segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

(Capítulo 72 – Encontro desagradável)


Dias depois...

O mês de dezembro estava correndo, cheguei à minha oitava semana de gestação, enquanto eu me sentia cada dia mais enjoada. Era uma quinta-feira ensolarada, estávamos preparando as coisas para o nosso natal em Florianópolis com os pais de Laura. Eu estava muito ansiosa, queria poder passar esse tempo com minha família, ao lado das pessoas que eu tanto amo. O que mais me maltratava, com toda certeza era saber que eu não teria meus pais ao meu lado, mas talvez as coisas tivessem que acontecer dessa maneira. Enquanto eu organizava um material para entregar para Bruno no dia seguinte, recebi uma ligação muito especial.

– Oi, princesa! – Atendi animada.

– Como está a cunhadinha mais linda do mundo? – Bruna perguntou animada.

– Enjoada talvez seja a palavra certa. – Respondi rindo.

– Já tomou alguma coisa para esses enjoos?

– É tudo o que eu mais faço na vida.

– Eu queria te fazer um convite.

– Convite?

– É mais um convite da minha mãe. – Respondeu rindo – Ela quer que você venha almoçar conosco.

– Sério?

– E ela quer te mostrar algo muito lindo.

– Eu vou só terminar de organizar um material da agência.

– Você vem mesmo?

– Vou sim. – Sorri – Vai ser ótimo almoçar com vocês.

– Então estamos te esperando.

– Tá bom, beijo!

– Beijo!

Consegui terminar tudo em meia hora, tomei um banho, coloquei uma roupa confortável e liguei para Laura avisando que eu estava indo até a casa de Luan. Enquanto o táxi seguia para o meu destino, aproveitei para conversar com Benjamim por mensagens. Ele me contou que esses dias pegou meu pai chorando, que queria muito que nossa família estivesse unida nesse final de ano. Eu sinceramente não sei como ele, um homem tão tradicional, está lidando com uma situação como essa. Ter seus filhos longe, sempre foi um castigo para o meu pai. Imagino que tudo esteja sendo realmente complicado pra ele, talvez se ele aceitasse um pouco nossas decisões, as coisas poderiam ser completamente diferentes. Não demorou muito para que meus eu pisasse novamente naquele condomínio luxuoso, um lugar onde me trazia ótimas lembranças.

– É você mesmo? – Bruna me recebeu brincando – Mãe, Alice chegou!

– Oi, Alice! – Dona Mari apareceu sorridente na sala – Que bom que aceitou nosso convite!

– Como eu poderia recusar? – Sorri a abraçando – Muito obrigada!

– Venham me ajudar. – Ela nos chamou voltando para a cozinha – Estou terminando nosso almoço.

– Ainda está muito enjoada? – Bruna perguntou me oferecendo uma maçã.

– Melhorei um pouco. – Respondi sentando – Estou parecendo uma velha. – Falei rindo – Não posso ver um banquinho na minha frente, que já quero sentar.  

– Completamente normal. – Dona Mari falou sorrindo – Eu também era assim quando engravidei.

– Isso é terrível! – Reclamei comendo minha maçã.

Não demorou muito para que estivéssemos sentadas ao redor da mesa, nos deliciando do maravilhoso almoço de “minha sogra”. Conversamos sobre vários assuntos, mas o principal deles, com toda certeza era sobre minha gestação. O tempo inteiro Bruna me perguntava sobre o bebê, sobre meus enjoos, minhas consultas e tantas outras coisas que me faziam rir. Elas pareciam felizes com minha presença, eu me sentia bem em estar ali com as outras duas mulheres da vida de Luan. Eu sentia como se estivesse mesmo em família, recebia muito carinho delas, era acolhedor.

– Você vem passar o natal com a gente? – Dona Mari perguntou animada.

– Eu adoraria, mas meus tios estão nos esperando em Florianópolis pra passar as festas de fim de ano.

– Florianópolis é linda. – Bruna falou – Mas seria maravilhoso ter você aqui com a gente.

– Quem sabe no próximo ano? – Perguntei sorrindo – Já com a presença ilustre do nosso mascote. – As duas riram concordando.

– Imagina que linda ela de mamãe noel?

– Ela? – Eu e dona Mari perguntamos juntas.

– Eu tenho certeza que será uma menina. – Bruna respondeu dando de ombros.

– Será que vem uma menininha? – Dona Mari perguntou quando terminamos nosso almoço – Seria maravilhoso! 

– A senhora se ver avó de menina ou menino? – Perguntei rindo.

– Confesso que dos dois. – Respondeu tirando a mesa – Eu só quero que venha com saúde, porque amo vai ter de sobra.

Depois do nosso maravilhoso almoço, dona Mari me chamou para olhar uma touca de crochê que ela mesma estava preparando para o meu bebê. Era linda, tão delicada e bem feita, fiquei extremamente emocionada com tamanho carinho de sua parte. Ela acabou começando uma mantinha, para que eu continuasse, me fazendo abrir um sorriso enorme. Bruna admitia que era péssima para o crochê, disse que preferia ficar apenas me olhando errar e refazer a mantinha.

(Luan narrando)

Depois de duas semanas corridas de trabalho, finalmente eu estava voltando para a minha casa. Tudo o que eu mais precisava nesse momento era da minha cama, da comida da minha mãe, de um telefonema para ouvir a voz da mulher da minha vida. Confesso que eu estava morrendo de saudade de Alice, queria saber do nosso filho, se tudo estava bem com os dois. Como era bom poder novamente colocar os pés no meu condomínio, mas acabei tendo uma surpresa antes de entrar em casa.

– Luan? – Eu conhecia bem essa voz.

– Oi, Camila! – Respondi me virando.

– Tudo bem? – Ela perguntou se aproximando.

– O que você tá fazendo aqui? – Ignorei sua pergunta.

– Eu queria me desculpar com você. – Respondeu séria – Eu sei que eu agi de maneira infantil na última vez que nos encontramos.

– Que bom que você reconhece.

– Eu tanto reconheço que estou aqui, te pedindo desculpas. – Me olhou com aquela cara de súplica que só ela sabia fazer.

– Não precisa fazer essa cara. – Tombei a cabeça para o lado.

– Estou perdoada?

– Vamos esquecer isso. – Respondi calmo – Tá desculpada. – Ela apenas me agradeceu com um abraço.

– Posso entrar pra falar com sua mãe? – Perguntou animada.

– É... claro! – Respondi seguindo ao lado dela.

Era óbvio que aquela situação me deixava desconfortável, eu não queria que Camila pensasse que as coisas poderiam mudar com um pedido de desculpas. Enquanto entravamos na minha casa, ela me lembrou de uma história muito engraçada que aconteceu na estrada, quando ainda estávamos juntos.

– Você se lembra? – Ela perguntou rindo.

– E como eu poderia não lembrar? – Respondi gargalhando, mas parei ao perceber que o que eu mais temia, estava prestes a acontecer. 

– Oi, filho! – Ela sorriu vindo em minha direção – Camila? – Ela a olhou surpresa.

– Tudo bem com a senhora? – A cumprimentou com um abraço.

– Oi, piroca! – Abracei minha irmã que falou apenas um “não acredito” no meu ouvido.

– Oi, eu não sabia que você estava aqui. – Me aproximei de Alice – Tudo bem?

– Estou bem! – Respondeu calma.

– Nós convidamos a Alice pra almoçar com a gente. – Bruna falou em alto e bom som para que Camila escutasse – E aprender a fazer crochê.

– Bom, eu acho que chegou minha hora de ir. – Alice falou pegando sua bolsa.

– Você não precisa ir agora. – Falei a olhando.

– Obrigada pelo convite, dona Mari! – A agradeci com um abraço.

– Quero que volte sempre que quiser. – Sorriu.

– Então é você que está grávida do meu namorado? – Camila perguntou quando Alice estava prestes a passar por ela.

– O que? – Alice se virou a olhando.

– Você é surda?

– Vem, Alice! – Bruna tentou tirá-la dali.

– Não vai responder? – Camila continuou.

– Você me conhece? – Alice perguntou a olhando novamente – Porque até uns dias trás eu nem sequer sabia da sua existência!

– Não conheço, nem tenho interesse em conhecer. – Falou cruzando os braços.

– Então não se atreva a falar o que você não sabe.

– Por que você não deixa Luan em paz? – Perguntou autoritária – Por que você ainda está aqui tentando acabar com o meu namoro?

– Camila, deixa de ser ridícula! – Bruna a olhou com raiva – Você esqueceu que Luan terminou esse namoro desde que você chegou?

– Você deveria ficar do meu lado. – Camila a olhou decepcionada.

– Parem com isso! – Minha mãe tentava acabar com a discussão. 

– Talvez porque agora exista um elo entre nós dois. – Respondeu com convicção – Existe amor, coisa que você não sabe o que é. – E quando ela foi sair, Camila surpreendeu a todos com seu nível máximo de loucura.

– Quem garante que esse filho é dele? – Alice parou respirando fundo – Se você dormiu com ele na segunda noite, com certeza dormiu com muitos outros.

– AGORA CHEGA! – Gritei tentando parar Camila – Você passou de todos os limites!

– Você é digna de desprezo. – Alice respondeu com lágrimas nos olhos – Eu espero que um dia, você possa se dar conta de todo o mal que está causando. – E falando isso ela saiu.

– Alice, espera! – Corri atrás dela – Espera, por favor! – A alcancei segurando seu braço.

– Quando essa criança nascer, eu vou fazer um exame de DNA e vou esfregar na cara dela. – Falou enxugando algumas lágrimas – Eu não tenho obrigação de passar por isso.

– Você não precisa fazer exame de DNA nenhum, porque ela não precisa acreditar em nada. – A olhei agoniado – Eu acredito no nosso amor.

– O que ela está fazendo aqui? – Perguntou se soltando.

– Eu a encontrei aqui. – Respondi tentando me explicar – Eu acabei de chegar, ela estava aqui querendo conversar comigo.

– Eu não aguento mais isso. – Voltou a caminhar, mas eu a impedi.

– Você precisa acreditar em mim, não existe mais nada entre nós dois.

– Eu vou embora.

– Então eu vou te deixar em casa.

– Eu vou de táxi.

– Alice... – Ela se foi mais uma vez. 

A raiva que eu estava sentindo de Camila, simplesmente triplicou depois daquela cena ridícula. Eu estava perdendo o controle da situação, tudo estava indo por um caminho que eu não esperava. Eu precisava dar um basta em tudo, caso contrário eu ficaria louco e ainda perderia Alice pra sempre.

– Sai da minha casa! – Falei dando de cara com Camila ao entrar novamente.

– O que? – Ela perguntou ainda parecendo surpresa.

– Presta bem atenção no que eu vou te falar! – A segurei pelo braço – Acabou, Camila!

– Luan, você não pode fazer isso!

– Não só posso como estou fazendo! – A soltei de uma vez – Volta pra sua casa, pro Canadá, pro inferno, MAS ME DEIXA EM PAZ! – Falei subindo para o meu quarto.

Eu não sei como ela reagiu depois que eu pedi que ela me deixasse em paz, mas pouco eu me importava. O que mais me importava naquele momento, era de encontrar uma maneira de trazer Alice cada vez mais para perto de mim. Eu não poderia mais continuar naquela situação, eu não poderia mais ficar sem ela, sem o nosso amor. Eu não queria mais fazê-la sofrer com minhas atitudes, com meus erros, minhas falhas. Era hora de tomar uma atitude de homem, de um verdadeiro pai de família, de começar a fazer as coisas certas.

4 comentários:

  1. Ave Camila sempre desnecessária atrapalhando tudo.
    Que Luan consiga trazer Alice de volta pra perto de si, e acabar com essa distância entre os dois.
    Gaby

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  2. Essa Camila é desequilibrada, e finalmente espero que o Luan tome alguma atitude mesmo pra acabar com essa situação

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    1. Que ela é louca, disso nós não temos dúvidas, né? Hahahahaha, vamos todos cruzar os dedinhos para que tudo comece a dar certo novamente! <3

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