sexta-feira, 16 de junho de 2017

(Capítulo 41 – Eu te amo, meu bem)

Segui com Bruna até o bar, onde Luan estava acompanhado dos amigos. Laura e Douglas vieram logo atrás e tentaram nos ajudar com ele, que parecia pior do que imaginávamos.

– Alice... Vem cá amor... – Tentava falar – Vem aqui comigo.

– Vamos tirar ele daqui. – Olhei pedindo ajuda aos meninos. 

– Alice... Eu te amo, Alice... – Apoiou seu braço em meu ombro – Você acredita em mim? – O olhei tentando tirar um pouco de verdade das suas palavras – Você acredita em mim, amor?

– Fica quieto, por favor!

– Por que você não acredita em mim? – Segurou meu rosto com as duas mãos – Você... Você precisa acreditar em mim.

– Vem comigo, vem. 

Tentamos tirar ele dali sem chamar muito atenção, seguimos todos para o estacionamento e lá Rober pegou o carro que eles estavam. Com muito custo colocamos Luan dentro do carro, mas claro que eu tive que entrar junto ou ele não iria sossegar. Rober foi dirigindo, Bruna com ele no banco do passageiro, enquanto eu e Luan estávamos atrás. Douglas, Laura e Marquinhos nos seguiram em outro carro e assim partimos para a casa de Luan.

– Sorte a sua que meus pais não estão em casa. – Bruna falou olhando Luan.

– Alice, olha pra mim. – Pediu segurando meu rosto – Eu te amo... Você me desculpa?

– Você está bêbado, não sabe o que tá falando. – Coloquei sua cabeça em minhas pernas – Só quero que você fique quieto até chegarmos à sua casa.

– Você me ama? – Levantou sua cabeça novamente – Me ama? Você acredita em mim? – Ele me olhava com uma carinha que partia completamente meu coração.

– Eu te amo... – Beijei seu rosto – Mas agora fica quietinho. – Ele sorriu, beijou o canto da minha boca e deitou com sua cabeça em minhas pernas.

Enquanto Rober dirigia atendo, Bruna mandava mensagem para alguém e Luan conversava com o nada, falando coisas completamente sem nexo. Ele tinha o cheiro muito forte de bebida, mas aquilo pouco me importava, eu só queria poder chegar logo e cuidar dele. Comecei a fazer um carinho bom em seus cabelos, fazendo ele se revirar um pouco, mas sossegou quando colocou seu rosto encostado de minha barriga. Ele fechou os olhos, começou a cantarolar e me olhou por alguns segundos, fazendo meu sorriso mais lindo aparecer. Só ele me causava aquela sensação boa de proteção e profundo amor, só ele me completava e me permitia ser quem eu verdadeiramente sou ao seu lado.

– Amor... – Levantou a cabeça me assustando um pouco – Eu acho que vou vomitar.

– Não, Luan! – Segurei seu rosto – Aguenta mais um pouquinho, por favor!

– Estamos chegando, Pi! – Bruna o olhou – Tem como aguentar?

– É melhor ficar deitado ou sentado? – Ele me olhou meio confuso – Para o carro, Rober! – Arrumei seu cabelo – Você tá bem?

– Estou sentindo uma tontura... – Espremeu os olhos – Quero ir pra casa.

– Nós estamos indo. – Ele apenas concordou colocando sua cabeça em meu ombro.

Rober voltou a dirigir, continuei fazendo carinho em seus cabelos e em menos de vinte minutos nós entramos no condomínio. Logo o carro de Douglas estacionou ao nosso lado e os meninos me ajudaram a entrar com Luan. Ele estava tonto, continuava falando coisas sem nexo e não parava de apertar minha mão. Subimos com ele o tempo inteiro reclamando, os meninos as vezes riam e por outras brigavam com ele, me fazendo rir daquela situação. Entramos no quarto, ele sentou na cama e me olhou espremendo os olhinhos, como se soubesse que eu iria discutir por tudo o que ele estava me fazendo passar.

– Vocês podem me ajudar a colocar ele no chuveiro? – Os três concordaram e assim fizemos.

Tiramos a roupa dele com muita dificuldade, deixando apenas de cueca, acompanhado de uma cara de poucos amigos. Colocamos embaixo do chuveiro, mesmo ele quase se esperneando, mas conseguimos afastar um pouco da bebida. O enrolei com seu roupão, ele caminhou devagar até a cama e ali ficou sem falar absolutamente nada.

– Podem ir, meninos. – Olhei os três – Eu cuido dele.

– Tem certeza? – Douglas perguntou – Qualquer coisa estamos lá embaixo, tá? – Apenas concordei com a cabeça e eles saíram fechando a porta.

Olhei Luan e ele continuava na mesma posição, sentado, de cabeça baixa, talvez tentando digerir tudo o que está acontecendo. Com todo cuidado fui me aproximando, ele levantou a cabeça e me olhou intensamente, como se quisesse me dizer algo através do olhar.

– O que é que eu faço com você? – Ele estava tremendo de frio – Como é que você faz uma coisa dessas?

– Amor... – Me olhou colocando a mão na boca – Eu tenho que... – E assim ele correu para o banheiro.

Ele trancou a porta, mas eu sabia que ele estava passando muito mal, sabia que estava colocando toda a bebida pra fora e isso faria muito bem a ele. Tentei controlar minha preocupação, fui até o seu closet, peguei uma calça de moletom e uma camisa branca para que ele pudesse vestir. Voltei até o banheiro e ele ainda continuava lá, mas agora não tinha mais nenhum barulho.

– Luan? Você tá bem? – Bati na porta – Precisa de ajuda? – Depois de quase dois minutos, ele destrancou a porta e saiu com o rostinho vermelho – Veste essa roupa. – O entreguei – Fica quietinho aqui que eu já volto.

– Pra onde você vai? – Segurou meu braço – Não vai embora.

– Eu só vou buscar um remédio pra você. – Soltei meu braço com cuidado – Não vou demorar. – Sai enquanto ele me olhava.

Desci encontrando Bruna, Laura, Douglas e Marquinhos conversando animadamente na sala. Eles me olharam com carinho, eu sabia que eu poderia contar com cada um deles, mas naquele momento era de mim que Luan precisava.

– Como ele tá? – Laura perguntou se aproximando.

– Não está muito bem. – Respirei fundo – Mas eu vou levar um remédio e fazer um chá para que ele melhore logo.

– Quer que a gente fique aqui com você? – Douglas perguntou.

– É melhor você levar a Laura pra casa. – O olhei sorrindo – Eu vou ficar aqui com ele.

– Qualquer coisa você me liga? – Laura segurou minha mão.

– Ligo sim. – A abracei – Agora vai descansar.

Eles se despediram de todos, entraram no carro e partiram pra casa, enquanto Marquinhos e Rober dormiriam com a gente naquela noite. Segui para a cozinha, pedi que Bruna me ajudasse com um remédio para Luan e assim ela fez.

– Nem sei como te agradecer por você ficar com a gente. – Ela me olhou carinhosa – Olha, esse remédio é ótimo.

– Não tem que me agradecer. – Peguei o remédio de sua mão – Eu estou fazendo isso por mim também.

– Você o ama muito, né? – Perguntou me olhando.

– Adiantaria eu dizer que não?

– Não, porque tá escrito na sua testa. – Começou a rir – Ele é um idiota por ter feito tudo isso, mas ele sabe lutar por aquilo que ele quer.

– Ele realmente é um idiota, porque me fazer cuidar de gente bêbada. – Começamos a rir – Vamos colocar essa água no fogo.

Já passava das 4h da manhã, enquanto eu terminava o chá, conversei com Bruna sobre nossa noite e ela só conseguia rir de tudo o que aconteceu. Peguei o remédio no balcão, coloquei o chá em uma caneca grande e subi para o quarto de Luan. Quando entrei, ele continuava sentado na cama, com o rostinho ainda vermelho, fazendo algumas caretas e falando baixinho. Só quando sentei ao seu lado que ele percebeu minha presença, me olhou como se estivesse pedindo socorro e arrumou meu cabelo.

– Toma esse remédio. – O entreguei – E toma esse chá também.

– Que é isso? – Fez careta me olhando.

– É um chá com ervas medicinais, ele vai fazer você se sentir novo. – Ele tomou sem reclamar muito.

– Tá bom? – Perguntei fazendo carinho em seu rosto.

– É forte, mas é bom. – Tomou mais um pouco – Arde na garganta. – Falou fazendo careta e foi impossível não rir do seu jeito lindo – Pronto. – Me entregou a caneca.

– Agora deita um pouco. – O ajudei – Você precisa descansar.

– Você vai ficar aqui comigo? – Perguntou deitando na cama.

– Vou, mas preciso ir ao quarto de Bruna.

– Você volta logo?

– Volto. – Beijei seu rosto – É rapidinho.

Enquanto eu seguia para o quarto de Bruna, ele me olhava com uma carinha tão linda, que minha vontade era ficar ali com ele pra sempre. Pedi a ela uma roupa emprestada para que eu pudesse dormir, enquanto isso nós duas assistíamos a um vídeo que ela descobriu na internet. Aproveitei para tomar um banho ali mesmo no seu banheiro, tentei relaxar um pouco, mas meus olhos pesavam e meu corpo pedia socorro. O dia já estava quase amanhecendo quando finalmente eu consegui respirar, voltei para o quarto de Luan e ele continuava deitado sem nem mexer um dedo.

– Pensei que tivesse ido embora. – Falou baixo – Deita aqui comigo? – Deitei um pouco afastada, mas ele me puxou pela cintura, colando completamente nossos corpos – Melhor assim. – Ficamos um de frente para o outro – Senti saudade do seu cheiro. – Cheirou meu pescoço.

– Será que amanhã você vai se lembrar de pelo menos metade de tudo o que me disse essa noite? – Perguntei colocando seu cabelo para trás.

– Eu vou me lembrar de tudo. – Fechou os olhos sentindo os meus carinhos.

– Então agora vamos dormir. – Beijei a pontinha do seu nariz.

– Você promete que não vai embora amanhã cedo? – Perguntou ainda com os olhos fechados – Hem, amor?

– Prometo que eu não vou embora cedo.

– Então boa noite... – Falou com um pouco de dificuldade.

Não respondi, apenas o olhei com admiração e amor, porque era isso e muito mais o que eu sentia por aquele homem que estava bem na minha frente. Continuei fazendo carinho em seus cabelos, enquanto eu pedia baixinho a Deus que não me tirasse Luan. Queria dormir com a certeza de que no dia seguinte ele estaria disposto a continuar ao meu lado. “Eu te amo, meu bem.” 

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