quinta-feira, 25 de maio de 2017

(Capítulo 32 – Confusão interior)

Depois de umas das noites mais inesquecíveis da minha vida, tomei um banho demorado ao lado de Luan e logo estávamos deitados novamente. Eu não queria que aquela noite sumisse da minha memória, mas eu queria que ela se eternizasse também em meu coração. Luan é extremamente carinhoso, respeitador, faz com que eu me sinta segura estando ao seu lado. Ele afasta de mim todos os medos, as dúvidas, os pensamentos de tristeza e angustia que de vez em quando insistem em fazer morada dentro de mim. Luan me causava algo bom, uma sensação de paz, uma vontade de continuar lutando por minha felicidade. Enquanto ele fazia carinho em meus cabelos, me aconcheguei ainda mais em seus braços e procurei meu celular.

– O que tá fazendo? – Perguntou calmo.

– Colocando meu celular para despertar.

– Você tem mesmo que ir trabalhar amanhã?

– Claro que sim. – Beijei seu rosto – Vou tentar descansar um pouco.

– Já são mais de 3h. – Me abraçou ainda mais forte – Não vai conseguir descansar quase nada.

– E a culpa é toda sua. – Choraminguei – Eu não queria ter que ir, mas vai ser o jeito.

– Então dorme. – Coloquei meu braço sobre seu pescoço – Eu estou aqui.

E assim eu consegui dormir, sentindo aquele maravilhoso perfume, além de seus carinhos que me faziam flutuar. Eu estava longe, parecia que algo divino me cercasse de uma maneira que fazia tudo se tornar mais lindo e iluminado. Eu queria continuar ali, porque encontrava uma paz que eu sabia que nada poderá um dia me proporcionar. Acordei com meu celular tocando desesperadamente, era a minha realidade me chamando. Luan se mexeu meio que incomodado, tirei do despertador e levantei com calma para não acordar o meu menino. Enquanto eu tomava um banho demorado, imagens da nossa noite passeavam por minha mente. Um sorriso lindo brotava em meu rosto e de imediato comecei a sentir aquela sensação boa de proteção e carinho. Após o banho, peguei minha bolsa ao lado da cama e comecei a me arrumar, tentando não fazer muito barulho. Quando eu já estava pronta, fui obrigada a acordar Luan para que ele pudesse ir me deixar na agência.

– Luan? – Chamei baixinho – Benzinho? – Realmente não seria fácil – Você pode acordar, por favor? – Ele se mexeu tentando abrir os olhos – Acordou?

– Tem certeza que precisa ir? – Perguntou com dificuldade.

– Sim, eu preciso. – Beijei seu rosto – Você pode me ajudar? – Ele sentou na cama meio atordoado, parecia lutar contra o sono – Desculpa eu ter que te acorda a essa hora.

– Não tem problema. – Respirou fundo – Eu vou ao banheiro. – Levantou com um mau humor terrível me fazendo rir.

Esperei que Luan terminasse de tomar seu banho, enquanto isso eu aproveitei para apanhar nossas roupas que estavam todas no chão. Também arrumei a cama que estava extremamente bagunçada, me fazendo rir e lembrar a noite passada.

– Amorrrrrr. – Gritou do banheiro com aquele sotaque que eu tanto amo. – Pega uma camisa pra mim aí no closet?

– Qualquer uma? – Perguntei seguindo até o closet.

– Sim, qualquer uma. – Peguei uma vermelha que eu amava.

– Aqui, meu bem! – O entreguei – Não demora, hem?

– Estou saindo.

Não demorou muito e Luan já estava pronto, pegamos minhas coisas, ele buscou seu celular e descemos juntos. Não queria ter que me despedir daquela casa linda, mas era preciso naquele momento e seguimos para o nosso destino. Luan dirigia concentrado, enquanto meu sono já me consumia de uma maneira inexplicável. Encostei minha cabeça no banco e fechei meus olhos, tentando descansar o máximo que eu conseguia.

– Está com muito sono? – Ele perguntou. 

– Um pouquinho. – O olhei – Mas daqui a pouco passa. – Fiz carinho em seu cabelo – Quando vamos nos ver novamente?

– De amanhã até terça-feira eu tenho shows no Nordeste. – Respondeu calmo – E na próxima semana tenho gravação de alguns programas no Rio.

– Entendi.

– Sábado tem show aqui. – Me olhou – Você poderia ir.

– Vou ver o que eu posso fazer. – Ele não disse mais nada, apenas continuou dirigindo.

Durante todo o trajeto, Luan continuou calado, sem nem ao menos dizer uma palavra sobre absolutamente nada. Senti meu coração doer, como se algo estivesse acontecendo entre nós dois e eu não ter capacidade de compreender. Queria acabar com aquele clima, queria poder colocar uma música ou simplesmente começar uma conversa, mas não me senti confortável. Várias coisas começaram a passar por minha cabeça, mas logo tentei afastar aqueles pensamentos e fechei meus olhos tentando controlar meu coração. Logo Luan estacionou o carro na frente da agência, me olhou com uma carinha de sono e eu peguei minhas coisas no banco de trás. O olhei, mas ele continuou calado, então quando eu estava abrindo a porta, ele me impediu e me abraçou logo em seguida.

– Eu vou sentir sua falta. – Sussurrou em meu ouvido.

– Eu também vou sentir sua falta.

– Eu vou te ligar. – Acariciou meu rosto – Cuida de você pra mim?

– Cuido. – O abracei com todas as minhas forças.

E então com um beijo ele se despediu de mim, deixando comigo toda a saudade que sua ausência me causava. Aquele dia passou se arrastando, os minutos pareciam horas e eu não aguentava mais ficar ali. A todo o momento eu pensava em Luan, em tudo o que estava acontecendo entre nós e me preocupava bastante com aquela situação. Eu estava com muito sono, meu corpo estava doendo e meu coração parecia cada vez mais apertado. Eu estava sufocada, precisava de um tempo pra mim ou caso contrário, eu iria enlouquecer. Quando meu experiente acabou, me despedi de todos, peguei um táxi e segui para a minha casa. Minha cabeça estava rodando, eu estava sentindo um mal estar insuportável e uma vontade enorme de dormir até que tudo passe. Depois de alguns minutos de trânsito, cheguei ao meu condomínio e cumprimentei seu Pedro que estava sorridente. Subi rapidamente, peguei minha chave na bolsa e abri a porta, dando de cara com Laura e mamãe sentadas na sala.

– Oi, boa noite! – Falei com um meio sorriso.

– Oi, filha! – Fui até ela – Tá tudo bem?

– Está sim. – Beijei seu rosto – Só estou exausta. – Dei um beijo em Laura. – Cadê o Ben?

– Está no quarto falando com um amigo no telefone.

– Eu vou tomar um banho, com licença. – Segui em direção ao meu quarto.

Quando entrei no meu quarto a primeira coisa que fiz foi tirar minhas sandálias, guardei minhas coisas e segui para o banheiro, tudo o que eu mais precisava nesse momento era de um banho bem demorado. Assim que sai do banheiro, vesti um pijama confortável e sentei na cama com a toalha na mão.

– Posso entrar? – Mamãe perguntou batendo na porta.

– Claro que pode. – Sorri a olhando – Seca meu cabelo? – Pedi e ela sorriu pegando a toalha de minha mão.

– Quer conversar? – Ela perguntou carinhosa. – Silenciei por alguns segundos e compreendi que nada eu poderia esconder dela.

– Quero. – Falei com a voz embargada pelo choro.

– Então vamos conversar. – Sentei de frente para ela e tentei falar.

– Sabe quando você sente que tudo não passa de uma ilusão? Quando nada é certo e aquilo se torna algo extremamente confuso dentro de você. – Respirei fundo – Quando naquele momento parece te pertencer, mas minutos depois já não pertence mais e o medo de perder acaba se tornando mais forte que qualquer outra coisa.

– Você está falando de Luan, não é mesmo? – Perguntou calma.

– Sim... – Senti uma lágrima escorrer sobre meu rosto – Eu não sei o que fazer. 

– O que aconteceu? 

– Tem quase três meses que nos conhecemos, mas parece que passou um ano desde que nossos olhares se cruzaram pela primeira vez. – Senti meu coração apertado – É tudo tão intenso, sabe? Desde o primeiro momento, nada pareceu completamente normal.

– Você me falou da impressão de que já se conheciam. – Ela me olhou compreensiva. 

– Eu tenho sempre essa mesma sensação, eu não consigo entender o porquê de tudo isso está acontecendo comigo.

– E o que te deixa tão agoniada dessa maneira, filha?

– A certeza que me consome de que ele nunca será meu. – Mais uma lágrima caiu – Eu sabia que seria assim, eu tinha certeza, mas mesmo assim eu me atropelei e segui em frente. – Enxuguei meu rosto – Mesmo sabendo que nada seria de fato concreto, mas mesmo assim eu quis me iludir.

– E você tem medo?

– Sim, eu tenho medo dele cansar de tudo isso e sumir da minha vida. – Falei com toda a sinceridade do meu coração – Tenho medo desse incerto que nos rodeia, sabe? Medo dele encontrar alguém melhor e simplesmente partir. – Senti um arrepio – Assim como Vicente. – Me permiti chorar – Eu não quero que isso aconteça. – E então mamãe me abraçou fazendo carinho em meu cabelo. – Por que ele tinha que aparecer na minha vida?  Logo quando eu estava tentando organizar, ele vem e muda completamente tudo.

– A gente não pode mudar as coisas de Deus, Alice!

– Ele tem algo que me prende. – Quanto mais eu tentava compreender as coisas, mas confusas elas ficavam – Porque não é possível, existe algo nele que já me pertencia antes de nos conhecermos.

– Por isso toda essa ligação?

– Sim, por isso eu me sinto tão dependente disso. – A olhei – A senhora acha que eu estou ficando louca?

– Você quer saber o que eu acho? – Apenas concordei com a cabeça – Eu acho que você amou tanto Vicente, que imaginou que isso jamais poderia acontecer novamente. – Falou natural – Mas acontece que agora você está amando profundamente outra pessoa e simplesmente não quer aceitar isso.

– Mas, mãe. – Ela me interrompeu.  

– É por isso que você se sente tão confusa. – Segurou minha mão – Você se sente insegura, não consegue focar naquilo que você quer.

– Verdade... – Tentei falar.

– Qualquer pessoa consegue ver a importância que você tem para Luan. – Enxugou minhas lágrimas – Se permita ir além, minha filha.

– Como, mãe?

– Sossegue o seu coração, seja sincera com Luan. – Ela beijou meu rosto – E outra coisa eu preciso te falar. 

– O que? 

– Para de ficar achando que Luan e Vicente são a mesma pessoa. – Falou séria – Eles são completamente diferentes, pode existir algumas comparações, mas não são iguais. 

– Por que está falando isso, mãe? 

– Porque você precisa esquecer Vicente, precisa sair desse buraco emocional onde você se encontra. – Me olhou ainda séria – Vicente estará em paz quando você colocar uma pedra nisso tudo e se permitir viver sua vida com outra pessoa. 

– Tenho medo de todo esse sentimento que sinto por Luan. – O meu coração parecia esmagado – Tenho medo de me magoar. 

– Não fique pensando nisso, meu amor. – Segurou novamente minha mão – Onde você colocou toda a sua coragem? Você não era essa menina medrosa e fraca que está aqui na minha frente. 

– Acho que ela ainda continua aqui. 

– Então a coloque pra fora e enfrente seus medos. 

– Eu vou fazer isso.

– Você está se sentindo melhor?

– Como nunca me senti antes. – A abracei – Obrigada, tá?

– Agora vá descansar, porque você está muito cansada. – Apenas concordei com a cabeça – Quer jantar alguma coisa?

– Quero um copo de chocolate quente.

– Eu vou fazer.

E assim ela saiu do quarto, mas me deixando uma coragem que eu até desconhecia existir dentro de mim. Respirei fundo e por um momento senti como se um peso tivesse sido retirado das minhas costas. Peguei meu celular e fiz exatamente o que meu coração suplicava, disquei o número de Luan e esperei que ele me atendesse.

– Alô! – Atendeu animado.

– Tudo bem?

– Tudo, meu amor. – Ouvi barulho de música alta.

– Tá em casa?

– Sim, estamos fazendo um churrasco aqui.

– Então eu vou deixar você aproveitar o seu churrasco.

– Espera. – Pareceu se afastar do barulho – Você tá bem? – Senti meus olhos se encherem de lágrimas nesse momento – Hem, Alice?

– Estou... – Tentei falar – Só te liguei pra desejar uma boa noite.

– Você não quer vir pra cá? Eu vou te buscar.

– Não, eu estou muito cansada.

– Tudo bem. – Respirou fundo – Cuide-se, hem?

– Luan. – O chamei.

– O que foi?

– Você sabe o quanto é importante pra mim, não sabe?

– Importante quanto?

– Muito.

– Você é bem mais pra mim. – Falou carinhoso. – Tem certeza que não quer que eu vá te buscar?

– Tenho, eu só preciso descasar agora. – Respirei fundo – Eu só queria que soubesse disso.

– Eu jamais vou esquecer.

– Se cuida, meu bem!

– Você também. – Quase sussurrou – Beijo.

– Beijo, boa noite!

Senti um alivio se instalar em meu coração, consegui sorrir e me sentir completa e bem dessa vez. Coloquei meu celular na cama, segui até a cozinha e tomei o chocolate quente que minha mãe tinha preparado. Depois fui até o quarto de Benjamim, onde ele assistia concentrado a um filme de ação que passava na TV.

– Posso entrar?

– Claro, entra aí. – Deitei ao seu lado na cama.

– Filme de ação? – Ele apenas me olhou e concordou com a cabeça.

Eu me sentia bem em estar ao lado de Benjamim, nós tínhamos uma diferença pouca de idade e sempre fizemos tudo juntos. Ele sempre foi esse irmão protetor, ciumento, mas que me ama profundamente ao ponto de enfrentar qualquer coisa por mim. Eu o amava como amava a minha própria vida e jamais me imaginei distante do ser humano incrível que ele sempre foi desde que eu nasci. Eu me sentia desprotegida sem os cuidados de Ben, mesmo que por várias vezes eles fossem sufocantes, mas era algo que vinha unicamente dele. Acabei pegando no sono ali mesmo, ao lado do meu herói, de um dos homens mais importantes da minha vida. 

2 comentários:

  1. Alice me deixa com o coração agoniado por causa desse jeito dela! Aiai! Que venham os próximos cap's! ❤

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  2. Tomara q essa confusao q alice esta sentindo acabe logo,q ela intenda de uma vez por tds o que ela sente por luan e q ela assuma logo.so assim essa confusao dentro dela vai se resolver.eu ja quero outro cap
    Gaby

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