quinta-feira, 22 de junho de 2017

(Capítulo 43 – Fica mais um pouco)

Depois de receber muito carinho um do outro, acabamos pegando no sono durante a tarde inteira, sem nos importar muito com o mundo que nos esperava lá fora. Luan tinha o poder de fazer meu coração se tranquilizar, fazer com que mesmo por algumas horas, eu conseguisse esquecer tudo o que nos impede de continuar. Ele era a paz para a minha alga agitada, era o sossego que eu tanto precisava para criar forças e lutar por nós dois. Abri meus olhos sem muita vontade, levantei minha cabeça com cuidado e me deparei com Luan dormindo tranquilamente. Comecei a fazer carinho em sua barba, beijei sua mão que estava entrelaçada a minha e ele começou a se mexer.

– Está acordado? – Perguntei tentando manter meus olhos abertos.

– Estou, mas gostaria de continuar aqui pra sempre. – Beijou o topo da minha cabeça – Será que podemos?

– Eu também gostaria muito, mas eu tenho que ir pra casa. – O olhei.

– Ir pra casa? – Perguntou tristonho – Você não pode ficar aqui essa noite?

– Meu amor, amanhã eu tenho que trabalhar.

– Amanhã eu posso ir te deixar na agência.

– Mas minhas coisas estão em casa.

– Podemos ir lá buscar suas coisas. – Me apertou em seus braços – Eu ainda estou morrendo de saudade, não quero que você vá embora.

– Você é insistente demais. – Beijei seu rosto.

– E você é linda demais. – Mordeu meu lábio inferior. – Você não tá com saudade de mim?

– Eu tenho alternativas? – Brinquei e ele se virou ficando por cima de mim.

– Você tá brincando comigo. – Começou a beijar delicadamente meu pescoço – Eu sei que você também está morrendo de saudade de mim.

– Como você pode ter tanta certeza? – Perguntei com dificuldade por sentir seus carinhos.

– É só olhar nos seus olhos. – Beijou o canto da minha boca – Eles te entregam.

E então ele me beijou com toda vontade do seu coração, fazendo com que eu chegasse até o céu. O seu beijo dele era quente, tinha um gosto maravilhosamente bom e uma pegada que me deixava louca. Eu não queria que aquele momento acabasse, nem ele queria, porque a cada momento intensificava ainda mais.

– Meu bem... – Interrompi o beijo quando já estava sem ar – Precisamos ir ao meu apartamento.

– Agora que estava ficando bom? – Mordeu meu pescoço me fazendo arrepiar.

– Mas aí vai ficar tarde. – Tentei falar – Vamos logo.

– Tá bom. – Me olhou respirando fundo – Eu vou pegar o carro.

– E eu já vou descer. – Segurei seu rosto o beijando logo em seguida.

Enquanto seguíamos para o meu apartamento, Bruna continuou em casa, garantindo que pediria nosso jantar. Eu estava feliz, me sentia completa ao lado dele e sabia que ele também sentia a mesma coisa. Queria passar o máximo de tempo com ele, queria aproveitar cada momento que pertencia unicamente a nós dois. Enquanto seguíamos para o meu apartamento, ele colocou umas músicas pra tocar e eu acabei relaxando um pouco mais.

– Quando que tem show agora? – Perguntei olhando meu celular.

– Se eu não me engane é quinta-feira. – Falou pensativo.

– Uhum.

– Quer ir comigo no final de semana?

– O que? – Perguntei sem entender.

– Perguntei se você quer ir viajar comigo no final de semana.

– Sério? – O olhei sem acreditar.

– Sim, nós vamos para o Nordeste.

– Nordeste? – Perguntei animada – Meu sonho ir pro Nordeste, amor! 

– Então podemos realizar esse seu sonho. – Beijou minha mão.

– Jura que você quer que eu vá com você?

– Tudo o que eu mais quero é ter você ao meu lado. – Me olhou quando paramos no sinal.

– Por que você é assim, hem? – O abracei beijando todo seu rosto.

– Assim como? – Segurou meu rosto – Apaixonado?

– Apaixonante é a resposta.

Ele voltou a dirigir sem nem ao menos falar mais sobre isso, apenas sorriu, porque ele sabia que era isso que eu esperava. Era claro que Luan estava se esforçando para que as coisas continuassem bem entre a gente, ele estava disposto a prosseguir ao meu lado, mesmo sabendo de todas as dificuldades. Não demorou muito e logo chegamos ao meu condomínio, Luan preferiu me esperar no carro, enquanto eu subia para buscar minhas coisas. Cumprimentei seu Pedro, subi com um pouco de pressa e quando abri meu apartamento, dei de cara com Laura toda esparramada no sofá.

– Tá dormindo? – Perguntei a olhando.

– Olha, ela apareceu. – Levantou meio sem vontade – Estou morrendo de sono.

– Passou a noite fazendo o que, Laura?

– O que? – Se fez de desentendida.

– Eu espero que meu quarto ainda esteja no mesmo lugar. – Segurei o riso – A propósito, estou indo pra casa do Luan.

– Então vocês se entenderam? – Me seguiu até o quarto.

– Sim, nós nos entendemos.

– Aí que coisa boaaaaa! – Se jogou em cima de mim. – Você tá feliz?

– Acho que ainda mais feliz do que antes. – Confessei sentando na minha cama – Está tudo mais lindo agora.

– Quero que me conte tudo, tá? – Apenas concordei a olhando – E você vai trabalhar amanhã?

– Vou sim. – Procurei minha bolsa – Vou levar minhas coisas, aí amanhã Luan me deixa na agência.

– Ele tá aí?

– Ficou no carro, mas te mandou um beijo.

– E melhorou?

– Depois de muito custo. – Comecei a rir – Fomos dormir com o dia clareando.

– Eu posso imaginar.

Enquanto eu contava a ela sobre o que aconteceu, nós arrumamos minhas coisas para que eu pudesse levar. A todo o momento Laura dava um gritinho de felicidade, principalmente quando contei a ela sobre o “eu te amo” que Luan me disse. Depois de colocar algumas roupas dentro da bolsa, minha câmera, material, desci com a ajuda de Laura, ela aproveitaria para dar um beijo em Luan.

– Oi, cunhadinho! – Sorriu o olhando.

– E aí, Laurinha! – Beijou a mão dela delicadamente.

– Você melhorou? – Ela perguntou abrindo a porta pra mim.

– Estou me sentindo novo. – Sorriu lindamente.

– Cuida da minha prima, tá?

– Vou cuidar.

– Qualquer coisa me liga. – Beijou carinhosamente meu rosto.

– Eu ligo sim. – A abracei – Se cuida, hem? – Ela apenas concordou e a fechei porta do carro.

Durante todo o trajeto de volta para a casa de Luan, eu conversei com minha mãe por mensagem. Contei a ela que eu estava com o meu amor novamente, sem muitos detalhes, pois eu gostaria muito de ir visitá-la logo e contar detalhadamente tudo o que aconteceu. Ao chegarmos no condomínio, Luan estacionou o carro, me ajudou com minhas coisas e entramos rindo de uma história que ele me contou ainda dentro do carro.

– Até que enfim. – Bruna nos olhou tediosa – Estou com fome.

– E quem tá te impedindo de comer, piroca? – Ele perguntou subindo as escadas com minhas coisas nas mãos.

– Vocês que me mandaram esperar pra jantar.

– Eu não lembro de ter pedido nada. – Ele tinha prazer em implicar com ela.

– Já estamos aqui, bebê. – A abracei – Você tá com fome?

– Com fome de pizza. – Respondeu chorosa.

– Então vamos pedir pizza. – Sorri a abraçando novamente.

Subi logo atrás de Luan, coloquei minhas coisas todas organizadas na mesinha próximo da cama e esperei que Luan saísse do banheiro. Olhei meu celular, respondi uma mensagem de um grupo da agência e achei uma foto que eu tinha tirado ontem, ainda no meu condomínio. Gostei tanto dela, que acabei decidindo postar e claro que choveu de comentários lindos, mas alguns outros ofensivos.

                                Quando a felicidade chega...

Acabei me assustando ao ver Luan saindo do banheiro, guardei meu celular, segurei sua mão e descemos pra sala. Bruna pediu uma pizza tamanho gigante para nós três, acompanhada de um pote de dois litros de sorvete. Enquanto aguardávamos nosso jantar chegar, ficamos conversando na sala, ouvindo algumas músicas e tentando brincar com Puff que estava estressadíssimo. Quando nosso jantar chegou, sentamos ali mesmo no chão da sala e comemos que nem três mortas de fome, que parecia não ver comida há décadas. Eu estava me sentindo dez quilos mais gorda, depois eu e Bruna nos afogamos no pote de sorvete, enquanto Luan olhava atentamente seu celular.

– Tantos comentários desnecessários nessa sua foto. – Luan falou de cara fechada.

– Que foto? – Perguntei sentando ao seu lado – Ah, eu amei essa foto.

– Não só você, né? – Me olhou sério – Olha o que esses caras estão comentando sobre você.

– Não importa o que eles estão comentando. – Revirei os olhos.

– Pra mim importa. – Bruna acabou saindo de mansinho ao ver que o clima não estava muito bom.

– E por que importa pra você? – Perguntei o olhando.

– Porque você está comigo. – Foi sincero.

– Exatamente, eu estou com você. – Segurei seu rosto – Não importa o que eles acham ou deixam de achar.

– Eu não gosto. – Falou passando a mão no cabelo – É ruim ficar lendo eles te chamarem de gostosa.

– Então não leia mais. – Peguei seu celular – Amanhã eu faço uma limpeza no meu instagram. – Ele me olhou ainda sério – Aí o deixo trancando e só aceito quem eu conheço. – Beijei o canto de sua boca – Está bom assim pra você?

– Eu não quero te privar de nada, só quero que você seja respeitada.

– E eu entendo completamente o que você está sentindo. – Coloquei minhas pernas em cima das suas – Não é fácil aguentar tanta coisa por você.

– Você está maravilhosa nessa foto. – Falou com seu rosto bem próximo ao meu – Está linda, gostosa, mas é minha.

– Eu sou sua, bebê?

– É só minha. – E então selou nossos lábios em um beijo extremamente bom.

E assim ele me colocou em seus braços, subiu cuidadosamente as escadas, abriu a porta de seu quarto e me colocou na sua cama. Voltou até a porta para garantir que ela estava bem trancada, tirou sua camisa, me olhou com um olhar sedutor e começou a me beijar com todo o seu amor. Ele tirou cada peça do meu corpo, beijou meus pés, minhas mãos, me levando ao céu de uma maneira única. Fizemos amor, não só sexo, mas um amor que estávamos descobrindo a cada dia que se passava. Luan sempre foi muito carinhoso, respeitador, cuidadoso, mas dessa vez ele se superou completamente. Nosso amor não tinha fim, a vontade um do outro só aumentava a cada gemido, a cada toque, a cada beijo trocado com desejo. Amamos, matamos a saudade, nos unimos e trocamos juras de amor, porque era exatamente assim que as coisas deveriam acontecer. Enquanto um tentava satisfazer o outro, deixamos escapar com sinceridade um “eu te amo” juntos, fazendo com tudo se tornasse ainda mais mágico. Eu o queria, não só por mais um dia, mas para a vida toda. 

quarta-feira, 21 de junho de 2017

(Capítulo 42 – Me perdoa?)

Acordei no dia seguinte sentindo a respiração pesada de Luan no meu pescoço, abri os olhos e dei de cara com o homem mais lindo do mundo ao meu lado. Ele dormia feito um anjo, eu tentei levantar sem acordá-lo, porque eu sabia que ele precisava descansar e dormir o máximo que pudesse. Durante o banho eu lembrei a noite passada, da música que Luan dedicou a mim, dele bêbado e do tanto que ele foi maravilhoso comigo depois. A minha maior dúvida naquele momento, era saber se Luan realmente me amava como tantas vezes ele me disse. Passou por minha cabeça que ele disse apenas da boca pra fora, que não estivesse consciente. Talvez aquilo estivesse me atormentando por ser importante pra mim, eu queria saber se esse tempo foi necessário para que ele sentisse algo mais forte por mim. Depois do banho, voltei para o quarto e ele continuava na mesma posição, com certeza ele não acordaria tão cedo. Segui até o quarto de Bruna, ela me emprestou uma roupa e descemos para tomar café juntas.

– Ele não acordou ainda? – Ela perguntou arrumando a mesa.

– Eu acho que ele não vai acordar tão cedo. – A olhei sorrindo – Mas é bom que ele descanse bastante.

– Vocês se entenderam?

– Tem como se entender com um bêbado? – Começamos a rir – Quando ele acordar a gente conversa.

– Espero que vocês fiquem bem. – Beijou meu rosto – Cunhadinha.

– Cadê os meninos?

– Rober saiu cedo, disse que tinha que resolver umas coisas, mas que a tarde voltaria pra saber como Luan está. – Sentou se servindo logo em seguida – E Marquinhos precisou ir embora.

Tomamos nosso café em meio a risadas e muita conversa, Bruna parecia tranquila com minha presença. Laura me ligou pra saber como estava tudo, perguntou se eu e Luan tínhamos nos entendido e torceu para que as coisas se resolvessem logo. Depois que terminamos nosso café da manhã, organizamos a cozinha e começamos a fazer o almoço. Decidimos fazer um prato tradicional, mas que Luan amava profundamente, com certeza aquele bife sairia uma delícia.

– Bruna, seus pais viajaram? – Perguntei enquanto preparava o molho.

– Sim, eles foram para o aniversário do meu tio que mora em Jaraguari. – Começou a cortar as verduras – Eu só não fui porque tive um prova ontem.

– Luan tem show hoje?

– Não, acho que agora só na quinta-feira.

Claro que a cozinha ficou uma grande bagunça, mas valeu a pena depois de ver todo o nosso almoço pronto e lindo. Tentamos arrumar tudo, enquanto Bruna não parava de rir de uma situação que aconteceu na noite passada. Subi para ver como Luan estava e ele continuava do mesmo jeito, dormindo tão sereno e encantador. Aproveitei para tomar um banho, respondi uma mensagem de minha mãe e voltei para almoçar com Bruna. Até pensei em ir embora, já que eu teria ainda que organizar minhas coisas para ir trabalhar no dia seguinte, mas prometi a ele que eu ficaria. Almoçamos, brincamos um pouco com Puff e começamos uma conversa boa sobre moda, fotografia e namorados.

– Você e Breno não se resolveram? – Perguntei tirando a bolinha da boca de Puff.

– Sinceramente eu acho que não vamos mais no entender. – Respondeu tristonha – Breno não valoriza quem faz tudo por ele.

– Você está mal por isso?

– Já estive mais, hoje eu estou tranquila.

– Aos poucos as coisas acabam se resolvendo, quem sabe vocês não voltam?

– Se for pra continuar como estava, eu prefiro que não se resolvam. – Respirou fundo – Eu quero paz.

Fomos interrompidas por Luan descendo as escadas, ele tinha uma carinha de sono, seu cabelo estava todo bagunçado e seus olhos um pouco inchados. Caminhou devagar, nos olhou rapidamente e sentou no sofá.

– Bom dia... – Falou com um pouco de dificuldade.

– Acho que você quis dizer boa tarde, né? – Bruna começou a rir.

– Como está se sentindo? – Perguntei calma – Tá com dor de cabeça? – Ele me olhou carinhoso, levantou e sentou ao meu lado.

– Que bom que você tá aqui.

– Eu não prometi que ficaria? – Ele apenas concordou com a cabeça – Vem, você precisa tomar um café forte.

Enquanto Luan tentava tomar um café que fizemos pra ele, eu continuei conversando com Bruna sobre umas viagens que ela estava planejando fazer. Vez ou outra nossos olhares se encontravam, mas eu continuei firme, pelo menos por enquanto. Depois do café ele acabou decidindo subir para tomar um banho, ele ainda sentia os efeitos da bebida.

– Vou esquentar alguma coisa pra ele almoçar. – Levantei seguindo para a cozinha – Me ajuda?

– Será que ele vai conseguir comer? – Perguntou preocupada – Luan nunca bebeu tanto como ontem.

– Eu espero que ele consiga, porque pior é ele ficar com o estômago vazio.

– Isso eu concordo plenamente.

Depois de quase meia hora Luan desceu, estava vestindo uma roupa de frio, com o cabelo perfeitamente bagunçado e uma carinha melhor. Ele sentou ainda calado, nós o servimos com nosso almoço maravilhoso e esperamos ansiosas que ele comece pelo menos um pouquinho.

– Quem fez esse bife? – Perguntou nos olhando.

– Alice, que está pronta para casar. – Bruna falou segurando o riso.

– Foi você? – Concordei sorrindo – Isso tá muito bom, meu amor! 

Luan conseguiu comer mais do que esperávamos, tomou um suco que preparamos e depois ainda comeu um pouquinho da mousse de maracujá que fizemos. Ele continuou calado, me olhava de vez em quando e voltava a comer, eu sabia que ele queria me falar algo, mas esperei o seu momento. Depois que ele pareceu satisfeito, subiu novamente para seu quarto, enquanto eu e Bruna continuamos na cozinha. 

– São quase três horas. – Quase não acreditei quando olhei meu celular – Sendo que eu tenho um mundo de coisas para organizar em casa.

– Mas não vai embora agora não. – Pediu tristonha – Fica mais um pouco.

– Só tenho trabalho com você e seu irmão.

– Isso é um absurdo, sinceramente. – Falou indignada.

Bruna deu a ideia de fazer um brigadeiro de panela, claro que desorganizamos mais algumas coisas na cozinha, mas era divertido estar ali com ela. Quase nos queimamos, por pouco não quebramos um prato, mas no final deu tudo certo e nosso brigadeiro ficou uma delícia. Não demorou muito para Luan aparecer novamente, ele chegou calmo, olhou Bruna de uma maneira cúmplice e logo ela inventou que precisava fazer uma ligação.

– Como você está? – Perguntei enquanto ele se encostava ao balcão.

– Estou me sentindo melhor. – Me olhou carinhoso – Desculpa por ontem... – Segurou minha mão fazendo com que eu me aproximasse.

– Você é um idiota, sabia? – O olhei sentindo uma vontade enorme de abraçá-lo.

– Mas você gosta de mim mesmo assim. – Segurou minha cintura fazendo com que eu me aproximasse ainda mais – Não sei como te agradecer por todo o cuidado que você teve comigo.

– Não tem que me agradecer, eu fiz isso por mim também.

– Eu fiz muita besteira ontem, não foi? – Perguntou colocando meu cabelo atrás do ombro.

– Você não se lembra de nada o que fez ontem? – Perguntei um pouco decepcionada.

– Você queria que eu me lembrasse de algo especial? – Perguntou atencioso.

– Eu não sei, se você não se lembra de nada. – Falei brincando com a touca que ele tinha na cabeça.

– Eu me lembro de uma coisa... – Falou colocando completamente nossos corpos.

– O que você lembra? – Sussurrei na esperança de que poderia ser aquilo que meu coração tanto esperava.

– Quando eu disse que te amo. – Respondeu baixo, fazendo todo meu corpo arrepiar.

– E isso é verdade?

– Eu acho que eu nunca tive tanta certeza de algo na minha vida. – Acariciou meu rosto – Me perdoa se eu te magoei?

– Como eu posso não te perdoar? – O olhei intensamente.

– Eu não aguento mais ficar longe de você.

– Ficar longe de mim só vai depender unicamente de você agora. – Coloquei meus braços ao redor de seu pescoço – Porque eu pretendo continuar por muito tempo ao seu lado.

E então ele selou nossos lábios como antigamente, sentindo profundamente todo o amor que um sentia pelo o outro. Eu estava disposta a esquecer tudo o que nos aconteceu, queria mesmo poder passar uma borracha em tudo isso e ser feliz com o meu menino. Eu estava pronta para seguir um novo caminho ao lado dele, independente de tudo o que poderia cruzar nosso caminho.

– Eu acho que paguei por todos os meus pecados nesse tempo que passamos longe. – Falou quando encerramos o beijo – Como eu senti sua falta, meu amor. – Mordeu meu lábio inferior.

– Eu senti muito mais a sua falta... – O abracei com toda a vontade do meu coração – Vai ficar tudo bem agora?

– Vai ficar ainda melhor. – Selou nossos lábios novamente. – Vamos sair daqui?

Subimos então para seu quarto, nos deitamos juntos em uma rede maravilhosa que tinha na varanda e tentei relaxar nos braços do meu amor. Enquanto Luan brincava com meus cabelos, entrelacei nossas pernas e coloquei minha cabeça em seu peito. Com certeza aquele era o melhor lugar do mundo, onde eu gostaria de permanecer para sempre.

– Sinto minha cabeça rodar. – Ele falou me apertando mais em seus braços.

– Quer tomar mais um remedinho?

– Eu só quero que você fique aqui comigo. – O olhei sentindo ainda mais amor por ele.

– Amor?

– O que? – Perguntou calmo.

– Canta pra mim?

– O que você quer que eu cante?

– A música que você me dedicou ontem.

E assim ele cantou uma, duas, três músicas fazendo com que meu coração sorrisse de felicidade e amor por aquele homem incrível. Eu só queria pausar aquele momento, fazer com que ele se tornasse eterno para nós dois. Eu sabia que teríamos que enfrentar ainda muitos obstáculos, mas eu sabia mais ainda que se um não soltasse a mão do outro, nós suportaríamos tudo. 

sexta-feira, 16 de junho de 2017

(Capítulo 41 – Eu te amo, meu bem)

Segui com Bruna até o bar, onde Luan estava acompanhado dos amigos. Laura e Douglas vieram logo atrás e tentaram nos ajudar com ele, que parecia pior do que imaginávamos.

– Alice... Vem cá amor... – Tentava falar – Vem aqui comigo.

– Vamos tirar ele daqui. – Olhei pedindo ajuda aos meninos. 

– Alice... Eu te amo, Alice... – Apoiou seu braço em meu ombro – Você acredita em mim? – O olhei tentando tirar um pouco de verdade das suas palavras – Você acredita em mim, amor?

– Fica quieto, por favor!

– Por que você não acredita em mim? – Segurou meu rosto com as duas mãos – Você... Você precisa acreditar em mim.

– Vem comigo, vem. 

Tentamos tirar ele dali sem chamar muito atenção, seguimos todos para o estacionamento e lá Rober pegou o carro que eles estavam. Com muito custo colocamos Luan dentro do carro, mas claro que eu tive que entrar junto ou ele não iria sossegar. Rober foi dirigindo, Bruna com ele no banco do passageiro, enquanto eu e Luan estávamos atrás. Douglas, Laura e Marquinhos nos seguiram em outro carro e assim partimos para a casa de Luan.

– Sorte a sua que meus pais não estão em casa. – Bruna falou olhando Luan.

– Alice, olha pra mim. – Pediu segurando meu rosto – Eu te amo... Você me desculpa?

– Você está bêbado, não sabe o que tá falando. – Coloquei sua cabeça em minhas pernas – Só quero que você fique quieto até chegarmos à sua casa.

– Você me ama? – Levantou sua cabeça novamente – Me ama? Você acredita em mim? – Ele me olhava com uma carinha que partia completamente meu coração.

– Eu te amo... – Beijei seu rosto – Mas agora fica quietinho. – Ele sorriu, beijou o canto da minha boca e deitou com sua cabeça em minhas pernas.

Enquanto Rober dirigia atendo, Bruna mandava mensagem para alguém e Luan conversava com o nada, falando coisas completamente sem nexo. Ele tinha o cheiro muito forte de bebida, mas aquilo pouco me importava, eu só queria poder chegar logo e cuidar dele. Comecei a fazer um carinho bom em seus cabelos, fazendo ele se revirar um pouco, mas sossegou quando colocou seu rosto encostado de minha barriga. Ele fechou os olhos, começou a cantarolar e me olhou por alguns segundos, fazendo meu sorriso mais lindo aparecer. Só ele me causava aquela sensação boa de proteção e profundo amor, só ele me completava e me permitia ser quem eu verdadeiramente sou ao seu lado.

– Amor... – Levantou a cabeça me assustando um pouco – Eu acho que vou vomitar.

– Não, Luan! – Segurei seu rosto – Aguenta mais um pouquinho, por favor!

– Estamos chegando, Pi! – Bruna o olhou – Tem como aguentar?

– É melhor ficar deitado ou sentado? – Ele me olhou meio confuso – Para o carro, Rober! – Arrumei seu cabelo – Você tá bem?

– Estou sentindo uma tontura... – Espremeu os olhos – Quero ir pra casa.

– Nós estamos indo. – Ele apenas concordou colocando sua cabeça em meu ombro.

Rober voltou a dirigir, continuei fazendo carinho em seus cabelos e em menos de vinte minutos nós entramos no condomínio. Logo o carro de Douglas estacionou ao nosso lado e os meninos me ajudaram a entrar com Luan. Ele estava tonto, continuava falando coisas sem nexo e não parava de apertar minha mão. Subimos com ele o tempo inteiro reclamando, os meninos as vezes riam e por outras brigavam com ele, me fazendo rir daquela situação. Entramos no quarto, ele sentou na cama e me olhou espremendo os olhinhos, como se soubesse que eu iria discutir por tudo o que ele estava me fazendo passar.

– Vocês podem me ajudar a colocar ele no chuveiro? – Os três concordaram e assim fizemos.

Tiramos a roupa dele com muita dificuldade, deixando apenas de cueca, acompanhado de uma cara de poucos amigos. Colocamos embaixo do chuveiro, mesmo ele quase se esperneando, mas conseguimos afastar um pouco da bebida. O enrolei com seu roupão, ele caminhou devagar até a cama e ali ficou sem falar absolutamente nada.

– Podem ir, meninos. – Olhei os três – Eu cuido dele.

– Tem certeza? – Douglas perguntou – Qualquer coisa estamos lá embaixo, tá? – Apenas concordei com a cabeça e eles saíram fechando a porta.

Olhei Luan e ele continuava na mesma posição, sentado, de cabeça baixa, talvez tentando digerir tudo o que está acontecendo. Com todo cuidado fui me aproximando, ele levantou a cabeça e me olhou intensamente, como se quisesse me dizer algo através do olhar.

– O que é que eu faço com você? – Ele estava tremendo de frio – Como é que você faz uma coisa dessas?

– Amor... – Me olhou colocando a mão na boca – Eu tenho que... – E assim ele correu para o banheiro.

Ele trancou a porta, mas eu sabia que ele estava passando muito mal, sabia que estava colocando toda a bebida pra fora e isso faria muito bem a ele. Tentei controlar minha preocupação, fui até o seu closet, peguei uma calça de moletom e uma camisa branca para que ele pudesse vestir. Voltei até o banheiro e ele ainda continuava lá, mas agora não tinha mais nenhum barulho.

– Luan? Você tá bem? – Bati na porta – Precisa de ajuda? – Depois de quase dois minutos, ele destrancou a porta e saiu com o rostinho vermelho – Veste essa roupa. – O entreguei – Fica quietinho aqui que eu já volto.

– Pra onde você vai? – Segurou meu braço – Não vai embora.

– Eu só vou buscar um remédio pra você. – Soltei meu braço com cuidado – Não vou demorar. – Sai enquanto ele me olhava.

Desci encontrando Bruna, Laura, Douglas e Marquinhos conversando animadamente na sala. Eles me olharam com carinho, eu sabia que eu poderia contar com cada um deles, mas naquele momento era de mim que Luan precisava.

– Como ele tá? – Laura perguntou se aproximando.

– Não está muito bem. – Respirei fundo – Mas eu vou levar um remédio e fazer um chá para que ele melhore logo.

– Quer que a gente fique aqui com você? – Douglas perguntou.

– É melhor você levar a Laura pra casa. – O olhei sorrindo – Eu vou ficar aqui com ele.

– Qualquer coisa você me liga? – Laura segurou minha mão.

– Ligo sim. – A abracei – Agora vai descansar.

Eles se despediram de todos, entraram no carro e partiram pra casa, enquanto Marquinhos e Rober dormiriam com a gente naquela noite. Segui para a cozinha, pedi que Bruna me ajudasse com um remédio para Luan e assim ela fez.

– Nem sei como te agradecer por você ficar com a gente. – Ela me olhou carinhosa – Olha, esse remédio é ótimo.

– Não tem que me agradecer. – Peguei o remédio de sua mão – Eu estou fazendo isso por mim também.

– Você o ama muito, né? – Perguntou me olhando.

– Adiantaria eu dizer que não?

– Não, porque tá escrito na sua testa. – Começou a rir – Ele é um idiota por ter feito tudo isso, mas ele sabe lutar por aquilo que ele quer.

– Ele realmente é um idiota, porque me fazer cuidar de gente bêbada. – Começamos a rir – Vamos colocar essa água no fogo.

Já passava das 4h da manhã, enquanto eu terminava o chá, conversei com Bruna sobre nossa noite e ela só conseguia rir de tudo o que aconteceu. Peguei o remédio no balcão, coloquei o chá em uma caneca grande e subi para o quarto de Luan. Quando entrei, ele continuava sentado na cama, com o rostinho ainda vermelho, fazendo algumas caretas e falando baixinho. Só quando sentei ao seu lado que ele percebeu minha presença, me olhou como se estivesse pedindo socorro e arrumou meu cabelo.

– Toma esse remédio. – O entreguei – E toma esse chá também.

– Que é isso? – Fez careta me olhando.

– É um chá com ervas medicinais, ele vai fazer você se sentir novo. – Ele tomou sem reclamar muito.

– Tá bom? – Perguntei fazendo carinho em seu rosto.

– É forte, mas é bom. – Tomou mais um pouco – Arde na garganta. – Falou fazendo careta e foi impossível não rir do seu jeito lindo – Pronto. – Me entregou a caneca.

– Agora deita um pouco. – O ajudei – Você precisa descansar.

– Você vai ficar aqui comigo? – Perguntou deitando na cama.

– Vou, mas preciso ir ao quarto de Bruna.

– Você volta logo?

– Volto. – Beijei seu rosto – É rapidinho.

Enquanto eu seguia para o quarto de Bruna, ele me olhava com uma carinha tão linda, que minha vontade era ficar ali com ele pra sempre. Pedi a ela uma roupa emprestada para que eu pudesse dormir, enquanto isso nós duas assistíamos a um vídeo que ela descobriu na internet. Aproveitei para tomar um banho ali mesmo no seu banheiro, tentei relaxar um pouco, mas meus olhos pesavam e meu corpo pedia socorro. O dia já estava quase amanhecendo quando finalmente eu consegui respirar, voltei para o quarto de Luan e ele continuava deitado sem nem mexer um dedo.

– Pensei que tivesse ido embora. – Falou baixo – Deita aqui comigo? – Deitei um pouco afastada, mas ele me puxou pela cintura, colando completamente nossos corpos – Melhor assim. – Ficamos um de frente para o outro – Senti saudade do seu cheiro. – Cheirou meu pescoço.

– Será que amanhã você vai se lembrar de pelo menos metade de tudo o que me disse essa noite? – Perguntei colocando seu cabelo para trás.

– Eu vou me lembrar de tudo. – Fechou os olhos sentindo os meus carinhos.

– Então agora vamos dormir. – Beijei a pontinha do seu nariz.

– Você promete que não vai embora amanhã cedo? – Perguntou ainda com os olhos fechados – Hem, amor?

– Prometo que eu não vou embora cedo.

– Então boa noite... – Falou com um pouco de dificuldade.

Não respondi, apenas o olhei com admiração e amor, porque era isso e muito mais o que eu sentia por aquele homem que estava bem na minha frente. Continuei fazendo carinho em seus cabelos, enquanto eu pedia baixinho a Deus que não me tirasse Luan. Queria dormir com a certeza de que no dia seguinte ele estaria disposto a continuar ao meu lado. “Eu te amo, meu bem.” 

quinta-feira, 15 de junho de 2017

(Capítulo 40 – Volta pra mim)

(Luan Narrando)

Era aproximadamente 21h40min quando eu terminei meu show, atendi rapidamente algumas pessoas da organização do evento e logo segui para a casa de shows. Testa e Marquinhos me acompanharam, mandei algumas mensagens para Bruna e ela me avisou que todos já estavam lá. Eu queria chegar o quanto antes, queria poder ver minha menina e tentar me desculpar com ela. Algo dentro de mim dizia que ela me perdoaria, cedo ou tarde ela deixaria tudo isso de lado e voltaria pra mim. Depois de quase duas horas de estrada, estacionei o carro e percebi o quanto aquilo estava cheio naquela noite. Entramos com a ajuda de alguns seguranças da casa, cumprimentamos Rafa e o agradeci imensamente por ele ter reservado o mesmo camarote que Alice está. Subi ao lado de Marquinhos, enquanto Testa cumprimentava um amigo que ele encontrou. Mandei uma mensagem para Bruna, procurei Alice com meu olhar e me arrependi profundamente quando a encontrei dançando colada com um cara. Tentei digerir o que estava acontecendo, eu não queria acreditar que eu tinha perdido Alice por conta de uma burrice minha. Depois de quase três minutos, ela pareceu cansar de dançar e se apoiou na grade, enquanto o cara seguiu em direção ao bar. “Essa é sua chance, vai lá.” Essas foram as palavras de Marcos que estava ao meu lado. Eu apenas o olhei rapidamente, respirei fundo e caminhei em passos largos até onde Alice estava. Ela estava de costas pra mim, parecia cansada, reclamava baixinho de dor nos pés e foi impossível não deixar um sorriso escapar naquele momento.

– Alice? – A chamei com todo cuidado, ela pareceu não acreditar que eu estava bem ali na sua frente.

– O que você está fazendo aqui? – Perguntou surpresa – Você não tinha... – Começou a rir nervosa – Eu não estou acreditando nisso.

– Vamos conversar? – Segurei seu braço impedindo que ela se afastasse – Eu estou aqui pra gente se entender.

– Então você perdeu seu tempo. – Se soltou – Eu não tenho absoltamente nada pra conversar com você.

– Até quando você vai continuar com isso, Alice? – A prensei contra a grade – Eu estou ficando louco longe de você, caramba!

– Pensasse nisso antes de me fazer de idiota. – Me empurrou – Sai da minha frente.

– O que eu tenho que fazer pra você voltar pra mim?

– Tá tudo bem, Alice? – O cara que estava com ela se aproximou.

– Sai da minha frente. – Ela pediu ainda me olhando.

– É isso que você quer? – Nem era preciso ela responder, eu apenas me afastei e a olhei decepcionado.

– Vamos sair daqui, Samuel! – Segurou na mão dele e os dois se afastaram pra longe de mim.

Continuei ali no mesmo lugar, me sentindo fracassado e com uma vontade enorme de sumir. Eu não queria acreditar que as coisas chegaram a esse ponto, que tudo acabou da pior maneira possível. Alice era completamente diferente de todas, era preciosa demais para esse mundo e cada vez mais eu me sentia um completo idiota por ter a magoado dessa maneira.

– Cadê a Alice? – Bruna chegou acompanhada de Marquinhos.

– Por que você não disse que ela estava acompanhada, piroca?

– Acompanhada? – Perguntou sem entender – Não, Samuel é só um amigo que ela reencontrou!

– Amigo? Eles estavam dançando agarrados aqui, você diz que é amigo?

– Ela não tem ninguém, acredita em mim.

– Ela não quer mais nada comigo. – Falei triste – Quero ir embora.

– Você tá maluco? – Marquinhos me olhou – Você vai ficar e aproveitar sua noite.

– Não tenho mais ânimo pra continuar aqui.

– Para com isso, Pi! – Bruna tentou me animar – Vem, Douglas está no bar com a Laurinha.

Seguimos para o bar, lá encontramos Douglas e Laura rindo de algo, pareciam mais animados que qualquer outra pessoa.  Os cumprimentei, expliquei o que tinha acontecido e Laura me garantiu que Alice não tinha nada com o cara que estava com ela. Mesmo assim eu sentia que aquela noite estava perdida para nós dois, ela me mostrou que não quer mais nada comigo. Continuamos ali, conversando, todos tentavam me animar, mas eu só queria que ela estivesse ao meu lado. Alice sumiu por um bom tempo, eu não queria pensar no que ela poderia estar fazendo, então me afoguei na cachaça pra tentar afastar todos os pensamentos que me atormentavam.

(Alice Narrando)

Confesso que ver Luan ali na minha frente, mexeu profundamente com meu emocional e com tudo mais que possa existir dentro de mim. Fiquei pensando se todos sabiam que Luan estaria aqui, sendo que ninguém me disse nada. Tentei me afastar dele, levei Samuel para um lugar mais reservado e fiquei ali por um bom tempo.

– Então quer dizer que vocês tiveram um relacionamento? – Ele perguntou surpreso.

– Sim, nós tivemos. – Respondi triste.

– Mas pelo o que eu estou vendo... – Segurou meu queixo – Você ainda é completamente apaixonada por ele.

– Tá escrito na minha testa, né? – Choraminguei – Ele é um cretino, mas não posso ir contra meus sentimentos.

– E por que você não dá mais uma chance pra vocês?

– Eu não sei se é a coisa mais certa a fazer.

– E quem disse que o amor é certo, Alice? – Perguntou rindo – O amor é a coisa mais louca que existe dentro da gente.

– O que você quer dizer com isso?

– Quero dizer que você deveria esquecer tudo o que aconteceu e voltar logo pra ele.

– E se eu me machucar mais uma vez?

– Quem vai saber se você vai se machucar ou não? Você só precisa arriscar, porque a vida é isso. – Me rodopiou em seus braços – A vida é uma dança, meu amor. – Comecei a rir – Vai em frente.

– Você é a melhor pessoa desse mundo. – Beijei seu rosto demoradamente.

Passei longos minutos conversando com Samuel, que a cada momento me divertia mais e me mostrava o caminho certo. Eu decidi que naquela noite eu continuaria quieta, não queria saber de Luan, nem muito menos de suas explicações e desculpas. Eu precisava de mais esse tempo pra mim, precisava refletir mais um pouco e tentar esquecer tudo o que aconteceu. Depois seguimos ao encontro de Douglas e Laura, eles estavam em uma mesa de frente para o palco.

– Você sabia que ele viria? – Perguntei a Laura quando Douglas saiu até o bar.

– Não, nem Douglas me disse nada. – Se explicou – Ele disse que viu você dançando com Samuel.

– Ele ficou com raiva? – Perguntei fazendo Laura sorrir.

– Sim, mas aí começou a beber.

– Beber?

– Ele disse que queria te esquecer.

– Quer beber alguma coisa, princesa? – Samuel perguntou me olhando.

– Uma batida de morango. – Sorri.

– Vou lá buscar. – Beijou meu rosto e saiu.

– Samuel é um foto, né?

– Ele disse que eu deveria dar outra chance para Luan.

– E você?

– Eu disse que precisava pensar.

– Pensar? Será que não basta o que ele fez hoje? – E antes que eu respondesse, Douglas chegou me assustando um pouco.

– Luan não tá bem. – Falou nos olhando.

– O que ele tem? – Perguntei preocupada.

– Tá tomando todas lá no bar.

– Aqui, Alice! – Samuel chegou com minha bebida.

– Vamos dançar mais um pouco? – Perguntei o olhando.

– Você tá animada? – Apenas concordei e o puxei para dançar comigo.  

Começou a tocar umas músicas boas do repertório de Henrique e Juliano, de longe vi Luan falando com um dos músicos, mas não liguei e continuei dançando com meu amigo. Até que quando a música encerrou, o vocalista pediu que a banda parasse por um minuto e começou a falar.

– Galera, nós vamos cantar uma música especial agora. – Apoiei meus braços no ombro de Samuel – É de um cara apaixonado, que dedica essa música para a Alice. – Quando ele falou meu nome eu gelei dos pés a cabeça – Ele tá arrependido, disse que não vai desistir de você.

– Eu não estou acreditando... – Olhei para Samuel que começou a rir – Ele não tá fazendo isso.

– Alice, seja lá onde você estiver. – Começou a dedilhar no violão – Essa é pra você.

Olhando longe pra ontem
Gosto demais do que vejo
Nós dois varando a noite se amando
E agora não dá pra esquecer o beijo

Apesar do pouco tempo
Causou um estrago bom
Mas o que estraga
Tem que consertar
Se ela não vier eu vou buscar
Mas o que estraga
Tem que consertar
Se ela não vier eu vou buscar

Depois que se conhece não esquece
Depois que se encontra não perde
Depois que se abraça não larga
Tinta de amor quando mancha não apaga

Depois que se conhece não esquece
Depois que se encontra não perde
Depois que se abraça não larga
Tinta de amor quando mancha não apaga, não

Senti meus olhos cheios de lágrimas, enquanto Samuel me olhava sorrindo o tempo inteiro. Eu não estava acreditando, aquela música fala muito sobre nós dois e isso acabou mexendo bastante comigo. Voltei para onde Laura e Douglas estavam, enquanto a banda voltava com o repertório normal. Olhei ao meu redor e não vi Bruna, nem muito menos Luan, então continuei onde eu estava. Samuel precisou ir, mas prometeu que me ligaria para que pudéssemos marcar de nos encontrar antes dele ir embora. Olhei as horas e era quase 3h da madrugada, sentei um pouco, tentei descansar meus pés e fiquei pensando no que Luan tinha feito. 

– Vem comigo, por favor? – Bruna chegou me assustando um pouco.

– O que acontece, Bruna?

– Luan tá muito bêbado. – Me olhou preocupada – E ele não para de chamar por você.

– O que?

– Mesmo que não exista mais nada entre vocês, mas eu preciso da sua ajuda. – Olhei Laura que também parecia preocupada.  

– Onde ele está?

– No bar com o Marcos e Rober.

Eu não sabia se eu queria matar Luan ou simplesmente cuidar dele, mas naquele momento eu realmente precisava fazer alguma coisa. Independente do que aconteceu, ou do que pode acontecer daqui pra frente, eu quero que ele esteja bem.