Era
quase 18h quando já estávamos prontos, Wellington levou nossas malas, pois
assim que acabasse o show, seguiríamos direto para Uberlândia. Encontramos seu
Amarildo, Arleyde e Rober que aguardavam o elevador. Cumprimentei o pai de
Luan, que como sempre, foi muito simpático comigo e com todos que estavam ao
seu redor. Descemos direto para o estacionamento, entramos na van que nos
esperava e seguimos para o local do show. Durante todo o percurso, o pessoal
conversava, brincava, cantava, mas percebi que naquela noite Luan não estava
tão animado como os outros dias. O olhei tentando tirar algo dele, mas notei
que ele estava longe, então preferi deixá-lo quieto com seus pensamentos. Quando
chegamos ao local do show, alguns fãs nos encontravam eufóricos, respirei fundo
tentando controlar meu nervosismo. Luan me olhou carinhoso, tentando me passar
toda a tranquilidade, mesmo sabendo que eu sempre ficava nervosa nesses
momentos. Então ele desceu, logo após seu Amarildo e Arleyde também desceram da
van e seguimos todos para o camarim. Graças a Deus ninguém prestou atenção em
mim, os fãs realmente parecia estarem focados unicamente em Luan e eu agradeci
muito por isso. Entramos no camarim rindo, pois Rober achava muito engraçado
minha cara de assustada com tanta euforia dos fãs.
–
Alice, você tem que se acostumar. – Seu Amarildo começou a rir.
–
E eu consigo? – Abri uma garrafinha de água que Rober me ofereceu. – Luan
realmente está fazendo o que ama, porque eu já teria ficado louca. – Falei
fazendo os três rirem.
–
Uau! Hoje eles estão animados, vocês viram? – Luan entrou sentando logo ao meu
lado – Oi, gatinha! – Reparei que tinha uma marca de batom no canto de sua
boca.
–
Estava aos beijos com quem? – Perguntei tirando o batom – Estava bom?
–
Foi por pouco, amor... – Riu tentando se desculpar.
Enquanto
Luan se arrumava, atendia a imprensa, os fãs, eu fiquei no meu cantinho
conversando com Laura por mensagens. Aquele momento era exclusivamente de dele,
eu não queria atrapalhar, não queria ter que me intrometer em absolutamente
nada. Quando percebi que o atendimento estava no final, voltei de mansinho para
o camarim e mais uma vez me deparei com um Luan que eu não conhecia. Ele tinha
os olhos pesados, parecia cansado, sem muito ânimo, coisa que me preocupou
bastante. Antes que ele subisse, o abracei com todo o meu coração, passando
minha energia boa e pensamentos positivos para aquela noite. Desejei a ele um
maravilhoso show, ele me presenteou com um sorriso e aquele beijo que eu tanto
amava. Foi quando ele subiu naquele palco, que finalmente eu consegui
compreender que era ali a sua segunda casa. Era aquele lugar que o fazia se
sentir preenchido, completo, transbordando amor por todas aquelas pessoas.
“Será
que um dia poderemos explicar essa ligação que existe entre Luan e seus fãs?”
Coisa
que não conseguir fugir dos meus pensamentos, uma única explicação para esse
amor tão grande, puro e verdadeiro. Durante o show, quando ele cantou “Dia,
Lugar e Hora” eles fizeram uma homenagem para Luan, soltando balões de coração
por todo aquele lugar. Ele se emocionou, chorou, olhou nos olhos
de cada um e agradeceu com um “eu amo vocês.” Emocionou todos que estavam
presente, foi algo feito com amor, e quando isso acontece, é impossível dar
errado. Ele sentou no palco, conversou com o publico, desabafou, disse que tudo
o que faz é por eles e para eles. Era um amor recíproco, era emoção, alegria
demais com aquele encontro de almas. Eu senti algo profundamente bom dentro de
mim, senti principalmente a sensação maravilhosa de poder viver aquele momento ao
lado dele. “Que privilegio” pensei. Quando o show estava no finalzinho, voltei
para o camarim, tomei uma água e o esperei chegar para que pudéssemos ir
embora.
–
Que coisa linda, hem? – O entreguei uma garrafinha de água.
–
Você viu? – Perguntou me olhando como uma criança – Não sei o que seria de mim
sem eles... – Tentou falar, mas com aquele mesmo tom de tristeza na voz.
–
Amor, tá tudo bem com você? – Me aproximei enxugando seu rosto.
–
Está sim, princesa. – Beijou o canto da minha boca – Só estou um pouco cansado.
– Nós já vamos? – Perguntei me aproximando.
– Vou só trocar de roupa. – Selou nossos
lábios.
Depois
que Luan trocou de roupa, seguimos todos pra van, que mais uma vez nos esperava
rodeada de fãs. Arleyde pediu que Luan seguisse na frente, logo depois seguimos
eu, seu Amarildo, Rober e o restante do pessoal. Entrei rapidamente aos olhares
de alguns fãs, meu menino acenou para eles, mandou beijo, recebeu alguns
presentes e entrou na van. Ele sentou ao meu lado e foi todo o caminho até o
aeroporto sem dar nenhuma palavra, enquanto brincava com meus dedos. Vez ou
outra eu o olhava, ele me respondia com um meio sorriso, algumas vezes me
beijava e assim seguimos. Quando chegamos ao aeroporto, encontramos alguns fãs
na grade, tentando com muita insistência estender o braço e alcançar Luan. Ele
me entregou seu celular, chamou Wellington e seguiu até onde elas estavam,
levando muita alegria para cada uma. Ele se sentia completo ao estar com elas,
sorria o tempo inteiro, era o amor mais recíproco que poderia existir. Depois
do atendimento, ele se despediu com beijos e acenos, trouxe um ursinho de pelúcia
que uma das meninas jogou por cima da grade e entramos todos no jatinho. Sentei
de frente pra ele, queria poder passar um pouco de segurança a ele que tão
facilmente se tornou meu ponto de paz.
–
Elas perguntaram por você. – Falou assim que se sentou confortavelmente na
poltrona.
–
Perguntaram? – O olhei surpresa.
–
Sim, te mandaram um beijo. – E então ele se aproximou me dando um beijo calmo.
–
Tá cansado? – Perguntei com nossos rostos colados.
–
Sim... – Confessou com um pouco de dificuldade.
–
Então descansa um pouquinho. – Selei nossos lábios novamente.
Luan
passou a viagem inteira inquieto, colocava os fones no ouvido, tirava os fones,
mas não parava. Perdi as contas de quantas vezes ele virou para um lado e para
o outro naquela poltrona, mas não encontrou uma boa posição. Com ele assim, era
impossível eu parar, porque eu fiquei mais agoniada que ele que estava naquela
situação. Não demorou muito para que chegássemos a Uberlândia, encontramos mais
alguns fãs no aeroporto, Luan mesmo cansado fez questão de ir lá dar um “oi”
pra eles. Quando entramos na van, ele colocou sua cabeça em minhas pernas, sempre
com seu rosto virado para a minha barriga. Fiz um carinho bom seu cabelo, tentei
fazer com que ele relaxasse um pouco, porque era claro que ele estava cansado. Depois
de quase quarenta minutos chegamos ao hotel, descemos direto para o
estacionamento, mesmo sabendo que alguns fãs esperavam lá fora.
–
Tá com fome? – Luan perguntou quando estávamos seguindo para o elevador.
–
Um pouco... – Respondi beijando seu rosto – E você?
–
Estou, mas quero comer porcaria.
–
Porcaria? – O olhei rindo.
–
É amor... Aquelas besteiras, sabe?
–
Batata frita, hambúrguer, sorvete? – Perguntei entrando no elevador.
–
É isso mesmo.
Quando
chegamos ao nosso andar, nos despedimos de todos, começamos a rir de quase uma
queda de Rober e entramos em nosso quarto. Ele sentou logo na cama e pegou o
telefone, discou um número e pediu várias bobagens para comer. Quando terminou
de falar, desligou o telefone, tirou os sapatos e me olhou pensativo, como se
quisesse ma falar algo.
–
O que foi, meu amor? – Sentei ao seu lado – O que tá acontecendo com você?
–
Não é nada, acho que muito cansaço. – Virou ficando de frente pra mim.
–
Cansaço físico? Espiritual? Mental? – Perguntei arrumando seu cabelo.
–
Acho que um pouco de cada um.
–
Você sabe que pode desabafar comigo, se quiser me contar o que está sentindo. –
Ele não disse nada, apenas me abraçou colocando sua cabeça em meu ombro.
–
Você sabe que eu te amo, não sabe? – Ele sussurrou.
–
Sim, claro que eu sei.
–
Toma um banho comigo?
Eu
não disse nada, apenas segurei sua mão e seguimos para o banheiro, como ele
queria. Tirei sua roupa com cuidado, enquanto ele me olhava com uma carinha
linda, fazendo com que eu me apaixonasse ainda mais por ele. Tirei minha roupa
também, entrei com ele e tomamos um banho sem nenhum tipo de intenção, mas
apenas sentindo todo o amor que um sentia pelo outro.
–
Você tá tenso. – O abracei com toda força. – Precisa relaxar um pouquinho.
–
Sua presença me faz um bem enorme. – Me olhou nos olhos – Eu não sei o que
seria de mim sem você aqui. – Beijou minha testa, minha bochecha, meu queixo e
por fim ele beijou minha boca, me fazendo sentir o doce sabor do seu beijo.
–
Não esquece que eu te amo, muito? – Perguntei quando encerremos os beijos.
– Eu nunca vou esquecer.
Depois
de nosso demorado banho, colocamos um roupão, voltamos para o quarto e ouvimos
alguém bater na porta. Olhamos um para o outro e começamos a rir, Luan não
queria ir, mas também não me deixou ir porque eu estava de roupão.
–
Você não vai atender, me deixa ir lá? – Pedi o olhando.
–
Tá, mas eu estarei de olho bem aqui.
Atendi
o rapaz que era extremamente simpático, nem sequer prestou atenção se eu estava
ou não de roupão. Pedi que ele deixasse nosso jantar ali mesmo na mesa, peguei
com Luan uma gorjeta e feliz ele foi embora. Levei nossos pratos para a cama e
ele me olhou levantando lindamente uma sobrancelha.
–
O que foi? – Perguntei pegando uma batatinha.
–
Ele era simpático demais, você não achou?
–
E isso não é bom? – Coloquei uma batata em sua boca – Prova que o atendimento
desse hotel é excelente, né?
Jantamos
como duas crianças, comemos, nos lambuzamos, fizemos tudo o que tinha direito
naquela noite. Luan era lindo, de todas as maneiras possíveis, fazendo com que
meu coração não aguentasse de tanto amor. Algumas vezes ele parecia relaxar,
começava a rir como um menino feliz por ganhar aquele presente. Outras vezes eu
percebia um peso em sua voz, assim como em seu corpo inteiro, coisa que me
preocupava bastante. Depois que terminamos de jantar, deixamos tudo de lado,
deitamos na cama e comecei uma massagem em Luan.
–
Já te disseram que você tem mãos de fada?
–
Não, porque eu não ando fazendo massagem em qualquer pessoa. – brinquei.
–
Ainda bem. – Fechou os olhos tentando relaxar – Mas essa massagem é muito boa.
–
Quer conversar? – Perguntei enquanto acariciava sua nuca.
– Ás vezes acredito que as coisas não estão indo como eu quero, porque meus fãs merecem tudo de mim.
–
E você não acha que já faz demais?
–
Eu sinceramente acho que meus fãs merecem mais, eu preciso fazer o melhor
pra eles.
–
Mas você já faz o melhor.
–
Mas a questão é que sempre tem o melhor do melhor. – Me olhou confuso – Eu
preciso ser melhor, você entende?
–
Você quer saber o que eu acho? – Ele apenas concordou com a cabeça – Acho que
você precisa parar de querer provar para as pessoas que você é capaz, porque
isso você já fez. – Sentou ainda me olhando – Você só vai se desgastar, vai
chegar um momento que você não vai aguentar toda essa pressão.
–
Eu estou me sentindo esgotado, mas não é dos meus fãs, nem do meu trabalho, mas
de mim.
–
Você precisa dar um basta nisso e começar a aproveitar tudo o que você já
conquistou. – Fiz carinho em seu rosto – Você já é o melhor.
–
Será?
– Você sabe que é, mas não consegue se contentar com isso.
–
Estou no meu limite.
–
Sabe o que você poderia fazer? – O puxei para que ele deitasse comigo – Você poderia
viajar, tirar um tempo pra descansar, sem ninguém pra mandar você fazer isso ou
aquilo.
–
Vem comigo? – Perguntou animado.
–
O que?
–
Viaja comigo, só nós dois.
–
Amor, mas eu estava...
–
Que graça tem eu viajar sem você? – Me interrompeu – Só vou sofrer mais de
saudade.
–
Tem certeza? – Concordou beijando o canto da minha boca – E pra onde iríamos?
–
Pra qualquer lugar que não nos perturbassem. – Me olhou – Seria maravilhoso
poder passar um tempo sozinho com você.
–
Seria ótimo mesmo. – Selei nossos lábios.
–
Próximo final de semana eu estou livre, terei cinco dias em casa.
–
Hum... – Pensei – Acho que consigo tirar um final de semana.
Naquela
noite ele dormiu sentindo os meus carinhos, tentei passar o máximo de tempo com
ele em meu colo, sentindo a maravilhosa sensação de ter meu mundo em meus
braços. Essa viagem seria ótima para que ele descansasse, mesmo eu estando
junto, mas faria que ele tirasse um tempo para refletir um pouco em sua vida.