(Capítulo 13 – Minha princesinha)

(Luan Narrando)

“Se você tivesse chegado antes, eu não teria notado. Se demorasse um pouco mais, eu não teria esperado. Você anda acertando muita coisa, mesmo sem perceber. Você tem me ganhado nos detalhes e aposto que nem desconfia. Mas já que você chegou no momento certo, vou te pedir que fique. Mesmo que o futuro seja de incertezas, mesmo que não haja nada duradouro prescrito pra gente. Esse é um pedido egoísta, porque na verdade eu sei que se nada der realmente certo, vou ficar sem chão. Mas por outro lado, posso te fazer feliz também. É um risco. Eu pulo, se você me der a mão. Você não precisa saber que eu choro porque me sinto pequeno num mundo gigante. Nem que eu faço coisas estúpidas quando estou carente. Você nunca vai saber da minha mania de me expor em palavras, que eu escrevo o tempo todo, em qualquer lugar. Muito menos que eu estou escrevendo sobre você neste exato momento. E não pense que é falta de consideração eu dividir tanto de mim com tanta gente e excluir você dessa minha segunda vida, porque há duas maneiras de saber o que eu não digo sobre mim: lendo nas entrelinhas dos meus textos e olhando nos meus olhos. E a segunda opção ninguém mais tem.”

Depois de deixar Alice, voltei para o meu hotel e antes de subir, recebi uma mensagem de Roberval avisando que a galera estava toda reunida na piscina. Quando cheguei lá vi Max que tinha chegado pra participar comigo de um programa que iríamos gravar no dia seguinte.

– Fala aí macaco.

– Fala aí boi, tava onde? – Perguntou me oferecendo um copo de cerveja.

– Estava com a Alice. – Respondi tomando um pouco da minha bebida.

– Tu tá apaixonado mesmo por essa guria, hem? – Perguntou rindo – Doidinho quando ela tá por perto.

– Apaixonado? Acho que essa não é a palavra certa para o que eu sinto por Alice. – O olhei sério – Ela me faz bem.

– É amor, cara.

– Tá doido, macaco? – Neguei com a cabeça – Só estamos nos divertindo.

– Se divertindo? Se divertindo você estava com aquela loira da semana passada. – Colocou mais cerveja no seu copo – Eu vejo nos teus olhos que com a Alice é diferente.

– Pode ser... – Respirei fundo – Eu não consigo entender essa sensação que eu sinto de que já nos conhecemos há muito tempo.

– Tipo aquela parada de outras vidas? – Perguntou levantando uma sobrancelha.

– É cara, é tipo isso aí.

– Quero conhece a Alice. – Falou rindo – Testa disse que ela é gostosinha. 

– Gostosinha é a minha mão naquela testa grande dele. – Me irritei com a maneira como ele falou – Alice é uma princesa.

– Ih, tá apaixonado mesmo.

– Não cara, é serio... – Tomei o restante da minha bebida – Eu não sei o que tá acontecendo, mas ela mexe muito comigo.

– E a Camila? – Perguntou fazendo meu corpo arrepiar só de ouvir o nome dela.

– A Camila é outra história.

Passamos a noite quase toda ali, bebendo, tocando umas modas, conversando sobre vários assuntos. Quando já estava clareando, subi para tentar descansar um pouco até a hora de sair para gravar o programa. Enquanto o sono não me pegava, fiquei pensando na conversa que tive mais cedo com Max e me perguntando se realmente eu estava apaixonado por Alice. Que ela mexia profundamente comigo, isso eu não tinha como negar, mas apaixonado? A imagem daquele rostinho lindo não saia da minha memória, o seu cheiro estava impregnado em meu corpo, a maneira como ela sorria, seu jeito encantador de conversar, tudo era tão familiar e especial. Alguma coisa tinha ali, não era possível. Quando fiquei com aquela mulher na semana passada, realmente eu imaginei que seria bom ou no mínimo “normal”. Mas a imagem de Alice não saia da minha cabeça e a todo o momento me sentia um idiota por tentar encontrar em outras, o que ela me ofereceu em uma única noite. Eu não quero nada sério com ninguém, não quero me envolver e acabar sofrendo com as consequências. É fato que o que eu sinto por Alice é muito forte, mas não vai passar disso, porque tudo é muito complicado e a ultima coisa que eu quero nesse momento é magoar minha menina.

Acordei já se passavam das 2hs com meu celular tocando insistentemente, atendi e ouvi a voz de Roberval enchendo o meu saco para que eu acordasse. Levantei sem muita vontade, tomei um banho frio e me arrumei para que pudéssemos ir para a gravação do programa. Enquanto eu procurava o numero de Alice, Testa chegou já com meu almoço em mãos.

– E aí, boi.

– Fala aí testa. – Primeira chamada... – Deixa meu almoço aí. – Segunda chamada...

– Oi, príncipe. – Ela atendeu calma.

– Oi, minha linda. – Sorri ao ouvir sua voz – Ainda tá no hotel?

– Não, já estou no aeroporto.

– Já? Acho que dormi demais. – Testa me olhou rindo – Você tá bem?

– Estou com fome... – Ouvi um barulho de papel amassado – Estou comendo pãezinhos de queijo.

– Você tá comendo e continua com fome? Como é que pode isso? – Rimos do seu jeito engraçado.

– Eu também não entendo.

– Você é demais, hem?

– Agora estou aqui esperando na sala de embarque.

– Quando chegar me liga? Vou almoçar agora e sair correndo pra gravar um programa.

– Eu ligo sim, pode deixar. – Silenciou por quase um minuto.

– Alice?

– Você não vai ter sossego essa semana, né? – Perguntou baixo.

– Pra você? – Silenciou novamente.

– Também. – Eu poderia imaginar seu sorriso tímido do outro lado da linha.

– Pra você eu sempre terei um pouquinho de sossego.

– Você é um bobo.

– É eu sei. – Ouvi sua risada gostosa.

– Vá almoçar, quando eu chegar te ligo.

– Eu espero... – Respirei fundo – Se cuida, tá? E boa viagem.

– Obrigada.

– Beijo.

– Beijo, até mais tarde.

(fim da ligação)

– O negócio tá sério assim? – Testa perguntou enquanto organizada minhas coisas.

– Não tem nada sério. – Respondi enquanto comia.

– Você tá iludindo a guria? Isso não se faz com uma coisa bonitinha daquelas.

– Ela não é dessas mulheres que você fala, testa. – O olhei sério – Ela é maravilhosa e merece respeito.

– Tá certo, cara. – Voltou a organizar minha mala – Desculpa aí.

– Não cara, tá de boa. – Comi mais um pouco – Só que ela é especial pra mim.

Enquanto ele continuou organizando tudo, terminei de comer e pensei em como as coisas se tornavam bonitas quando eu incluía ter Alice comigo. Independente do que seria daqui pra frente, eu queria que ela continuasse ali, ao meu lado, sentindo aquela paz que sua presença me causava. Eu não queria pensar que as coisas estavam indo rápido demais ou simplesmente saber que não temos nada, só queria que continuássemos assim até o dia que Deus quisesse. Ela é uma das mulheres mais maravilhosas que eu já conheci, tem uma doçura que a acompanha em todas as situações. Ela me trazia um sossego, uma coisa boa que não tinha como explicar, mas era uma paz que nenhuma outra me trazia. 

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(Alice Narrando)

Depois de Laura me buscar no aeroporto, quando chegamos ao condomínio já se passavam das 17h00min. Como imaginei que naquele momento Luan deveria estar gravando o programa, mandei apenas uma mensagem avisando que eu já estava em casa. Tomei um banho demorado, vesti uma roupa quentinha por conta do frio de São Paulo e segui para a sala, onde Laura pedia uma pizza para o nosso jantar. Enquanto isso conversamos sobre meus dias no Rio, sobre meu maravilhoso trabalho e claro, o meu encontro com Luan.

– Aí meu Deus, você contando assim eu me apaixono ainda mais por vocês. – Falou toda animada – E esse lugar que ele te levou?

– Foi um lugar lindo, Lau... – Sorri lembrando aquela noite – As minhas estrelas sorrindo loucamente pra mim.

– Que coisa linda.

– Ele é tão incrível, não sei explicar. – A olhei sorrindo – E ele me conhece tão bem.

– Sendo que vocês se conhecem há tão pouco tempo, né? Isso é muito incrível.

– Por que será que eu tenho essa impressão, Laura? Essa impressão de que ele já fez parte da minha vida antes?

– Eu não sei. – Segurou minha mão – O que eu sei é que a cada dia isso mexe mais com você.

– Sim, você tem razão.

– Coisa que só uma pessoa teve esse poder. – A olhei já com lágrimas nos olhos. – Vicente.

– Só ele tinha o poder de me fazer plenamente feliz. – Pensei em meu menino como se ele estivesse ali – Só ele conseguia roubar o meu mais lindo sorriso.

– E agora Luan também tem esse poder, porque seus olhos brilham quando fala dele.

– Eu não quero me iludir achando que eu poderei um dia ter Luan unicamente pra mim. – Abaixei minha cabeça – Eu não quero sofrer.

– Então deixe que as coisas caminhem da maneira como Deus quiser. – Apenas concordei – Eu sei que você sente algo muito bonito por ele, mas sei também até onde você pode ir.

– Você sabe. – A abracei com todo o meu carinho – Obrigada.

– Tudo o que eu mais quero na vida é sua felicidade.

Passamos horas conversando sobre absolutamente tudo, trabalho, amor, sobre nossos pais e sobre minha saudade de casa. Era incrível como ela me entendia tão bem, como os assuntos não tinham fim para nós duas, porque tudo era motivo de mais tempo juntas. Quando já se passavam da meia noite, nos recolhemos e dormimos maravilhosamente bem, afinal, no dia seguinte eu teria muito trabalho para tratar todas as fotos da campanha no Rio. Acordei no dia seguinte com o sol batendo no meu rosto, senti um cheirinho de café e sem nenhuma vontade, levantei com minha barriga roncando de fome. Tomei um banho, me arrumei e segui para a cozinha onde Laura mesmo fazia nosso café.

– Bom dia! – Sorri a olhando – Ué, cadê a Maria?

– Oi, bom dia! Ela foi ao médico.

– Ao médico? O que aconteceu? – Perguntei a ajudando com os pães.

– Ela ligou avisando que não estava se sentindo bem desde ontem, aí disse que estava indo ao médico.

– Coitadinha. 

– Não sei viver sem a Maria. – Choramingou – Olha a bagunça que eu fiz.

– Relaxa, eu vou te ajudar. – A acalmei limpando a sujeira que ela tinha feito – Depois vou ligar pra saber como ela está. 

– Faça isso, porque não terei tempo. – Reclamou enquanto se servia. 

– Você está muito estressada hoje, aconteceu alguma coisa? 

– Nada, mas acho que preciso de férias.

– E por que não aceita o convide de Douglas? Assim você terá chance de descansar um pouco.

– Vou conversar com ele esse final de semana. – Tomou um pouco do seu café – Ah, sábado temos o aniversário do Rafa.

– Sério?

– Ele já mandou os exibíveis.

– Vai ser na casa de shows dele?

– Sim, lá mesmo. – Sorri ao lembrar que foi lá que meus olhos cruzaram os de Luan pela primeira vez.

Após nosso café da manhã, tentamos organizar rapidamente a cozinha, pegamos nossas coisas e seguimos para nossos destinos. Cheguei à agência já com todo o material em mãos, caminhei até a sala de Bruna e lá ele me recebeu maravilhosamente bem. Ele perguntou sobre a viagem, o que eu tinha achado da equipe e de Juliana, da organização e principalmente de toda a campanha. Conversamos por horas, ele amou todo o material e disse que com certeza meu nome seria o primeiro para o próximo desafio. Ser reconhecida pelo o meu trabalho é algo que eu sempre sonhei, sempre lutei para conseguir ser o que eu sou hoje e nada poderia me parar. Eu me sentia extremamente em paz comigo mesma, eu estava conquistando tudo àquilo que um dia eu sonhei ao olhar aquelas estrelas no céu. Meus pais sempre me ensinaram a aceitar a realidade da vida, sempre com os pés no chão, mas nunca desistir dos meus sonhos.