segunda-feira, 7 de agosto de 2017

(Capítulo 50 – Nossa casa)

(Luan Narrando)

Estava tudo bem na festa de Alice, até que eu me deparo com uma surpresa não muito agradável. Ela tinha convidado Felipe, aquele seu ex-namorado que me causou bastante ciúmes quando ela precisou ir visitar sua mãe. Eu sinceramente não queria ou não sabia o que estava acontecendo, mas eu queria aquele cara longe de todos nós. Quando eu esperei uma resposta de Alice, Benjamim e Felipe se aproximaram fazendo com que ela se sentisse ainda mais perdida com aquela situação.

– Demoramos? – Benjamim perguntou abraçando Alice – Parabéns de novo, coisa linda! – Falou algumas palavras bonitas em seu ouvido, enquanto eu apenas os observei atento.

Alice o agradeceu carinhosa, mas logo Felipe nos surpreendeu segurando sua cintura e a abraçando forte, fazendo toda a minha raiva aumentar ainda mais. Ela o agradeceu com um “muito obrigada” acompanhado de um sorriso tímido e uma vontade imensa de acabar com aquele clima ruim. Eu olhei Douglas que me entendia bem, sabia que eu não estava aguentando tudo aqui, mas continuou em seu lugar.

– Beleza, Luan? – Benjamim me cumprimentou.

– E aí, Benjamim!

– Felipe, esse aqui é o Luan... – Chamou Felipe sorrindo – Luan, esse é um amigo nosso.

– Tudo bom, Luan? – Ele me estendeu a mão, eu não poderia deixar minha educação passar em branco.

– Tudo bom, cara? – Apertei sua mão – Vocês me deem licença. – Sai sem nem ao menos olhar para Alice.

Tudo aquilo era estranho demais pra mim, eu não entendi porque eu sentia tanta raiva daquele cara, mas eu sabia que eu me sentia ameaçado com a presença dele. Eu tinha um medo terrível de perder Alice, tinha medo de que tudo isso acabasse de uma hora pra outra. Eu sabia que nada era certo, que eu nem tinha o direito de prender Alice comigo, porque eu sabia o quanto tudo era complicado. Caminhei até o bar, pedi uma bebida e tentei digerir tudo o que estava acontecendo, tentando manter toda a calma do mundo. Olhei para a mesa onde meus pais estavam, Benjamim e Felipe os cumprimentavam esbanjando simpatia. Percebi que Alice falou com mais alguns convidados, sorriu lindamente, mas ainda tinha um olhar triste. Continuei ali por quase vinte minutos, até que sinto o perfume dela se aproximar e sua mão macia tocar meu ombro.

– O que foi aquilo, Luan? – Perguntou sentando em minha frente.

– Por que você o convidou?

– Porque simplesmente ele é meu amigo. – Respondeu séria – E ele está acompanhando meu irmão que veio sozinho.

– Você sabe que eu não gosto dele. – Falei ainda mais sério – Mas mesmo assim você o convidou.

– O que você queria que eu fizesse Luan?

– Me avisasse para que eu não tivesse que aguentar a presença desagradável desse cara.

– Luan, você tá exagerando...

– Exagerando, Alice? – A interrompi – Tá na cara que ele ainda gosta de você, aí tá me dizendo que estou exagerando? – Gritei fazendo com que ela se assustasse um pouco.

– Eu não vou ficar aqui aguentando seus ciúmes, não hoje que é uma noite tão especial pra mim. – Levantou sem me olhar – Quando você quiser conversar como uma pessoa civilizada, eu estarei bem ali com a nossa família. – E saiu me deixando com ainda mais raiva.

Eu não queria ter que agir por impulso para não me arrepender depois, então preferi continuar no bar por mais algum tempo. Todos continuaram aproveitando a noite, queria poder dizer o mesmo de mim, que continuo com meu coração apertado por ter discutido com a minha menina.

– Vai ficar aí até quando, boi? – Douglas chegou sentando ao meu lado.

– Até que eu me convença que esse Felipe não é uma ameaça pra mim. – Tomei mais um gole da minha bebida.

– Cara, como é que você vai discutir com sua mulher logo hoje? – Perguntou tedioso – E logo por causa de um ex-namorado?

– Justamente por ele ser um ex-namorado que a gente discutiu. – O olhei sério – Ela sabe que eu não gosto desse cara.

– Não sei por que tanta insegurança, todos estamos vendo que é com você que ela está. – Negou com a cabeça – Ela tá toda feliz comemorando uma noite especial. – Olhamos para Alice que estava conversando com umas amigas – Não estraga essa oportunidade que vocês se deram de aproveitar esse momento juntos, cara. – Bateu no meu ombro – Vou voltar pra mesa.

Depois que Douglas saiu, eu finalmente me dei conta da besteira que eu estava fazendo, de como eu estava agindo como um idiota ao culpar Alice por algo que não existe mais. Respirei fundo, tomei o restante da minha bebida, procurei minha menina com o olhar e ela parecia triste, mas tentava passar toda felicidade aos seus convidados. Levantei indo em sua direção, ela estava com o pessoal da agência, conversava sorridente com cada um deles. Segurei sua cintura delicadamente, fazendo com que ela se assustasse um pouco, mas não tirou minha mão. Cumprimentei todos com um “Oi” simpático, enquanto ela me olhou desconfiada, então eu a olhei deixando um beijo demorado em seu rosto.

– Podemos conversar? – Perguntei em seu ouvido.

– Agora eu não posso. – Respondeu me olhando.

– E quando? – Ela apenas me ignorou, me fazendo respirar fundo.

Alice me apresentou a cada um de seus colegas, inclusive ao seu chefe, que me pareceu uma ótima pessoa. Conheci suas assistentes, elas eram lindas, as duas tinham um jeito todo especial de tratar Alice e isso me encantava profundamente. Enquanto Alice se divertia com seus amigos, eu voltei para a mesa onde o pessoal estava, sentei ao lado de Laura e Douglas.

– Se entenderam? – Laura perguntou me olhando.

– Não sei... – Respondi pensativo.

– Não sabe? – Douglas perguntou confuso?

– Ela não quis conversar comigo, disse que não podia agora.

– Você gosta da Alice, Luan? – Laura perguntou séria.

– Que pergunta é essa, Laura?

– Você gosta?

– Eu amo a sua prima! – Respondi sincero.

– Então tenha mais segurança no relacionamento de vocês.

– Pesado, hem? – Douglas falou me olhando. 

Eu não respondi, apenas olhei Laura por um alguns segundos, percebendo que eu era ainda mais idiota agora. Eu estava confuso, estava agoniado com toda essa situação, no fundo eu guardava um medo imenso de perder Alice. Eu tinha medo de acordar amanhã e perceber que tudo isso não passou de um sonho, onde eu estava vivendo os melhores dias da minha vida. Eu tinha medo que Alice se cansasse de caminhar ao meu lado, assim como tantas outras, mesmo tendo a certeza de que ela é única. Eu tinha medo de abrir meus olhos e apagar da minha memória, todos os momentos maravilhosos que passei ao lado dela. O que é que tá acontecendo comigo, meu Deus? O que tá acontecendo com meus sentimentos? O que Alice tem que não me permite ir embora? Eu não sei, mas sei que ela é tudo o que eu quero pra sempre. Acabei me assustando com o barulho alto do microfone, Alice estava no palco, ao lado do DJ, acompanhada de seu sorriso mais lindo.

– Oi, gente! – Falou olhando cada um ali presente – Estão gostando da festa? – Todos gritaram um “sim” – Eu quero desde já agradecer a presença de todos vocês, pessoas muito importantes pra mim. – Sorriu lindamente – Essa noite não estaria sendo tão especial sem vocês ao meu lado. – Olhou para nossa mesa – Toda a minha gratidão... – Todos se levantaram e a aplaudiram – Aproveitem bastante, porque a noite está apenas começando.

Tudo estava indo maravilhosamente bem, os convidados se divertiam com o DJ, a pista de dança, bebidas, comidas, brincadeiras que faziam com que todos esquecessem uma festa tradicional. Alice passeava por seus convidados, conversava com cada um deles, transbordando gratidão e muito amor. Observei quando ela conversou com Felipe, ele parecia contar algo engraçado em seu ouvido, fazendo com que ela sorrisse animadamente. Confesso que o ciúme estava me consumindo, mas eu precisava acreditar mais no que Alice sente por mim, acreditar mais em nós dois. Enquanto eles ainda conversavam, nossos olhares se cruzaram, sua expressão mudou, mas eu sabia que ela precisava de mim, tanto quanto eu precisava dela. Pedi licença ao pessoal que estava na mesa, tomei uma dose de coragem e segui em direção onde eles estavam. Percebi que Alice respirou fundo, talvez imaginando que eu diria algo ou começaria uma discussão desnecessária. Ela estava com Felipe, Benjamim, suas amigas da agência e Bruna, que sorriu assim que percebeu minha presença. Colei meu corpo no dela por trás, segurei sua cintura, beijei delicadamente seu rosto e ela fechou os olhos, fazendo seu corpo relaxar.

– E aí, galera? – Sorri animado – Qual o assunto?

– Uma viagem que Benjamim fez para Orlando. – Bruna respondeu rindo de um jeito todo engraçado.

– Eu, Alice e Felipe quando éramos mais novos. – Benjamim a corrigiu também rindo – Quando eles ainda namoravam. – Falou com certeza tentando me testar.

– Vocês namoraram? – Marina perguntou surpresa, fazendo Alice ficar um pouco incomodada com aquela situação.

– Sim, na época de escola. – Felipe respondeu rápido olhando para ela.

– Consegui aproveitar Orlando ainda mais agora quando fui a trabalho. – Alice respondeu apertando minha mão que estava sobre sua cintura – As coisas mudam.

– Quer dizer que não gostou de viajar com a gente? – Felipe perguntou com ar de ironia.

– Quero dizer que dessa vez eu tinha muito mais consciência do que eu estava fazendo. – Falou sincera – Vocês nos deem licença. – Sorriu me puxando pela mão.

Seguimos para um lugar mais reservado próximo ao bar, tinha umas poltronas confortáveis, sentamos um de frente para o outro. Alice me olhava de uma maneira indescritível, olhava pensativa para a parede, mas logo voltava a me olhar.

– Me desculpa? – Perguntei segurando sua mão – Eu sou um idiota mesmo, né?

– Ainda bem que você sabe. – Me olhou séria – Mas eu te desculpo, com a condição de você nunca mais agir pela raiva.

– Eu nunca mais vou fazer isso, amor. – Me aproximei beijando o canto de sua boca – Eu sou um imbecil em descontar meu ciúme em você.

– Tanto porque nem tem motivos pra isso, né? O que aconteceu ficou no passado, eu não quero que você fique desenterrando algo que já morreu faz tempo.

– Eu sei...

– Felipe hoje é apenas um bom amigo do Benjamim.

– E eu aqui morrendo de medo de te perder. – A puxei para mais perto de mim – Achando que ele poderia te tirar de mim.

– Isso nunca vai acontecer. – Segurou meu rosto – Porque é com você que eu quero ficar.

E sem esperar nem mais um segundo, eu a beijei com toda vontade que pode existir em meu ser. A beijei na certeza de que eu a amo, de que o nosso amor é forte o bastante para suportar qualquer pensamento que possa nos afastar. Eu não queria mais ter que discutir com ela por bobagem, não queria dar motivos para que nossa relação se desgaste, porque já basta a distancia para nos atrapalhar tanto.

– Então está tudo bem agora? – Perguntei ainda sentindo o maravilhoso gosto de seu beijo.

– Sim... – Tentou falar – Sou completamente apaixonada por você, Luan! – Confessou me fazendo rir.

– E eu ainda mais por você, minha princesa!

Continuamos por mais algum tempo ali, mas logo Alice precisou voltar para o salão, pois era hora dos parabéns. Todos a receberam com aplausos e assobios, ela estava feliz, seu sorriso era o mais bonito de todos. Depois de um breve e emocionante discurso de agradecimento, todos se dirigiram ao Buffet. A festa continuou até quase 02h00 da madrugada, quando todos já estavam no limite do cansaço, principalmente Alice, que reclamava de dor nos pés a cada dois segundos. Ela se despediu de cada convidado, transbordando amor e gratidão pela presença de todos. Avisei aos meus pais que eu levaria Alice pra casa, então eles se despediram e se foram logo em seguida.

– Quero ir pra casa com você. – Ela falou se aconchegando em meus braços – Estou muito cansada.

– Quer ir pra sua casa ou pra minha? – Perguntei a abraçando.

– Pra nossa casa no condomínio.

– Nossa casa? – Perguntei a olhando com um sorriso enorme no rosto.

– Não é nosso cantinho? – Perguntou dengosa – Quero ficar só com você.

– Então eu vou te levar pra nossa casa. – Selei nossos lábios.

Benjamim foi para o hotel com Felipe, Laura voltou pra casa com seus pais, sua irmã e Douglas, enquanto nós dois seguíamos para a “nossa casa” como ela disse. Fizemos um lanche quando chegamos, tomamos um banho de banheira, nos amamos a noite inteira e eu fiz de Alice, mais uma vez a minha mulher. 

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