. Depois de ouvir vários “eu te amo”, venci minha vontade de não sair daquele carro e fui rumo ao meu trabalho. Continuar ao lado dele era a minha certeza mais linda, nada me faria desistir de nós dois, porque era nele e nesse amor que eu encontrava a minha verdadeira felicidade.

Dias depois...

Sexta-feira chegou linda, fazendo minha felicidade aumentar mil vezes mais, pois hoje Luan me levaria para o lugar mais importante. Eu aproveitei para deixar várias coisas adiantadas na agência, corri pra casa, arrumei minha mala e o esperei ansiosa. Eu estava feliz em poder ter um momento unicamente meu e de Luan, sem ninguém para atrapalhar, sem nenhum segurança, nem fãs, nem imprensa. Só eu, ele e o nosso amor. Era quase 20h00 quando Luan chegou para me buscar, nos despedimos de Laura e seguimos para o estacionamento.

– Está pronta? – Ele perguntou animado.

– Sim, mas você pode me falar pra onde vamos?

– E estragar a surpresa?

– Por favor, amorzinho! – Supliquei.

– Não, quando a gente chegar lá você vai saber.

– É longe daqui?

– Um pouco.

– Um pouco muito?

– Sim.

– Só sim?

– Eu não vou te contar. – Falou decidido.

– Seu chato. – Cruzei os braços.

– Um chato que te ama. – Beijou meu rosto.

Enquanto Luan dirigia, eu fui insistindo para que ele soltasse algo sobre nosso destino, mas  estava decidido a não me contar. Quando eu nem esperava, chegamos ao aeroporto, me fazendo estranhar e ao mesmo tempo ficar surpresa. Descemos do carro de mãos dadas, um segurança nos cumprimentou e levou o carro de volta.

– Vamos de jatinho? – Perguntei o olhando.

– Confia em mim? – Apenas concordei com a cabeça.

Entramos no jatinho, sentamos confortavelmente, enquanto eu rezava para que fizéssemos uma viagem tranquila. Luan parecia pensativo, me olhava de vez em quando, segurava minha mão e me passava toda segurança do mundo com aquele gesto. Não foi uma viagem longa, logo pousamos e o aeroporto estava extremamente calmo, com certeza por ainda ser madrugada. Luan novamente segurou minha mão, caminhamos até o portão de desembarque e lá um carro nos esperava.

– Onde nós estamos? – Perguntei a ele enquanto admirava aquele lugar, ainda dentro do carro.

– Alagoas! – Respondeu calmo.

– Alagoas? – O olhei surpresa – Sério que estamos no Nordeste? – Eu amava profundamente aquele lugar.

– Sim, estamos. – Respondeu beijando meu rosto.

Quando chegamos ao nosso destino, fiquei extremamente encantada e sem palavras para o que estava acontecendo. Estávamos em uma das praias mais lindas de Alagoas, bem deserta, refúgio para um casal como nós dois. Poderíamos aproveitar cada minuto sem sermos interrompidos ou incomodados, seja por imprensa ou seguranças. Era um momento nosso, sem mais ninguém ao nosso meio, mas apenas o amor que nos preenchia completamente.