segunda-feira, 4 de setembro de 2017

(Capítulo 54 – Insegurança)

Expliquei a Luan tudo o que aconteceu no meu final de semana, ele me ouvia atento, como se quisesse falar algo, mas deixava sempre que eu terminasse. Tudo era tão complicado, era ainda mais complicado ter que envolver Luan em toda essa bagunça que é minha vida. Conversamos por longos minutos, ele tentava me compreender, ao mesmo tempo em que tentava se colocar no lugar de meu pai. Era sempre assim, Luan nunca colocava a culpa em alguém por certa situação, mas sempre olhava os dois lados. Eu amava conversar com ele, amava me sentir confortável ao dividir minha vida com ele, porque me trazia paz. 

– Tente não se preocupar muito com isso, por mais que pareça impossível. – Acariciou meu rosto – Você precisa focar no seu trabalho, na sua felicidade.

– Boa parte da minha felicidade vem de você. – Confessei o olhando.

– E a minha de você. – Beijou o canto da minha boca – Por isso quero sempre te ver bem.

– Eu estou ótima com você aqui. – E então me aproximei o beijando com carinho.

– Com licença, casal. – Laura nos interrompeu – Mas você precisa tomar essa sopa.

– Você me ajuda? – Perguntei olhando Luan.

– Posso tentar.

Enquanto eu tomava minha sopa com a ajuda de Luan, conversamos sobre assuntos banais, fazendo com que eu esquecesse um pouco o meu final de semana. Depois passamos o restante da tarde no meu quarto namorando, acabei pegando no sono com os carinhos de Luan, só acordei ao ouvir meu celular tocando. Abri meus olhos e ele já não estava mais ao meu lado, olhei meu celular e tinha duas ligações perdidas de Benjamim. Já se passava das 20h, acabei me assustando um pouco com o tempo que dormi, mas me senti bem mais descansada e sem nenhum pingo de dor de cabeça. Levantei ainda um pouco tonta por conta do sono, coloquei minhas pantufas, abri a porta e ouvi a risada de algumas pessoas vindo da sala. Caminhei com passos lentos, encontrando Luan, Laura e Douglas conversando animadamente na sala.

– Boa noite! – Falei olhando os três.

– Descansou? – Laura perguntou.

– Uhum...

– Vem cá. – Luan me chamou – Tá melhorzinha? – Apenas concordei com a cabeça enquanto me aconchegava em seus braços.

– Estou com fome.

– Vamos pedir uma pizza? – Douglas quase gritou.

– Vamos? – Laura concordou animada.

– Só se pedirem sorvete junto. – Reclamei.

– Existe alguma coisa nesse mundo que você ame mais que sorvete. – Luan perguntou colocando minhas pernas sobre as suas.

– Existe... Você. – O olhei carinhosa.

– Uau! Que declaração de amor, hem? – Douglas nos olhou rindo.

– Você é coisa mais preciosa desse mundo. – Luan beijou meu rosto – Te amo... – Sussurrou em meu ouvido.

Enquanto esperávamos nosso jantar chegar, ficamos conversando sobre bobagens, ao mesmo tempo em que eu recebia muito carinho de Luan. Era maravilhoso tê-lo ali comigo naquele momento, porque toda a força que eu precisava vinha dele, vinha desse amor. Eu queria muito que ele dormisse comigo naquela noite, mas ele mesmo achou melhor ir pra casa, pois eu precisaria descansar para o dia seguinte. E foi exatamente o que eu fiz, descansei bastante e acordei nova, me sentindo muito bem e com uma vontade enorme de ser feliz.

Uma semana depois...  

Essa semana foi extremamente corrida, quase não consegui respirar, fora o pouquíssimo tempo para me alimentar e descansar direito. Mas finalmente essa semana acabou, sábado chegou e com ele meu reencontro com aquele que tanto me traz felicidade. Rio de Janeiro era meu destino da vez, eu estava chegando ao hotel onde Luan estava hospedado, mas ele não sabia disso. Estava combinado de que eu chegaria apenas na hora do show, pois inventei um compromisso na agência, fazendo com que ele ficasse irritado e triste ao mesmo tempo. Combinei com Rober minha chegada, Claudio me pegou no aeroporto e seguimos para o hotel. Eu estava morrendo de saudade dele, de seu cheiro, seu beijo e tudo o que eu mais queria era poder ficar abraçadinha com ele pra sempre.

– Oi, Alice! – Rober me cumprimentou – Tudo bem?

– Tudo ótimo, Rober! – Sorri – Ele tá no quarto? – Perguntei quando entramos no elevador.

– Ele está em reunião com Amarildo e Arleyde. – Respondeu simpático – Vai ter uma surpresa quando voltar para o quarto.

– Essa é minha intenção. – Começamos a rir.

Quando chegamos ao quarto de Luan, Rober destrancou a porta, me ajudou com minha mala e depois saiu me deixando sozinha. O cheiro dele estava no ar, sua roupa sobre a cama, alguns cremes espalhados no banheiro e uma leve sensação de paz invadiu meu coração. Enquanto eu esperava Luan voltar, aproveitei para mandar uma mensagem para Laura e tomar um banho bem frio. Enquanto a água escorria por meu corpo, eu sentia uma necessidade enorme de ter Luan comigo naquele momento. Depois do meu banho demorado, coloquei um roupão fofinho que encontrei, sai do banheiro e ouvi o barulho da porta.

– Amorrrr? – Ouvi sua voz me chamando com aquele sotaque tão dele – É você que tá aí? – E então me encontrou o olhando só de roupão e tentando secar meu cabelo.

– Oi, meu bem! – Sorri o olhando, enquanto ele corria para meus braços.

– Você me enganou? – Me abraçou forte – Que cheirinho bom... – Cheirou meu pescoço.

– Só quis fazer uma surpresa. – Tentei falar enquanto ele me apertava.

– E que surpresa, hem? – Me olhou com nossos rostos colados – É tão bom ter você aqui, poder sentir seu cheiro, te segurar em meus braços. – Me apertou ainda mais – Você não faz ideia da minha saudade. – Sussurrou encostando seus lábios nos meus.

– Só não é maior que a minha. – Respondi com meus olhos fechados – Eu te amo... – Falei selando nossos lábios em um de nossos melhores beijos.

Luan intensificou nosso beijo, fazendo com que eu me sentisse no céu, mas ao mesmo tempo sem tirar os pés do chão. Ele me levou até a cama, deitando cuidadosamente em cima de mim, fazendo todo meu corpo acender de um desejo incomum. Quanto mais nos beijávamos, mais a vontade aumentava, mais o meu corpo suplicava pelo dele, mais nosso amor se fortalecia.

– Sabia que você fica maravilhosa assim? – Falou interrompendo o beijo.

– Assim como? – Perguntei ainda sem fôlego.

– Só de roupão, toda molhadinha, nua, inteira pra mim. – Falou colocando sua mão por dentro do roupão – Gostosa demais. – Espremeu os olhos – É sério que tudo isso é meu? – Levantou um pouco desamarrando meu roupão.

– Tudo seu. – Mordi meus lábios com desejo.

– Eu sou o homem mais sortudo desse mundo, sabia? – Tirou de vez meu roupão jogando-o no chão – Alice, eu sou louco por você!

E assim nós fizemos amor, com uma mistura de saudade, desejo, paixão e um amor que se fortalecia a cada milésimo de segundo. O respeito que Luan tinha por mim era algo encantador, esse carinho com que ele cuidava do meu corpo, dos meus sentimentos, do meu amor. Sinceramente, foram poucas às vezes em que fizemos amor como naquela tarde de sábado, foi algo surreal. Eu me sentia amada, querida, desejada por aquele homem que eu tanto amava, ele tinha o prazer de fazer com que eu me sentisse importante. Só que em meio a tudo isso, eu não imaginei que em algum momento eu poderia me sentir insuficiente. Quando chegamos ao nosso ápice juntos, senti algo profundamente ruim dentro de mim, algo que me deixou triste. Eu não queria, mas naquele momento senti como se eu fosse só mais uma na vida de Luan. Ao mesmo tempo em que eu me sentia usada, não me sentia digna de estar ao lado dele, nem naquele momento, nem nunca. Tentei tirar aqueles pensamentos perturbadores da minha cabeça, mas parecia mais forte que eu.

– Amor? – Me chamou encostando seu corpo no meu – O que foi? – Perguntou tentando me olhar.

– Nada... – Tentei falar sem que eu precisasse olhar em seus olhos.

– Eu te machuquei? – Perguntou preocupado.

– Claro que não, meu amor! – Respondi forçando um sorriso.

– Não quer falar?

– Eu quero tomar outro banho. – Levantei pegando o roupão.

Enquanto eu entrava no banheiro, fiquei tentando afastar aqueles pensamentos, por mais difícil que poderia ser. Deixei o roupão de lado, abri o chuveiro e deixei que a água fria banhasse meu corpo, sentindo uma sensação ruim tomar meu coração. Eu não queria ter que pensar em nada disso, não queria estragar meu momento com ele, eu só queria poder ser feliz. Enquanto eu estava presa em meus pensamentos, tomei um pequeno susto ao senti Luan me abraçando por trás. Ele me prendeu em seus braços, fazendo com que eu me sentisse segura e confortável, encostei minha cabeça em seu peito e respirei fundo. Depois de um bom tempo sentindo seu corpo no meu, senti necessidade de olhar em seus olhos e falar tudo o que me incomodava. Tirei seus braços de minha cintura, me virei fazendo com que ele me olhasse ainda preocupado.

– Eu tenho tanto medo de te perder. – Falei sincera – Tenho tanto medo de tudo isso acabar.

– E tem motivos para que você se preocupe com isso? – Perguntou encostando nossos corpos novamente – Em algum momento eu te deixei duvidar do que eu sinto?

– E se o que a gente sente um pelo outro não for suficiente? – Perguntei o olhando.

– Suficiente pra que?

– Pra você não se cansar de mim e simplesmente ir atrás de outra. – Ele levantou lindamente uma sobrancelha – Tem muitas mulheres lindas atrás de vocês...

– É disso que você tem medo? – Me interrompeu – Tem medo de que eu me canse de você e vá atrás de outra?

– Luan...

– Como que você pode falar um absurdo desses? – Segurou meu rosto para que eu o olhasse – Alice, eu não quero outra mulher.

– Não?

– A mulher que eu quero está bem aqui na minha frente. – Falou sincero – Amor, você não é como as outras.

– Me desculpa... – O abracei – Não sei por que fico pensando nisso.

– Porque você não confia em mim.

– Claro que eu confio em você, Luan!

– Então tira essa insegurança do seu coração e se permita ser feliz comigo. – Beijou minha testa.

– Eu quero ficar aqui com você pra sempre. – O abracei muito forte.

– Podemos dar um jeito nisso. – Brincou me fazendo rir.

– Podemos?

– A gente casa e fica por aqui mesmo. – Me puxou para mais perto dele.

– Acho uma ideia ótima. – Sorri.

Enquanto terminávamos de tomar nosso banho, Luan conseguiu tirar todos os piores pensamentos da minha cabeça, apenas com algumas palavras de amor e confiança. Passamos o restante do nosso dia namorando, conversando, até conseguimos tirar um cochilo antes do show. Era dessa paz que eu precisava, dessa felicidade para me sustentar, de pensamentos positivos e cheios de verdade para não me deixar fraquejar. 

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