segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

(Capítulo 73 – Feliz natal)


O meu sábado chegou lindo, era dia 23 de dezembro de 2017, estávamos prestes a colocar nossos pés em Florianópolis e viver um dos anos mais lindos de nossas vidas. Depois do que aconteceu na casa de Luan, eu tentei ao máximo não alimentar em meu coração, todas as palavras horríveis que Camila me disse. Eu queria esquecer aquele dia, queria apagar da minha memória e só guardar os momentos bons que ele me proporcionou. Eu estava feliz, animada com nossas festas de final de ano, pois minha família sabia muito bem aproveitar essas datas comemorativas. Tudo era muito mágico, nos traziam muitas coisas boas, uma energia maravilhosa. Óbvio que eu não estava completa, que ainda me faltavam algumas pessoas especiais, mas eu agradecia imensamente a Deus por tudo o que me aconteceu durante esse ano. O melhor de todos os presentes estava bem ali comigo, crescendo dia após dias dentro de mim, me alimentando uma esperança sobrenatural. Eu o amava, amava meu filho como nunca amei nada nem ninguém nessa vida. Ele me completava profundamente, fazia de mim uma pessoa melhor, me trazia felicidade, uma felicidade que eu estava aprendendo a conhecer e amar. Quando colocamos nossos pés no aeroporto, tio Ricardo estava nos esperando animado como sempre. Seguimos para sua casa conversando, ele não parava de dizer que tudo estava lindo para nossa noite de natal. Assim que chegamos na casa mais acolhedora do mundo, fomos maravilhosamente recebidas com muito amor por tia Lúcia e Gabi. Guardamos nossas coisas no quarto que foi carinhosamente preparado para nós duas, tomamos um banho, colocamos uma roupa confortável e voltamos para a sala.

– É tão bom ter vocês aqui! – Tia Lúcia nos abraçou com todo seu amor – A viagem foi cansativa?

– Foi até rápida. – Laura respondeu abraçando sua mãe.

– Seu namorado vem pra cá no réveillon, Laura? – Seu pai perguntou.

– Vem sim! – Respondeu animada.

– E Luan? – Gabi perguntou me olhando.

– Ele está passando o natal com a família. – Respondi um pouco incomodada.

– E vocês estão bem? – Ela insistiu.

– Será que nós poderíamos falar sobre isso depois? – Perguntei a ela.

– Vocês terminaram? – Pareceu decepcionada.

– Quer deixar sua prima em paz, Gabriela? – Ela não respondeu, apenas saiu correndo para o seu quarto.

– Eu acho que eu preciso conversar com ela. – Me senti culpada por causar aquela situação.

– Conversa, mas não fala do bebê. – Laura falou seguindo até a cozinha.

Gabi não sabia da minha gravidez, depois que Laura contou aos meus tios, eles decidiram guardar esse “segredo” por mais um tempo. Tanto por mim, quanto por sua vida como fã de Luan, ela poderia até contar a alguém e acabar causando uma grande confusão. Eu sabia que uma hora ou outra ela teria que saber, mas por enquanto, as coisas funcionariam melhor assim.

– Posso entrar? – Perguntei batendo na porta.

– Agora você quer conversar comigo? – Ela parecia chateada.

– Me desculpa? – Sentei ao seu lado na cama – Eu não quis ser grossa com você, nem nada do tipo.

– Então por que você não respondeu minha pergunta? – Me olhou com os olhinhos cheios de lágrimas.

– Nós não estamos tão bem como antes. – Respondi a olhando.

– É por conta da volta daquela ex-namorada dele?

– Talvez. – Respondi procurando as palavras certas – As coisas foram ficando meio complicadas pra gente.

– Foi por isso que nunca mais saiu nada sobre vocês. – Ela estava triste – Eu não quero que vocês terminem o namoro.

– Infelizmente as coisas nem sempre acontecem como a gente quer. – Enxuguei uma lágrima que caiu em seu rosto.

– Você não o ama mais?

– Se eu te contar que eu o amo ainda mais agora, você acreditaria?

– Eu não entendo... – Me olhou confusa. – Então por que vocês estão assim?

– Porque é tudo muito complicado, meu amor.

– Vocês que complicam tudo.

– Me desculpa por te decepcionar?

– Você ainda será muito feliz ao lado dele. – Ela me olhou carinhosa – Eu tenho certeza absoluta do que eu estou falando.

– Você tem?

– Eu ainda vou no casamento de vocês. – Falou me fazendo rir com sua inocência. – Vocês se amam e merecem ficar juntos pra sempre.

– Eu também acredito nisso. – Segurei sua mão – O que nasceu pra ser...

– Um dia acaba sendo. – Ela completou rindo.

– Obrigada por acreditar em nós dois, no nosso amor. – A olhei com carinho.

– Eu não sei o que está acontecendo, mas eu sei que tudo ficará bem novamente.

E então ela me abraçou com todo o seu amor, com sua luz, com aquela pureza de criança que encanta a todos. Eu não tinha certeza se tudo o que ela disse poderia um dia se concretizar, mas minha alma suplicava por isso. Depois da nossa maravilhosa conversa, voltamos para a sala, rindo e comentando sobre o que umas fãs fizeram no ultimo show de Luan. Aproveitamos para ajudar tia Lúcia a organizar a casa, pois no dia seguinte nós receberíamos o restante da família. Enquanto tio Ricardo e Gabi terminavam de limpar o jardim, fiquei conversando com minha tia e Laura na cozinha.

– E quando vai saber o sexo do bebê, Alice? – Minha tia perguntou.

– Próximo mês, tia. – Respondi sorrindo – Vou esperar Luan voltar das férias.

– Ele tira férias em janeiro?

– Sim, ele volta mais ou menos no meio do mês.

– É o tempo que você faz três meses, né? – Laura perguntou.

– Sim.

– E seu médico é bom?

– O primeiro médico que eu me consultei, era maravilhoso. – Respondi cortando uma cebola – Agora vou começar a ser acompanhada por uma médica.

– Mas por que mudou?

– A mãe de Luan pediu. – A olhei – É uma médica da família, tem esse lado de ser filho de um cantor famoso.

– Ah, entendi! – Ela concordou – Ela tem razão, porque não é todo médico que sabe lidar com isso.

– Sim, exatamente!

– E como vocês estão? – Ela perguntou me olhando – Como ele reagiu como tudo isso?

– Ele reagiu da melhor maneira possível. – Respondi rindo – Ele é completamente apaixonado por esse bebê.

– Não só pelo bebê. – Laura retrucou.

– Ah, disso a gente tem certeza. – Minha tia deu corda.

– Vocês, hein? – Comecei a rir – Eu não tenho dúvidas que Luan será um pai maravilhoso.

– Mas vocês dois estão bem? – Ela continuou.

– Ah, tia... – Procurei as palavras – As coisas estão meio confusas.

– O que está acontecendo? – Ela perguntou preocupada – Vocês parecem guardar um amor tão grande.

– Talvez esse amor que esteja nos segurando até agora.

– Mãe, eu quero água! – Gabi entrou bem na hora – Do que vocês estão falando?

– Estávamos comentando que eu nunca chorei ao cortar cebola.

– Eu choro. – Ela me olhou intrigada – Choro muito.

Continuamos conversando, agora com a presença de Gabriela, que não parava de falar um minuto. Ela tagarelava e olhava seu celular, que logo descobrimos que era por motivos de: “meu ídolo entrou no twitter”. Acabei dando uma olhadinha com ela, ele tentava inutilmente responder a todos, encantava as meninas com um simples “também te amo”. Eu me sentia agoniada por elas, por aquela esperança dele responder, dele ao menos ver alguma delas. Gabi falava com ele, com aquele olhar pidão de: “por favor, olha aqui pra mim”. Enquanto Gabi continuava presa naquele twitter, eu e Laura começamos a empacotar todos os presentes para a nossa noite de natal. E assim nós passamos quase o restante do dia, separando, empacotando e guardando os presentes. Quando nossa noite chegou, aproveitei cada momento ao lado da minha família, daquelas pessoas que me traziam tanta felicidade. Ainda era um pouco cedo quando decidimos nos recolher, pois o dia seguinte seria bastante cansativo e animado. O cansaço começou a tomar meu corpo, eu estava sentindo uma tontura, me fazendo dormir logo depois de um banho quente.

O dia seguinte chegou lindo, estávamos animados com esse dia tão especial para todos. Conseguimos organizar o restante da casa logo pela manhã, deixando tudo maravilhosamente lindo. Aos poucos alguns tios, primos, amigos foram chegando, carregados de presentes e uma alegria que contagiava a todos. Era tão bom reencontrar aqueles rostos conhecidos, aquelas pessoas que fizeram e continuam fazendo parte da minha vida. Alguns deles continuariam com a gente para o réveillon, outros apenas passariam o natal e voltariam para suas casas. Assim que terminamos de preparar toda a ceia com a ajuda de minhas tias, todos seguiram para seus quartos. Era hora de colocar nossa melhor roupa, assim como nosso melhor sorriso. Depois de prontos, meus tios bebiam um vinho na sala, enquanto minha tia cuidadosamente terminava de colocar as comidas na enorme mesa do jantar.

Quando o relógio bateu 00h00, nós sentamos todos ao redor da mesa e fizemos uma oração de agradecimento. Naquele momento, eu aproveitei para agradecer imensamente a Deus, mas também para pedir por meus pais. “Que a magia do natal, possa invadir o coração do meu pai.” Era o que eu mais pedia, para que ele se tornasse alguém melhor, que aceitasse minha felicidade. “Que próximo ano eu possa estar ao redor de toda a minha família.” Pedi com todas as minhas forças. Acabei lembrando automaticamente de Luan, pedi por ele, por nosso relacionamento e por tudo o que sentimos um pelo outro. Percebi que eu chorava, quando senti os braços de Laura me acolherem amorosamente, fazendo todos os meus medos irem embora.

– Você não está sozinha. – Ela falou no meu ouvido.

Finalmente, depois de alguns breves minutos, nós começamos a nos servir daquela maravilhosa ceia de natal. Tudo era uma grande felicidade quando nossa família estava reunida, porque colocávamos bons motivos em tudo. Depois do nosso jantar, seguimos todos para a sala, pois era chegada a hora da troca dos presentes. Aquele momento era o mais divertido de todos, pois nós comprávamos presentes e na hora tirávamos o nome de uma das pessoas. Por exemplo: se eu comprei uma camisola e tirei o meu tio, ele tinha que ficar com a camisola. Eu acabei ganhando algo que eu simplesmente amava, pantufas no formato de unicórnio. Era quase 3h00 da manhã quando terminamos aquela farra, com todos já exaustos de tanto rir um dos outros. Percebi que eu tinha esquecido completamente do meu celular, procurei em alguns lugares da casa, mas acabei encontrando dentro do banheiro do meu quarto. Vi algumas ligações perdidas da minha mãe, outras de benjamim, assim como as de Luan. Comecei ligando para a minha mãe, conversamos por alguns minutos, até ela começar a chorar e passar para o meu irmão. Ele me avisou que passaria o réveillon comigo, que aquele natal foi o pior de toda a sua vida e que tudo precisaria mudar. Por ultimo liguei para Luan, seu celular chamou duas, três vezes, na quarta ele atendeu.

– Boa noite! – Ele atendeu carinhoso.

– Quase bom dia... – Falei rindo – Me desculpa a demora pra ligar, mas eu esqueci completamente meu celular.

– Como está passando seu natal?

– Graças a Deus, tudo está correndo maravilhosamente bem! – Respondi calma – Mas sabe quando você sente que está faltando algo?

– Eu estou sentindo isso nesse momento. – Respirou fundo – Tudo o que eu mais queria, com toda certeza, era ter vocês aqui comigo.

– Sonho com um natal que eu possa ter você, meus pais, meu irmão, nosso filho. – Confessei triste.

– Quem sabe no próximo ano nosso natal não seja assim? – Tentou me animar.

– Você acredita nisso? – Perguntei suplicando por uma resposta positiva.

– Eu acredito muito nisso. – Respondeu confiante.

– Então eu confio em você.

– Isso me deixa muito feliz... – Sorriu – E como está o nosso bebê?

– Ele anda muito comportado esses dias. – Respondi fazendo carinho em minha barriga – Nem me fez enjoar tanto.

– Você tá com sono? – Perguntou ao perceber minha voz de cansaço.

– Eu estou me sentindo muito cansada.

– Então é melhor você ir dormir, porque daqui a pouco amanhece o dia. – Falou preocupado.

– Eu acho que é isso que eu vou fazer.

– Cuida de vocês pra mim? – Ele pediu carinhoso.

– Não se preocupe, eu vou cuidar. – Silenciei.

– Alice? – Ele me chamou depois de alguns segundos de silêncio.

– Oi!

– Eu amo vocês! – Sorri ao ouvir sua confissão.

– Nós te amamos, muito! – Respondi com toda a certeza do meu coração.

– Promete que não vai se esquecer da gente?

– Jamais eu poderia esquecer. – Respirei fundo – Se cuida.

– Feliz natal pra vocês!

– Feliz natal, papai! – Sorri.

E assim encerramos mais uma ligação entre tantas outras que eu guardei na minha memória. Se existia uma coisa de que eu não tinha dúvidas, era do nosso amor, da ligação que existia entre nossas almas. E conforme nosso filho crescia dentro de mim, mais forte nosso amor se tornava, mais esperança eu tinha de dias de completa realização entre nós.

Um comentário:

  1. Como nao amar esses dois.n guento essa distância,que eles começem o ano novo com o pe direito e vida nova.e gabi toda positiva com o mesmo pensamento e vontade que a gente.
    Assim q der continue.
    Gaby

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