(Capítulo 38 – Ele curtiu)

(Luan Narrando)

Esses dias estavam sendo torturante pra mim, a ausência de Alice me causa um vazio muito grande e isso acaba me assustando. Tentei ligar, mandei flores, cartões, mas ela estava decidida a ir além com sua decisão de cortar relações comigo. Eu confesso que estava ficando louco com isso, porque essa distância não estava me fazendo bem, assim como eu tinha certeza que para ela também não estava. Quase um mês longe da minha menina, eu não conseguia entender o motivo de toda essa dependência, mas eu gostaria muito que ela estivesse ao meu lado nesse momento. Voltei pra casa depois de uma semana intensa de trabalho, Bruna me ligou avisando que por toda essa semana Alice estaria em Orlando e isso só contribuiu para que minha saudade aumentasse mil vezes mais. Recebi um convite de comemoração ao aniversário da casa de shows de Rafa, eu teria um show no sábado, mas ele seria aqui mesmo em São Paulo e terminaria mais cedo. Bruna chegou sentando ao meu lado no sofá, enquanto eu tomava meu tereré e assistia TV.

– O que foi? – Ela perguntou quando eu a olhei.

– Piroca, você sabe se Alice vai nessa festa do Rafa?

– Acredito que sim. – Falou natural – Você não tem show no sábado?

– Tenho, mas vai terminar cedo.

– Então você quer saber se ela vai pra você pode ir?

– É minha chance.

– Ela tá chegando hoje... – Falou pensativa – Posso ver com ela, tá?

– Você faria isso?

– Qualquer coisa pra ver vocês dois bem novamente. – Beijou meu rosto – Vamos torcer para que dê tudo certo.

Eu estava pagando por toda a minha burrice daquela noite, mas eu estava arrependido, ela precisava enxergar isso. Tudo o que eu mais queria, era que Alice me perdoasse e me permitisse construir uma nova história ao lado dela. Passei a tarde inteira com Bruna, planejando nosso sábado, todos os cuidados que deveríamos ter para que Alice não conseguisse fugir mais uma vez de mim. Enquanto conversávamos, olhei meu celular e vi uma foto que ela tinha postado no aeroporto já voltando para o Brasil.

                                    Estou chegando, Brasil!

Sorri ao ver aquela foto, lembrei os dias lindos que passamos juntos e minha saudade dela aumentou ainda mais. Eu precisava ser paciente, porque eu sabia que por ela, toda essa espera valeria a pena. Eu queria que ela acreditasse em mim, que confiasse na minha palavra, que se sentisse segura comigo novamente. 

(Alice Narrando)

Uma semana depois...

Essa semana em Orlando foi muito produtiva, tivemos muito trabalho, mas foram dias inesquecíveis. Eu não poderia estar me sentindo melhor, as coisas finalmente estavam se encaixando e meus pensamentos estavam todos em seus devidos lugares. Eu queria muito que tudo continuasse assim, mas eu sabia que algo ainda estava incompleto dentro de mim. Cheguei ao Brasil na noite de quinta-feira, Laura me buscou no aeroporto e de lá seguimos pra casa. Eu estava exausta por conta da viagem, mas também estava muito feliz e realizada com tudo o que aprendi durante esses dias. Chegamos ao nosso condomínio depois de quase uma hora de estrada, coloquei minhas malas no quarto, tomei um banho demorado e segui para a cozinha. 

– Vamos pedir alguma coisa pra jantar? - Lau perguntou me olhando – Eu não consegui fazer nada.

– Quero qualquer coisa. – Respondi deitando no sofá – Pode ser pizza.

Enquanto Laura pedia nosso jantar, fiquei olhando minhas redes sociais e me surpreendi ao ver que Luan havia curtido a foto que tirei no aeroporto. Vi também alguns comentários de fãs, uns me elogiavam, outros falavam mal e eu só conseguia rir de cada novo comentário.

“Luan curtiu”

“Será que ela tá com Luan?”

“Que mulher linda”

“Ela tá cada dia mais linda”

“Desapega @luansantana meu filho”

“Ridícula”

“Luan já te trocou né fofa?”

“Luan ainda pega será?”

Laura começou a rir quando sentou ao meu lado e se deparou com tantos comentários. Tentei responder alguns amigos, curti algumas fotos e larguei meu celular quando nosso jantar chegou. Eu estava morrendo de saudade de casa, de Laura, do calor e da comida do Brasil, de absolutamente tudo que me pertence aqui. Enquanto nos deliciávamos com nossa pizza tamanho gigante, conversamos sobre minha semana em Orlando. Contei a ela sobre as fotos maravilhosas que fizemos lá, sobre as pessoas que conheci, sobre a experiência incrível. Ela me contou que estava passando por um psicólogo, que tentou tirar uns dias de folga na loja e que estava se sentindo muito bem. Laura estava tentando se encontrar novamente, mas eu tinha certeza que ela se sairia bem em qualquer que fosse a profissão.

– Você vai pra festa do Rafa? – Ela perguntou sorridente.

– Acho que sim. – Respondi tomando um pouco de suco – Você vai?

– Douglas que ir. – Sorriu – E também Rafa está nos esperando.

– Capaz de ele ligar no dia seguinte reclamando que a gente não foi nessa festa.

– Sim, com certeza! – Começou a rir.

– Você sabe se Luan vai? – Perguntei fazendo Laura me olhar surpresa.  

– Douglas me disse que ele tem show no sábado. – Respondeu calma.

– Entendi...

– Tá sentindo falta dele?

– Só perguntei pra não ter o perigo de esbarrar com ele lá. – Levantei seguindo para a cozinha.

– Tentando mentir pra mim, Alice?

– Por que eu estaria mentindo pra você?

– Porque tá na sua cara que você sente falta dele.

– E adianta de alguma coisa?

– E adianta você sofrer por estar longe dele?

– Não quero mais falar sobre isso, tá?

– Tudo bem, mas não faça isso com você.

Tentei mudar completamente de assunto, organizei a cozinha com Laura, deixamos tudo limpo e me recolhi. No dia seguinte eu só passaria na agência para entregar um material para Bruno, mas eu trabalharia o dia todo em casa. Fiquei pensando no que Laura disse e ela estava coberta de razão, eu estava sentindo muito a falta dele. Não era fácil ter que tirar alguém de sua vida, não da uma maneira como está acontecendo com nós dois. Por um lado eu queria esquecer tudo o que aconteceu e correr para os braços dele, por outro eu queria ser forte e continuar seguindo minha vida normalmente. Enquanto eu estava ali perdida em pensamentos, senti meu celular vibrando e sorri ao ver que era Bruna me ligando.

– Oi, oi, amiga! – Atendi animada.

– Menina, como você não me avisa que chegou?

– Eu estava te mandando mensagem agora. – Sorri – cheguei não tem tanto tempo.

– Chegou bem?

– Cheguei!

– Como você tá?

– Estou bem cansada, mas já esticada aqui na minha caminha.

– Vai trabalhar amanhã?

– Não, vou apenas deixar um material para o meu chefe.

– Melhor que você descansa mais um pouco, né?

– Nossa, com certeza!

– Você vai pra festa do Rafa no sábado?

– Não tenho certeza... – Procurei as palavras.

– Queria companhia. – Falou tristonha.

– Seu irmão não vai? – Perguntei com certeza a surpreendendo.

– Ele tem show.

– Eu te dou uma certeza amanhã, tá?

Passei quase duas horas com Bruna no celular, mas o assunto parecia não ter fim nunca. Ela era uma pessoa extremamente especial, me fazia um bem enorme e sempre estava disposta a ajudar as pessoas. Isso era algo que eu amava profundamente nela, porque pra ela não tinha dia ruim. Poucas vezes ela entrou no assunto “Luan” e isso me deixava mais confortável ao conversar por horas com a irmã do cara que eu quero esquecer. Como eu não teria chance de encontrar Luan na festa de Rafa, eu acabei me animando a cada instante que Bruna falava algo relacionado a isso. Era quase uma hora da manhã quando eu finalmente consegui dormir, antes mandei uma mensagem para minha mãe, agradeci imensamente a Deus e sosseguei meu coração.

Acordei no dia seguinte sentindo um cheirinho bom de café fresco, tentei levantar ainda com muito sono e fui até o banheiro. Coloquei minhas pantufas, peguei meu casaco por conta do frio e segui para a cozinha, onde Maria preparava nosso café da manhã.

– Bom dia, Maria!

– Bom dia, Alice! – Sorriu – Chegou ontem? 

– Sim, ontem à noite! – Sentei colocando meus pés em outra cadeira – Laura ainda não acordou? 

– Ela acordou mais cedo, mas disse que não vai trabalhar hoje e que gostaria de dormir um pouco mais.

– Então vamos deixá-la dormir. – Sorri – Pega minha caneca, Maria?

– Como foi sua viagem, Alice?

– Não poderia ter sido melhor!

Tomei meu café ao lado de Maria, contei sobre cada detalhe da minha viagem e ela sorria o tempo inteiro. Conversamos por um bom tempo, até que Laura acordou e tomei café com ela novamente. O restante do meu dia foi tranquilo, fui até a agência, entreguei meu material e ainda passei um tempinho lá com eles. Aproveitei para matar a saudade de Mari e Sthé, almoçamos juntas e conversamos sobre vários assuntos. Para mim tudo estava caminhando bem, mas eu sentia que o destino estava preparando algo muito importante pra mim.