A semana foi
muito produtiva, com muito trabalho, muita diversão com meus novos colegas de
trabalho e muita saudade de casa. Todos os dias minha mãe e Benjamim me
ligavam, contavam sobre as novidades, sobre meu pai, sobre nossos familiares
que perguntavam o tempo todo sobre minha mudança para São Paulo. Eu estava
morrendo de saudade de todos, mas meu sonho era maior que qualquer coisa, era a
minha mais pura felicidade. Durante toda essa semana, fiz alguns ensaios
fotográficos dentro da agência, me sentia extremamente bem e realizada
trabalhando com tudo aquilo que eu amo. Ainda era madrugada quando levantei,
coloquei uma coberta sobre meus ombros e caminhei até a sacada do meu quarto.
Fechei meus olhos e com toda a minha permissão, senti o vento desarrumar de
leve meus cabelos, as minhas estrelas brilhavam de uma maneira impressionante, elas
sorriam pra mim, como se dissessem que algo maravilhoso estava para acontecer.
Já dizia Clarissa Corrêa:
“Um dia você
entende que o tempo não é o inimigo. E que ele é o nosso maior mestre. Que tudo
vêm na hora que deve vim. Que não adianta espernear nem se esconder da vida.
Que a fuga não é a melhor saída. E que no fim das contas a gente sempre acaba
agradecendo tudo que passou. Porque o tempo (Ah, o tempo!) está sempre ao nosso
lado para nos mostrar o que realmente vale a pena.”
Depois de
quase uma hora conversando com as estrelas, peguei no sono novamente, esse
seria um dia de muito amor. Acordei no dia seguinte sentindo um cheiro
maravilhoso de café, tomei coragem para me levantar e após meu banho, segui
para a cozinha.
– Bom dia,
Maria! – A cumprimentei com um abraço – Tudo bem?
– Bom dia,
Alice! Sim, dormiu bem?
–
Maravilhosamente bem. – Sorri colocando um pouco de café em minha xícara.
Maria era
uma senhorinha simpática que cuidava do nosso apartamento durante a semana. Ela era humilde, mas ao mesmo tempo muito delicada e caprichosa. Era
especialista em comida caseira, daquelas que você tinha que comer rezando pra
não pecar.
– Laura
ainda não saiu do quarto? – Perguntei enquanto comia.
– Ainda não,
acho até que ela vai se atrasar.
– Bom dia! –
Chegou já pronta – Acabei dormindo demais.
– Laura,
queria falar com você. – Maria estava tímida – Tudo bem se eu sair mais cedo
hoje?
– Tudo bem, Maria. – Respondeu enquanto comia – Só deixa tudo organizado?
– Não se
preocupe. – Sorriu agradecida.
– E as
novidades pra hoje, Lili?
– Vou fazer
meu primeiro ensaio fotográfico externo. – Respondi com um sorriso enorme – Pra
Sawary.
– Sawary?
Que maravilha, hem?
– Sim, estou
tão animada.
– Você vai
arrasar. – Sorriu lindamente – Como sempre, não é mesmo?
Logo após
nosso maravilhoso café, nos despedimos de Maria e seguimos para os nossos
destinos. Eu estava ansiosa, era algo que eu esperei a semana inteira e
finalmente chegou o dia, meu primeiro trabalho externo pra agência. Durante o
percurso, liguei para minha mãe e contei a ela sobre meu dia. Só de ouvir sua
voz, eu conseguia sentir sua felicidade ao se deparar com a minha, algo
profundamente ligado a esse amor de mãe. Ao chegar à agência, Bruno me passou
todos os detalhes dessa manhã, o material necessário e avisou que Marina me
acompanharia.
– Tudo
certo, Alice? – Bruno perguntou sorridente.
– Tudo certíssimo.
– Verifiquei o material novamente.
– Marcelo
Sampaio o nome do representante da empresa. – Explicou – Ele está esperando por
vocês.
– Estamos prontas.
– Levantei – Vamos Marina?
Durante o
percurso até o local do ensaio, Marina me contava de suas primeiras experiências
como fotografa. Que já tinha aprendido muito na agência de Bruno e que sonhava
em se tornar uma grande profissional. Era linda a maneira como ela falava dessa
profissão, seus olhos brilhavam, seu sorriso expressava todo o sentimento de
amor e gratidão por ter seguido seu sonho. Ela me perguntava o tempo todo sobre
minha decisão de entrar na área da fotografia, quem me incentivou, o que minha
família achava do meu trabalho. Claro, acabei resumindo boa parte da minha história, mas contei
que essa era minha grande paixão e que eu jamais me encontraria em outra
profissão. Depois de alguns minutos de uma maravilhosa conversa, chegamos ao
nosso destino e lá fomos recepcionadas por uma moça muito gentil.
– Bom dia! –
Falou sorridente – No que posso ajudar?
– Oi, bom
dia! – A cumprimentei – Sou Alice Alcântara, fotografa da agência
FotoinFoco. – Eu e Marina mostramos nossos crachás – E Marina Gimenez, minha
assistente.
– Claro,
Marcelo aguarda vocês.
Seguimos ao
lado dela até um galpão enorme, onde lá conhecemos Marcelo. Estavam presentes
também figurinistas, maquiadores, cabeleireiros e algumas outras pessoas que
faziam parte da empresa.
– Pronto,
agora a equipe está completa. – Marcelo nos recebeu maravilhosamente bem – É
um prazer conhecê-la, Alice!
– Prazer,
Marcelo! – O cumprimentei simpática.
– Luiza,
chama o pessoal. – Bateu palmas – Estamos prontos.
Comecei a
organizar todo o equipamento para começar as fotos, tripé, câmeras, iluminação,
tudo estava impecavelmente em seus devidos lugares. Ouvi algumas risadas, mas
continuei concentrada, até ouvir aquela voz familiar e sentir meu coração
pular... Era ele.
– Alice, eu quero
que conheça algumas pessoas. – Quando Marcelo me chamou, dei de cara com Luan. –
Essa é a Sabrina.
– Prazer,
Sabrina! – A cumprimentei.
– O prazer é
todo meu, Alice!
– E esse é
nosso garoto, Luan. – Ele me olhou com um sorriso sapeca, com aquele jeito que
pertencia unicamente a ele, logo fui interrompida quando eu estava indo em sua direção para cumprimentá-lo.
– Nós já nos
conhecemos. – Falou naturalmente – Como vai, Alice? – Me cumprimentou com dois
beijos no rosto.
– Bem!
E como você está?
– Bem melhor
agora. – Sorriu.
– Vamos lá,
então? Maquiagem aqui na Sabrina, por favor! – Marcelo falou alto tirando minha
atenção de Luan.
Realmente o
destino estava de brincadeira comigo, não era possível. Tentei me concentrar,
me mantive calma e começamos as fotos. Era uma mais linda que a outra, eles já
tinham bastante experiência com aquilo, então não foi preciso que eu dissesse
ou não o que fazer. Vez ou outra Luan me olhava sorrindo, outras vezes ele me
observava, tentava chamar minha atenção, mas eu tentava ser o mais profissional
possível. Foram algumas horas fotografando, parávamos por alguns minutos, mas
logo voltávamos a fotografar. Quando finalizamos, mostrei as fotos a eles e
todos amaram, o que claro me deixou extremamente feliz. Era quase hora do
almoço quando começamos a desmontar os equipamentos, meu coração estava mais
feliz que nunca, tudo estava seguindo como eu esperava.
– Almoça comigo?
– Tomei um pequeno susto ao sentir a presença de Luan atrás de mim.
– O que? –
Perguntei o olhando, ele sorria de um jeito encantadoramente lindo.
– Perguntei se
você quer almoçar comigo.
– Eu não
sei...
– Eu não
aceito um não como resposta.
– Então espera
um pouco?
– Todo o
tempo do mundo. – Sorriu satisfeito.
– Mari, você
pode voltar pra agência sozinha? Eu tenho um almoço agora.
– Eu vou
pedir que o Samuel leve os equipamentos, tá? Porque daqui também vou almoçar
com meu namorado. – Falou sorridente. – Tem algum problema? Você ainda vai
precisar de mim?
– Claro que
não. – Sorri aliviada – Só peça a ele que leve tudo pra agência, mais tarde a
gente se encontra. – A abracei.
– Até mais
tarde.
– Pronto. –
O encontrei olhando tedioso seu celular.
– Podemos ir?
– Sim. –
Respondi sorridente.
Ele se
despediu de algumas pessoas, enquanto discretamente eu seguia para a recepção.
Conversei rapidamente com Marcelo, ele disse que as fotos realmente ficaram
ótimas e que Bruno sempre acertava na escolha de sua equipe. Agradeci imensamente a
ele, com toda certeza aquelas palavras estavam sendo resultado de todo o meu
esforço.
– Vamos? –
Se aproximou enquanto eu tentava inutilmente ligar para Laura.
– Vamos. – O
olhei rapidamente.
Seguimos
juntos até seu carro, onde um rapaz moreno já nos esperava. Gentilmente ele
abriu a porta pra mim, entregou a chave do carro a Luan e seguiu para o outro
carro que estava atrás de nós. Foram pouquíssimos minutos, logo estávamos em
frente a um restaurante lindo, com um estilo havaiano e uma aparência
extremamente aconchegante. O dono do restaurante parecia conhecer bem Luan, ele
conversou rapidamente conosco e nos levou até a mesa.
– Esse restaurante
é lindo. – Olhei ao redor.
– Lindo mesmo
é esse coincidência que nos colocou frente a frente novamente. – Foi direto –
Você não acha?
– Acho. –
Sorri olhando o cardápio – Mas acho que talvez não seja coincidência.
– Como assim?
– Olhou também seu cardápio – Você quer dizer que o destino nos uniu? – Riu de maneira
engraçada.
– Você não
acredita nessas coisas? – Perguntei fingindo indignação – Pensei que você fosse
mais romântico. – Ele sabia que eu estava brincando, mas levou a sério.
– Você sumiu
naquela noite. – Falou mais sério dessa vez.
– Desculpa,
Luan. – O olhei – Douglas não te contou o que aconteceu? Laura não estava bem.
– Ele me
contou por cima, disse que o namorado dela apareceu enfurecido.
–
Ex-namorado. – O corrigi – Ele é louco, não deveria ter feito isso.
– Como Laura
está?
– Agora está
bem. – Sorri de lado – Desculpa mesmo, tá?
– Tudo bem,
mas me diga... – Olhou-me prendendo o riso – Você não tem nenhum namorado louco
como esse não, né?
– Claro que
não. – Ri tapando meu rosto com o cardápio.
– Tudo bem,
então eu te desculpo com uma condição.
– Que condição?
– Perguntei curiosa.
– Quero que
vá ao meu show amanhã. – Falou me olhando nos olhos – Vai acontecer em um clube
aqui mesmo em São Paulo.
– Se eu não
for, você não vai me desculpar?
–
Exatamente, eu não desculpo. – Se manteve sério e eu tive vontade de rir.
– Tá bom. –
Sorri sincera – Eu aceito seu convite.
– Ótimo, assim a gente evita que o “destino”
faça todo o trabalho sozinho. – Sorriu olhando novamente o cardápio.
Eu apenas
sorri, porque era inevitável não sorrir estando ao seu lado. Almoçamos como
dois amigos de infância, ele contava umas piadas tão bobas, mas que me faziam
rir desesperadamente. Tinha algo que me prendia a ele, algo ainda desconhecido
pra mim, mas me fazia sentir uma vontade enorme de continuar ali, ao seu lado. Eu
estava feliz, eu me sentia feliz e completa, porque era como se tudo aquilo
fosse meu desde muito tempo. Por várias vezes me deparei com a saudade de algo
antigo, senti aquela mesma sensação de conhecer Luan, não de hoje, mas de
outras vidas. Não aconteceu absolutamente nada entre nós dois, mas nem era
preciso, a necessidade de curtir a presença do outro, já nos bastava. Logo após
nosso almoço, ele me deixou na porta da agência e seguiu para mais alguns compromissos
que ainda teria que cumprir naquele dia. Senti como se minha alma estivesse
flutuando, como algo precioso que só acontece uma vez na vida de cada ser humano.
Eu não sabia o que me esperava nesse terceiro encontro, mas eu estava disposta
a viver tudo aquilo que me trouxesse felicidade.
“Que sejamos
o mistério de amar, mas também a vontade de viver. Que sejamos medo, mas não
descartemos a possibilidade de nos surpreender. Por fim, que sejamos sempre
amor. E se o medo quiser nos convencer que histórias e traumas se repetem, digamos
a ele que precisa amar um pouco mais.”
Aaaaa q lindos ❤❤
ResponderExcluirAmando a fanfic
ResponderExcluirO meu deus ja estou num apeguinho tao grande com esses dois.ja quero outro logo *GABY*
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