(Capítulo 45 – Grande amiga)

Já era quase cinco horas da tarde quando terminamos de nos arrumar, meu amor terminava de passar perfume, enquanto eu colocava meu celular e dinheiro na bolsa. Descemos junto com Arleyde, Rober, Claudio e Wellington que não desgrudava um momento de nós dois. Quando chegamos ao hall de entrada do hotel, percebi que Arleyde falou algo com Rober, que logo me puxou para entrar na van. Só depois fui perceber que tinha mais de vinte meninas esperando ansiosas por Luan, que ele precisava atendê-las. Continuei quietinha admirando aquele amor recíproco, aquele momento glorioso para aquelas meninas que tanto esperaram por esse momento. Ele recebeu um urso lindo que a gente apertava no meio e ele soltava um “eu te amo” e é claro que eu fiquei completamente apaixonada por ele. Luan atendeu as meninas com todo carinho, mas logo precisou se despedir delas, deixando cada uma com um semblante de tristeza e realização. Ele sentou ao meu lado, me deu um beijo carinhoso na testa e eu aproveitei para tirar uma foto do ursinho e postar nas minhas redes sociais.

            Ele ainda fala “eu te amo” vocês acreditam? Eu estou apaixonada! ♥

Luan tomou meu celular para que eu não olhasse os comentários, alegando que queria toda a minha atenção só para ele. Seguimos o percurso inteiro brincando, conversando, falando bobagens e a cada dia eu me sentia mais confortável ao estar com aquelas pessoas. Quando chegamos ao local do show, entrei em desespero ao me deparar com a infinidade de fãs que nos esperavam. Olhei para Luan como se estivesse pedindo socorro, mas ele não disse nada, apenas segurou firme minha mão e me passou toda a segurança que eu precisava através de um olhar.

– Você vai descer com o Rober, tá? – Ele falou carinhoso – Ele vai te levar direto para o camarim.

– Você chega logo lá?

– Em dois minutinhos. – Selou nossos lábios com todo amor.

Respirei fundo, Rober me olhou sorrindo, ele segurou minha mão e esperamos que Luan saísse da van antes da gente. Enquanto ele atendia os fãs, aproveitamos para descer e entrar sem que ninguém percebesse. Claro que muitas pessoas me viram, mesmo eu tentando cobrir meu rosto com o cabelo, não adiantou muito. Ouvi alguns chamarem meu nome, mas ouvi também um xingamento e confesso que fiquei com medo da reação das outras que estavam mais próximas do camarim.

– Alice, vem cá! – Umas meninas me chamaram.

– Oi, meninas! – Acenei para elas, mas Rober foi mais rápido e me puxou fazendo com que eu entrasse logo no camarim. 

– Se assustou? – Ele perguntou quando eu respirei fundo.

– Um pouco... – Sorri fraco – Elas parecem legais.

– Mas não se engane, porque nem todas são assim. – Falou sincero.

– É sempre assim, Rober?

– Você quer dizer com pessoas que Luan se relaciona? – Apenas concordei com a cabeça – Eu estou até impressionado que elas não estão querendo te matar. – Deu de ombros.

– Muito obrigada por me acalmar. – Sorri irônica – Pode ter certeza que estou bem melhor agora sabendo disso. – Ele começou a rir.

– Não se preocupa. – Me olhou carinhoso – Elas parecem gostar de você.

– Confesso que tenho receio de me aproximar delas. – Me assustei com Luan entrando no camarim.

– Vocês viram como tá lotado? – Perguntou pegando uma água. – O que foi? – Perguntou sentando ao meu lado.

– Nada, meu bem! – Selei nossos lábios.

– Tem certeza? – Me olhou.

– Você tem que arrumar esse cabelo. – Mudei completamente de assunto.

– Vamos atender primeiro a imprensa, ok? – Arleyde perguntou olhando Luan.

– Ok, Lelê! – Respondeu ainda me olhando intensamente – Depois a gente conversa, tá? – Apenas concordei com um meio sorriso.

Enquanto o pessoal começava a se organizar para atender a imprensa, Luan fez sua preparação vocal, arrumou o cabelo mil vezes e eu continuei quietinha no meu canto. Vez ou outra ele me olhava sorrindo, me observava, voltava ao que estava fazendo e me olhava mais uma vez. Depois de quase quarenta minutos, alguns contratantes começaram a entrar, conversaram rapidamente com Luan, tiraram algumas fotos e saíram. Depois começou a entrar a imprensa, vários repórteres acompanhados de seus equipamentos. Arleyde explicou como que seria a entrevista, quantas perguntas cada um poderia fazer e me chamou para que eu ficasse ao seu lado. Eles começaram a perguntar sobre o show, se ele estava feliz com sua volta a Recife, outros perguntaram sobre seu mais novo trabalho. Percebi quando uma moça me olhou indiscretamente, mas Arleyde foi mais rápida e me tirou de lá fazendo com que eu ficasse sentada em um lugar mais reservado do camarim. Fiquei quietinha, mas era impossível não ouvir a entrevista. Ouvi quando um rapaz perguntou se Luan estava namorando, porque continuava saindo boatos de que ele estava comigo, mas até agora ele não tinha assumido que realmente estava em um relacionamento sério. Sua risada tímida invadiu todo aquele lugar, sua voz doce me surpreendeu com a resposta que meu coração tanto necessitava “Cara, eu estou muito feliz.” “Então você está namorando?” O repórter insistiu. “Eu estou bem, estou muito apaixonado.” Um sorriso escapou do meu rosto, fazendo o meu amor por ele triplicar de uma maneira inacreditável. “Ela está aqui com você?” O repórter continuou insistindo, mas Arleyde entendeu que precisava dar um basta naquela situação.

– Pessoal, vamos agilizar?

Ela falou educadamente e uma moça tomou a frente, desejando um bom show e lembrando o carinho que Recife tem por ele. Eles tiraram algumas fotos, se despediram e deram espaço para que agora os fãs entrassem para o atendimento. Ele buscou novamente uma água, perguntou por mim e ouvi Arleyde dizer que estava “lá atrás”. Ele colocou a cabeça na porta, me chamou com um “psiu” e eu o olhei sorrindo, ele deu uma piscadinha e sorriu como se me dissesse o quanto gostaria que eu continuasse ao seu lado. Luan voltou para o atendimento, mas agora era com aquelas pessoas que ele ama profundamente. Preferi continuar no meu canto enquanto ele atendia seus fãs, eu não queria causar nenhum desconforto para eles. Cada um entrava e tinha uma reação diferente, me causando muitas risadas e até emoção. Depois de uns quinze minutos, Arleyde me chamou para que eu voltasse para onde eles estavam.

– Já está tudo tranquilo? – Perguntei a olhando.

– Já sim. – Sorriu me abraçando de lado.

– Luan tem uma pessoa que quer te ver. – Rober chegou sorrindo.

– Quem? – Ele perguntou arrumando o cabelo.

– Olha quem está aqui, boi. – Ele entrou com uma moça muito bonita, bem vestida, muito simpática e parecia muito intima de todos.

– Luana? – Ele pareceu surpreso e feliz ao mesmo tempo – Não acredito!

– Sentiu minha falta? – Ela se aproximou o abraçando carinhosamente. – Quanto tempo, hem?

– Moça, por onde você andou? – A olhou – Olha quem tá aqui, boizera. – Falou com um dos meninos de sua equipe.

– Eu estou perdida por aí. – Sorriu cumprimentando o pessoal – Tudo bom, gente?

– Você não está mais cantando? – Perguntou a olhando com carinho – Espera, deixa eu te apresentar uma pessoa. – Me procurou com o olhar – Vem aqui, amor. – Me chamou com a mão – Luana, essa é a Alice! – Ela me cumprimentou com um abraço carinhoso – Amor, essa é a Luana! – Nos olhou sorrindo – Ela é uma grande amiga minha.

– É um prazer conhecê-la, Luana! – Sorri simpática.

– O prazer é todo meu, Alice! – Luan segurou carinhosamente minha mão.

– Lua, mas me fala... – A olhou – Tá cantando ainda?

– Eu acabei dando um tempo nesse mundo da música, estou fazendo faculdade de psicologia e estou muito feliz. – Sorriu – É uma profissão que sempre me gritou muito, não tive como fugir.

– Mas você sabe que a música também não te larga, né? – Falou enquanto eu encostei minha cabeça em seu ombro.

– Eu sei bem disso, amigo. – Arrumou o cabelo lindamente – Mas eu realmente precisava desse tempo, principalmente porque não tive o sucesso que você teve. – Eles começaram a rir.

– Você vai ficar pra assistir meu show?

– Estou aqui pra isso, eu estava morrendo de saudade. – Ele tombou a cabeça para o lado – Quando os meninos me disseram que você estava vindo, eu cuidei logo de comprar meu ingresso.

– E nem precisava, deveria ter me ligado. – Negou com a cabeça.

– Não liguei porque eu sei o quanto você está ocupado. – Se justificou – Mas estou aqui, não estou? Agora quero assistir o melhor show do mundo. – O abraçou carinhosamente.

Luana era uma menina linda, logo de cara nos demos muito bem, fora que era nítido que ela não era uma daquelas amigas que Luan costumava arrumar por aí. Pelo contrário, Luana parecia uma menina de caráter, humilde, simples e extremamente simpática com todos. Eles conversaram por mais alguns minutos, mas logo Rober avisou que Luan deveria subir para dar inicio ao show. 

– Seu lugar está lá comigo no palco, tá? – Segurou com firmeza minha cintura.

– Tá bom, meu bem! – Selei nossos lábios em um beijo calmo.

– Vamos lá, Luan? – Rober o chamou.

Ele me deu mais um beijinho, abraçou Luana, respirou fundo e seguiu em direção ao palco. Subimos todos para o palco, esbarramos em algumas pessoas da imprensa, algumas meninas que pareciam fãs, mas Arleyde sempre era mais rápida. Luana assistiu ao show comigo, ela cantava todas as músicas, dançava animadamente e às vezes ficava apenas o admirando. Até que em um dos momentos lindos do show, Luan nos surpreendeu com algo que deixou Luana ainda mais encantada.

– Eu quero chamar aqui no palco, uma pessoa que é muito importante pra mim. – O publico começou a gritar loucamente – Uma amiga que tem um dom lindo, que quando solta a voz, encanta até o mais triste coração. – A olhei e ela estava com um sorriso lindo nos lábios – Vem cá... – A chamou com a mão – Luana Farias.

Os fãs começaram a aplaudir, enquanto ela estava mais vermelha que um pimentão. Eles conversaram por um breve tempo, mas os dois estavam ali para cantar, e isso eles fizeram com louvor. Os dois cantaram e encantaram todas aquelas pessoas, emocionaram, mas também fizeram muitos sorrirem. Eles cantaram duas músicas, ele falou algumas lindas palavras pra ela e os dois se abraçaram carinhosamente. Luana voltou toda emocionada para o meu lado, eu a abracei com todo meu coração e ela continuou cantando comigo durante todo o show. Luan se emocionou ao ter que se despedir daquela cidade tão linda e acolhedora que era Recife. Quando o show estava no finalzinho, voltamos para o camarim com nossos corações transbordando de amor. Luan se despediu do público, desceu do palco, enquanto eu já o esperava com uma água e uma toalhinha na mão.

– Você aprontou comigo, hem? – Luana o abraçou – Obrigada, meu amigo!

– Você sabe que merece muito mais, né? – Pegou a água da minha mão – E eu que tenho que te agradecer por você ter tirado um tempinho pra me ver. 

– Promete voltar logo pra Recife? – Ela perguntou ainda muito feliz.

– Claro, eu não sei ficar sem pisar meus pés no nordeste. – A olhou sorrindo – E você vê se aparece lá em São Paulo, hem?

Eles se despediram já deixando a saudade tomar aquele lugar, com certeza hoje ele passaria a noite inteira falando do quanto estava feliz em revê-la. Ela me abraçou carinhosamente e me pediu que eu cuidasse dele, pois Luan era alguém extremamente especial e precisava de todo o cuidado do mundo. Eu apenas prometi que cuidaria com todo o meu coração, pois era isso que eu mais queria pra sempre, cuidar dele.

– Vamos? – Ele perguntou colocando meu cabelo atrás do ombro.

– Sim, eu quero passar a noite agarradinha com você. – Cheirei seu pescoço.

– Não faz assim amor... – Se arrepiou inteiro – Espera a gente chegar.

Ele segurou minha mão carinhosamente, falou com alguns organizadores do evento e saiu comigo ainda de mãos dadas. No momento em que passamos por seus fãs, eu imaginei que ele soltaria minha mão e me colocaria para entrar logo com Rober, mas me enganei profundamente. Ele não me largou, acenou rapidamente para a galera que estava gritando seu nome, enquanto eu me senti perdida naquele momento, mas segura ao estar com ele. Entramos na van com um pouco de pressa, ele sentou ao meu lado, entrelaçou nossas mãos e eu encostei minha cabeça em seu ombro. Ter Luan ao meu lado era algo que fazia com que eu me sentisse a pessoa mais amada e segura na vida. Independente da maneira como as pessoas nos olhava, de sentimentos externos, ele era meu. Porque só nós dois sabíamos o que existia de tão forte dentro da gente, só nós nos conhecíamos inteiramente e a cada dia descobríamos um pouco mais um do outro. Existia uma ligação entre nossas almas, que não tinha como simplesmente explicar para os outros, mas que só nosso coração conseguir entender. Talvez ainda tivéssemos que enfrentar muita coisa para que pudéssemos continuar lado a lado, mas eu queria enfrentar, eu queria continuar ao lado dele e poder ser inteiramente dele, para sempre.