(Capítulo 31 – Minha casa)

Nossa noite estava sendo agradável, estar com minha família e com Luan, me fazia sentir uma sensação maravilhosa. Minha mãe o tempo todo elogiava Luan e estava apaixonada com a maneira com que Douglas tratava Laura. Ela é uma pessoa muito fácil de conquistar, tem um coração enorme e um jeito todo encantador. Durante o Jantar minha mãe perguntou o que Douglas fazia, há quanto tempo eles estavam namorando, se eles se amavam e a gente só conseguia rir de sua preocupação exagerada. Benjamim parecia animado, vez ou outra me olhava quando Luan beijava meu rosto ou segurava minha mãe. Ele sempre foi muito ciumento comigo, mas dessa vez eu conseguia ver em seus olhos que as coisas eram diferentes. Talvez pelo fato de Luan não ser qualquer pessoa, mas alguém que pode ter a mulher que quiser. Eu sabia que ele estava se esforçando por mim, sabia que ele estava tentando se controlar para não abrir a boca.

– Luan, eu nunca imaginei que um dia estaria jantando com você. – Mamãe falou sorridente.

– Para tudo se tem uma primeira vez. – Sorriu – É ótimo estar aqui com vocês.

– É maravilhoso saber que minha filha está em boas mãos. – Me olhou cúmplice.

– Sua filha é muito importante pra mim, Dona Ana. – Beijou minha mão – E pra minha família também.

– Já marcaram a data do casamento? Porque minha irmã não é mulher de uma noite.

– Benjamim! – Quase gritei seu nome.

– Sua irmã jamais será mulher de uma noite. – Luan respondeu calmo – Nem pra mim, nem pra ninguém. – Me surpreendi com sua atitude – Sobre isso você pode ficar tranquilo. – Todos se calaram, inclusive Benjamim que pareceu satisfeito com a resposta de Luan.

– Eu vou buscar a sobremesa. – Laura se levantou constrangida.

– Eu te ajudo.

Fui até a cozinha com Laura, buscamos a sobremesas e ela me olhou sorrindo, mas ao mesmo tempo com um semblante preocupado. Pegamos a sobremesas e levamos para a mesa, Douglas conversava com minha mãe, Benjamim estava estranho e Luan olhava o celular. Servimos todos, sentei ao lado de Luan e o olhei com um sorriso no rosto, me surpreendi ainda mais quando ele me roubou um selinho demorado. Tudo estava saindo da maneira como eu esperava, minha mãe estava se dando bem com Luan e Benjamim parecia conformado por não conseguir acabar com minha noite. Com um tempo já estávamos todos conversando novamente, minha mãe perguntava sobre os shows de Luan, a correria de sua vida e sobre sua família. O tempo todo ela soltava algo engraçado sobre mim e Laura, fazendo os meninos nos olhar rindo. Todos se divertiam, pareciam confortáveis ao estarem ali, era agradável para o meu coração. Depois do jantar, Luan, Douglas e Ben foram para a sala e por um momento até me assustei ao ver Luan e Benjamim conversando. Os três riam alto, colocaram uma música para ouvir e bebiam um pouco de vinho que Laura serviu para eles. Enquanto isso, Laura, mamãe e eu fomos tirar a mesa e tentar organizar um pouco a cozinha.

– Benjamim me assustou. – Falei colocando os pratos na pia.

– Mas Luan respondeu a altura. – Laura sorriu – Bem assim um homem apaixonado.

– Ele é encantador, filha.

– Ele é sim. – Sorri a olhando.

– Benjamim está convencido de que vocês se gostam. – Mamãe me olhou – E não importa se estão namorando ou não, importa que estão juntos e ele sabe bem disso.

– Tia tem toda razão. – Laura completou – Não importa nada, apenas que se gostam e estão aproveitando isso.

– Eu estava morrendo de saudade dele. – Me encolhi.

– Pois vai lá matar mais um pouquinho dessa saudade. – Minha mãe me empurrou para a sala.

Segui para a sala sorrindo, eles continuavam conversando e sorri ao ver ali dois dos homens mais importantes da minha vida. Imaginei meu pai ao lado deles, conversando, falando sobre futebol ou de algo mais interessando que ele viu no jornal. Eu sabia que minha felicidade não seria completa sem meu pai ao meu lado, sem que ele se abrisse para uma verdadeira reconciliação, sem aceitar que eu corra atrás dos meus sonhos. Tentei afastar um pouco todos aqueles pensamentos e cheguei ao meio deles com um sorriso no rosto.

– Vem cá. – Peguei a mão de Luan que me olhou sorrindo. – Com licença, meninos. – Segui com ele até a varanda e fechei uma das portas de vidro. – O que achou?

– Do jantar ou de você toda linda desse jeito? – Segurou minha cintura colando completamente nossos corpos.

– Dos dois. – Respondi o abraçando.

– Amei o jantar, sua mãe é encantadora, mas seu irmão pareceu não gostar muito de mim.

– Ele só é um pouco ciumento. – Beijei seu rosto.

– Agora você. – Mordeu os lábios – Está maravilhosa. – Apenas sorri o abraçando mais forte. – Você sabe que eu estou morrendo de saudade, né? – Sussurrou em meu ouvido – Não foi fácil passar tanto tempo longe de você.

– Não?

– Não, porque o tempo todo eu pensava em você. – Mordeu meu queixo – Queria muito te roubar agora e te levar pra uma praia deserta. – Sussurrou me fazendo arrepiar.

– Uma praia deserta? – Perguntei o olhando.

– Imagina uma praia deserta só pra nós dois? – Mordeu minha orelha – A gente fazendo amor enquanto as estrelas nos observam sorrindo.

– Você não pode fazer isso comigo. – Reclamei o olhando – Sabia que amanhã eu ainda trabalho?

– Não tem como faltar só amanhã? – Perguntou cheirando meu pescoço – Eu estou ficando louco.

– Benzinho, eu não posso. – Segurei seu rosto – Mas não por falta de vontade. – Então antes que ele pensasse em responder, o beijei com toda vontade do meu coração.

Sentir o beijo Luan depois de quase 20 dias fez meu corpo se acender, um arrepio na alma, uma vontade de nunca mais pensar em estar longe dele. Quanto mais nos beijávamos, mas tínhamos vontade de continuar ali, até que eu percebi que a coisa estava esquentando e interrompi o beijo.

– Luan... – Tentei recuperar o fôlego.

– Desculpa, mas eu não resisto a você. – Passou a mão no rosto – Você não faz ideia do quanto eu senti sua falta.

– Eu sei amor. – Beijei seu rosto – Eu também senti sua falta.

– Eu sou louco por você. – Me olhou nos olhos – Eu só queria poder sair daqui.

Eu sabia que Luan estava necessitado e por um lado isso me deixava feliz, porque era sinal de que ele só esperava unicamente por mim. Eu também estava com saudade dele, sentia uma necessidade enorme de senti-lo, então eu não poderia deixa esse momento passar. Pedi que ele esperasse ali mesmo, entrei na sala e pedi que minha mãe viesse comigo até o quarto.

– O que foi? – Perguntei sentando comigo na cama.

– Mãe, a senhora sempre foi a minha melhor amiga. – Falei a olhando.

– Alice, o que você quer? – Comecei a rir de seu jeito – Eu sei que quer me pedir algo.

– A senhora ficaria chateada se eu desse uma saidinha com Luan?

– E por que eu ficaria?

– Ah, porque vocês estão aqui. – Tentei falar – E na primeira noite eu já ter que sair.

– Amor, isso não importa. – Me olhou sorrindo – Eu sei que vocês estão com saudade um do outro, então vá lá matar essa saudade.

– Tão direta. – A olhei surpresa – A senhora não era assim quando eu namorava Vicente.

– Alice, hoje você é uma mulher. – Segurou minha mão – Eu sei que você tem juízo o suficiente para saber o que está fazendo.

– É por essas e outras atitudes que eu amo tanto a senhora. – A abracei com carinho.

– Mas espere. – Desfez o abraço – Amanhã você não trabalha? – Perguntou confusa.

– Sim, mas aí ele me deixa amanhã cedo na agência. – Sorri a tranquilizando – Vou levar minhas coisas.

– Então tudo bem.

– A senhora poderia me fazer um favor? – Ela concordou com a cabeça – Chama o Ben pra cá? Eu não quero que ele implique com isso também.

– Eu vou até o quarto dele.

– Sabia que eu te amo? Obrigada! – A abracei com todas as minhas forças.

– Também te amo! Cuida-se, hem?

– Pode deixar.

Enquanto ela seguia para o quarto de Benjamim, coloquei algumas coisas dentro de uma bolsa pequena, peguei meu material para trabalhar no dia seguinte e segui para a sala. Antes passei próximo ao quarto e minha mãe conversava algo com Ben relacionado ao meu pai, sorri aliviada por ele não presenciar minha saída com Luan. Vi que Laura estava na cozinha com Douglas, então coloquei minhas coisas no sofá e fui onde Luan ainda estava.

– Voltei.

– Onde estava? – Perguntou me puxando para ele.

– Conversando rapidinho com minha mãe. – Arrumei seu cabelo – Promete ir me deixa na agência amanhã cedo? – Perguntei natural e ele sorriu bobo.

– Claro que eu prometo. – Beijou meu rosto.

– Então eu sou toda sua essa noite.

Ele não disse mais nada, apenas segurou minha mão e voltamos para a sala, onde lá nós pegamos minhas coisas e saímos sem nem mesmo nosso casal perceber. Descemos rindo, parecíamos dois fugitivos e isso me fazia extremamente feliz, como em poucas vezes eu me senti na vida. Chegamos ao estacionamento, entramos no carro e ele me olhou como se quisesse me dizer algo, mas não sabia como. Então apenas eu o beijei novamente, passando a ele todo o meu amor e admiração por tudo o que ele vem se tornando pra mim.

– Pra onde nós vamos? – Perguntei quando encerramos o beijo.

– Aceita qualquer lugar comigo? – Perguntou arrumando meu cabelo atrás dos ombros.

– Qualquer lugar.  

Ele selou nossos lábios, mandou uma mensagem para alguém e sorriu satisfeito ao receber uma resposta. Logo Luan deu partida no carro, beijou minha mão e seguiu agora extremamente concentrado. Enquanto Luan dirigia, encostei minha cabeça no banco, olhei as horas e já se passavam das onze. Senti meus olhos pesados, meu sono começava a aparecer e um pouco de moleza em todo o meu corpo. Respirei fundo e continuei concentrada na minha noite maravilhosa com Luan, como era bom estar ali com ele. Depois de quase cinquenta minutos de estrada, chegamos a um condomínio fechado, bem discreto e muito bonito. Nossa entrada foi rapidamente liberada, Luan estacionou o carro próximo a uma das casas e descemos juntos.

– Onde estamos? – Perguntei enquanto ele andava segurando minha mão.

– Em um condomínio. – Respondeu segurando o riso. 

– Isso eu estou vendo. – O olhei séria – Mas quem mora aqui?

– Entra. – Ignorou minha pergunta abrindo a porta pra mim.

A casa era linda, aconchegante, com um ar bom e uma decoração extremamente maravilhosa. Por fora ela parecia bem maior, mas por dentro tínhamos a sensação do acolhimento de uma casa pequena. Alguns quadros na parede, uns porta-retratos na estante com fotos de pessoas familiares pra mim e uma vitrola próximo ao sofá, que também parecia ser bem aconchegante. Olhei todo aquele lugar com uma admiração, senti uma paz imensa em estar ali, em sentir aquele cheiro bom. Senti Luan me abraçar por trás, colocar seu queixo em meu ombro e calmamente sussurrar em meu ouvido.

– Essa casa é minha. – Virei para que eu pudesse o olhar.

– Sua? – Perguntei confusa – Por que você tem essa casa?

– Porque as vezes eu preciso de um lugar só pra mim. – Sentou comigo no sofá – Preciso de um lugar só meu, é completamente natural do ser humano.

– Essa casa é linda. – Olhei ao redor – Por que nunca me contou?

– Porque eu estava esperando o momento certo para te trazer até aqui.

– Devo me sentir importante por isso? – O olhei carinhosa.

– Você é importante.

E sem mais palavras, ele me beijou intensamente, me colocou em seu colo e subiu as escadas comigo. Entramos em seu quarto ainda aos beijos, ele me colocou em sua cama com todo cuidado do mundo e me olhou com amor. 

– Quero que seja diferente dessa vez. – Beijou meu rosto – Quero te amar a noite toda. 

– Eu sou toda sua.

E assim nós nos amamos uma, duas, três vezes, até que nos sentimos exaustos e cheios de um amor que era completamente novo para nós dois. Quanto mais ele me tinha, mas a necessidade gritava, mais o amor aumentava e mais a vontade se tornava forte. Eu queria Luan não apenas mais essa noite, mas eu queria para a vida toda se possível fosse. Queria poder fazer parte de sua vida, mas não só como mais uma que passou por ela, mas a que chegou e permaneceu. Eu queria que ele sentisse todo o amor que eu estava sentindo, todo o desejo que estava me consumindo, toda a vontade que eu tinha de continuar ali, por mais algumas vidas.