sexta-feira, 28 de abril de 2017

(Capítulo 20 – É ele)

Depois da nossa maravilhosa noite, voltamos pra casa felizes e satisfeitos de tanta pizza que comemos. Eu amava esses momentos com meu irmão, amava sair com ele e compartilhar sentimentos bons com aquele que é a minha metade mais linda. Enquanto Benjamim subia para o seu quarto, fiquei na sala com meus pés estendidos na mesinha e meus olhos grudados no celular. Postei uma foto com todos os meus amigos, acompanhada de uma legenda bonitinha que dizia: “Matando quem estava me matando, a saudade.” Depois olhei a foto que Felipe tinha tirado de nós dois, eu não tinha reparado, mas estávamos sentados bem próximos, ele colocou sua mão sobre minha cadeira e minha mão estava na sua perna. Engoli o seco ao ver aquela foto, mas principalmente ao ver a legenda que parecia bastante comprometedora. “Como foi bom te ver minha menina volta logo pra gente matar mais um pouco dessa saudade.” Curti a foto e comentei apenas um “foi bom te ver, saudades.” Pensei imediatamente em Luan e no que ele poderia pensar ao ver aquela foto, mas também pode ver e não achar absolutamente nada, porque não temos nada. Apenas continuei olhando minhas redes sociais, ouvi algumas músicas e decidi subir para o meu quarto, amanhã eu compraria minha passagem, arrumaria minhas coisas e voltaria para São Paulo.

Acordei cedo no dia seguinte, liguei para uma agência e comprei minha passagem para o dia seguinte, quarta-feira. Tomei café com minha mãe e com Ben, recebemos a visita de uma tia e conversamos por horas, pena que ela tinha a mesma opinião do meu pai. Almoçamos também todos juntos, meu pai estava bem humorado naquele dia, nem parecia aquele homem rígido e extremamente grosso. Depois do almoço tentei descansar um pouco e enquanto olhava meu celular, acabei recebendo a ligação de Laura.

– Volto amanhã, Laurinha!

– Sério? – Perguntou animada – Como a tia Ana está?

– Graças a Deus ela está ótima.

– Aí que coisa boa ouvir isso.

– Ela já se sente super bem, fora que ontem tivemos uma conversa muito boa.

– Tia Ana é maravilhosa.

– Sim, vou te mandar uma foto que ela tirou especialmente pra você.

– Manda, manda. – Sorriu – Mas falando em foto dona Alice...

– O que tem?

– Eu vi uma foto ontem e achei muito suspeito. – Eu conseguia imaginar sua cara do outro lado da linha – Quer dizer que você andou matando a saudade do Felipe?

– O que? Como assim? Eu só fui à pizzaria e o reencontrei lá.

– E aquela foto que ele postou de vocês dois super íntimos?

– É apenas uma foto. – Respondi natural.

– E aquela legenda, Alice? Qualquer pessoa que olhar aquela foto, vai ver que vocês aproveitaram muito.

– Mas não aconteceu nada.

– Tem certeza?

– Com certeza eu estaria te contando todos os detalhes agora.

– É verdade... – Silenciou – Mas e Luan?

– O que tem Luan?

– Será que ele viu?

– Isso é um problema?

– Vocês não estão juntos? – Ignorou minha pergunta.

– De vez em quando. – Ouvi Laura gargalhar – Isso com certeza não vai tomar o tempo precioso dele.

– Eu duvido muito, mas se você tá falando.

– Lau, as coisas são tão complicadas.

– Complicadas porque você quer. – Foi direta – Ele é louco por você.

– Você tem esse poder de descomplicar tudo.

– Eu só quero ver os dois bem.

Conversamos durante a tarde inteira, porque ela me conhecia o suficiente para me dizer o que de fato estava se passando dentro do meu coração. Era noite quando decidi descer para aproveitar mais um pouquinho a minha família, eu já conseguia sentir aquele cheirinho de saudade. Mamãe preparava uma receita nova, papai falava ao telefone com um dos meus tios e Benjamim jogava videogame feito uma criança. Fui até a cozinha e minha mãe parecia concentrada lendo alguma coisa no seu livro de culinária, eu parecia tanto com ela, mas sua sabedoria era bem maior e sua alma bem mais linda que a minha.

– Oi, filha. – Sorriu me olhando – Sente, me faça companhia.

– O que a senhora está fazendo?

– Um macarrão ao molho de camarão.

– Sério? Com certeza vai ficar maravilhoso. – Olhei meu celular – Cadê a Dorinha?

– Ela está deitada, disse que estava sentindo um pouco de dor de cabeça.

– Ah, mas será que ela está bem?

– Sim, eu acabei de ir deixar um remédio pra ela.

– Que bom. – Olhei meu celular novamente, tinha esperança de Luan ainda me ligar.

– Conseguiu comprar sua passagem?

– Consegui, meu voo sai amanhã às 12h40min.

– Vou aproveitar então para fazer um bolinho e você leva na bolsa. – Sorri ao me deparar com seu cuidado de sempre.

– Tá bem. 

– Tá esperando a ligação de alguém? – Perguntou enquanto eu olhava meu celular mais uma vez.

– Na verdade eu não sei ele vai me ligar mais hoje. – Sorri tristonha.

– E por que você não liga?

– Ele pode estar ocupado. – Tentei me convencer.

– Você só vai saber se ligar. – A olhei por alguns segundos.

– Será que eu ligo?

– Liga.

Deixei um beijo em seu rosto, avisei que eu voltaria logo e subi para o meu quarto. Disquei o número de Luan, chamou uma, duas, três, quatro vezes e nada dele atender. Desliguei e voltei a discar, chamou mais cinco vezes e caiu na caixa de mensagens. Desisti, se ele não queria me atender, eu não insistiria. Continuei ali no meu quarto, andei de um lado para o outro, eu parecia ansiosa? Sim, eu estava ansiosa e algo me dizia que eu estava ficando louca. Como aquilo não era uma coisa completamente normal de se sentir, preferi começar a arrumar minhas coisas na mala, amanhã cedo eu sairia de casa. Passou mais ou menos trinta minutos até que ouvi meu celular tocando, era ele, sempre era ele.

– Alô! – Atendi calma.

– Desculpa não ter atendido suas ligações. – Se explicou.

– Você estava ocupado?

– Eu estava no estúdio, acabei de chegar em casa.

– Você tá bem?

– Um pouco cansado. – Respirou fundo – E você?

– Estou bem. – Aquele clima estava me matando – Eu estava pensando em você, aí decidi ligar.

– Ontem eu vi que você estava se divertindo com seus amigos. – Ignorou completamente o que eu disse. – Estou vendo que você não pretende voltar tão cedo. – Senti um arrepio tomar todo o meu corpo.

– Realmente ontem eu me diverti muito, mas o que isso tem a ver em eu ter pensado em você?

– Absolutamente nada. – Falou sério – Não, na verdade eu acho que tem sim.

– O que, Luan?

– Simplesmente o fato de você ter matado a saudade de outra pessoa.

– Se você está falando de uma foto na qual eu fui marcada, não significa nada.

– Sinceramente eu nem sei por que estou tocando nesse assunto.

– Afinal isso não importa pra você.

– Quem disse que não importa, Alice? Quem disse pra você que eu não sinto algo quando te vejo com outro cara como eu vi hoje? Você e essa sua mania ridícula de achar que eu não gosto de você o suficiente para sentir nem que seja um pouquinho de ciúmes ao te ver com outro. – Ele parecia sério demais.

– E o que você sentiu? 

– Senti raiva de mim mesmo por não poder estar aí com você.

– Eu nunca te cobrei nada, nem posso fazer isso.

– Isso não é uma cobrança, mas um desejo meu. – Respirou fundo – Eu não sei o que aconteceu ontem, mas saiba que não é a melhor coisa se sentir incapaz.

– Não aconteceu absolutamente nada ontem.

– E aquela foto? Aquela legenda? É nada pra você?

– Significam muito pra mim, porque Felipe é um ex-namorado meu.

– Você só tá complicando ainda mais as coisas. – Continuou sério.

– Ele foi meu primeiro namorado, estávamos na escola ainda. – Tentei encontrar as palavras certas – Nos reencontramos ontem depois de três anos.

– Continue.

– Nós tiramos aquela foto porque somos amigos, a legenda não foi por minha conta. – Sentei na cama – Eu não posso simplesmente controlar os sentimentos das pessoas. 

– Você é muito complicada, Alice! – Falou mais calmo.

– Você pode desistir de mim na hora que quiser.

– E quem disse que eu quero ou consigo desistir de você?

– Você acredita em mim?

– Acredito. – Falou sincero – Me desculpa.

– Eu tenho algo pra te contar.

– Conte.

– Amanhã estarei voltando pra São Paulo.

– Antes tarde do que nunca. – Sorri ao ouvir sua voz mais calma – Que horas você chega?

– Acho que umas 14h00min no máximo.

– Eu quero muito te ver.

– Podemos combinar algo quando eu chegar aí.

– Podemos.

– Posso fazer uma massagem para aliviar esse cansaço.

– Garanto que quando você estiver aqui, tudo vai aliviar. – Gargalhei sentindo minhas bochechas arderem de vergonha.

– Cadê aquele Luan romântico que falou comigo pela ultima vez?

– Está necessitado de amor.

– Eu vou te dar todo amor do mundo quando chegar aí... – Senti uma saudade imensa dele.

– Eu espero ansioso por isso. 

– Você sentiu muito a minha falta? – Por que eu perguntei isso?

– Muito. – Respondeu sincero – E você sentiu a minha?

– Sim, como se estivesse faltando algo.

– Não fala assim que eu me apaixono. – Sorri – Você é incrível, Alice!

Eu não sabia muito bem o que falar em momentos como esse, eu gostaria de abrir meu coração e deixar que ele falasse por mim. Mas eu sabia que essa não seria uma tarefa muito fácil, não era tão simples deixar que a emoção fale mais alto que a razão. A maneira como ele me tratava, como ele me olhava, sua maneira de cuidar tão bem desse sentimentos que brotava em nossos corações. Era algo a ser estudado essa loucura que vem nos acontecendo, todo sentimento de dependência, de querer estar perto, mas sem querer que o outro perceba o tempo inteiro. Porque era algo muito novo, quase não nos conhecíamos tão bem e já avançamos vários sinais vermelhos na nossa relação. Eu tinha medo de me entregar tanto, porque isso parecia ser fora da minha realidade. As coisas aconteceram tão rápido, essa loucura quando estávamos juntos, esse bem querer, esse amor que a cada dia crescia aqui dentro. Simplesmente não tinha explicação, porque com Vicente demoramos dois meses para dar o primeiro beijo. E olha pra mim hoje? Uma pessoa completamente nem aí com a vida, achando que tudo isso é um mar de rosas, mas na verdade é o desconhecido. Será que eu estava apaixonada por Luan ao ponto de não querer que ele se vá para longe de mim? Eu não sei, mas eu sei que a minha felicidade está nesse amor.

“… E você não consegue entender o porquê, ele só te olhou, e quando ele te olhou tudo fez sentido.”

---------------------------------------------------------------------------------------------------
OOOOOOOOOOOOOI, MEUS AMORES!!!!!! 
Tudo bem com vocês? E aí, o que estão achando da fanfic? Vamos conversar um pouquinho, estou sentindo vocês muito distantes. E quem ainda não participa do nosso grupo no facebook? Vou deixar o link bem aqui: Grupo no facebook participem, meus amores! Pelo grupo eu consigo estar mais próxima de vocês, conseguimos conversar melhor, acochar mais esse laço de amor que existe entre nós. Ah, como eu vi que MUITAS meninas me perguntam se eu tenho outras fanfics, vou deixar o link aqui da minha primeira fanfic: Fanfic Quando o amor chegar muito apaixonante. E para finalizar meu discurso hahahaha, deixo aqui meus agradecimentos lindos por vocês existirem na minha vida. Gente, em poucos dias de fanfic nós estamos com muitas visualizações e isso é MARAVILHOSO demais! Sinto meu coraçãozinho quase explodir de tanta alegria, porque é esse carinho de vocês que me motiva a querer escrever cada dia mais! O B R I G A D A do fundinho do meu coração, tá? Enfim, fiquem com Deus e não esqueçam de deixar seus comentários lindinhos aqui! Beijos enormes em cada um de vocês, estrelas do meu Céeeeeeeeeeeeu  ♥ 

(Capítulo 19 – Primeiro amor)

Acordei no dia seguinte sentindo uma dor de cabeça muito forte, com muito esforço consegui abrir meus olhos e por sorte as cortinas do meu quarto estavam fechadas. Tentei levantar com todo o cuidado, eu sentia como se estivesse tudo solto dentro da mina cabeça. Tomei um banho quente, vesti uma roupa simples e desci em direção à cozinha, onde Dora cozinhava ao lado da minha mãe.

– Bom dia! – Sorri olhando as duas.

– Bom dia, querida! – Mamãe me chamou com a mão – Tá tudo bem? Que carinha é essa?

– Estou com muita dor de cabeça. – Reclamei sentando ao seu lado.

– Dora, pegue um remédio pra ela? – Ela tirou vários remédios de dentro do armário.

– Aqui, filha. – Dora me entregou com um copo de água. – Dorinha vai colocar um café bem forte pra você, tá? – Falou fazendo-me sorrir.

– Obrigada, Dorinha!

– Eu fui ao seu quarto te chamar para tomar café com a gente, mas sua porta estava trancada. – Mamãe falou cortando algumas verduras.

– Eu tranquei e me esqueci de destrancar. – Fechei meus olhos sentindo uma pontada na cabeça.

– Como foi o passeio com seus amigos?

– Foi ótimo. 

– Estava com saudade deles?

– Sim, eu estava com muita saudade. – Falei tomando um pouco do meu café – Mas tudo isso não me traz boas lembranças.

– Eu entendo... – Quando ela foi continuar falar, vi Benjamim entrando na cozinha.

– Posso falar com você, Alice?

– Não. – O ignorei fazendo minha mãe nos olhar.

– Mas o que é isso? Por que está ignorando seu irmão, Alice?

– Você não quer contar a ela? – Perguntei o olhando – Eu estou com muita dor de cabeça, não quero discutir com você.

– Alguém pode me explicar o que está acontecendo? – Perguntou colocando a mão na cintura.

– Benjamim que é um...

– Cale a boca, Alice! – Quase gritou fazendo com que eu me calasse – Agora eu estou esperando uma explicação.

– Eu só quero pedir desculpas a ela. – O olhei sem entender.

– Me pedir desculpas? Depois de tudo o que você me disse, agora você quer me pedir desculpas?

– Benjamim, o que você fez? – Mamãe perguntou o olhando – Venham comigo. – Nos chamou para o escritório de papai – Agora quero uma explicação do que aconteceu para vocês dois se odiarem desse jeito. – Falou sentando em nossa frente – Quem vai começar?

– Benjamim falou um monte de absurdos sobre Luan.

– Por que fez isso Benjamim? – Mamãe perguntou o olhando.

– Porque eu tenho medo dela se machucar. – Abaixou a cabeça – Eu não tinha a intenção de fazer com que ela ficasse com raiva de mim.

– E você achava o que? Que eu iria te agradecer por falar mal dele?

– Eu sei que eu posso ter exagerado, mas você pensa que vai casar com ele?

– Não importa o que eu penso, mas você precisa respeitar os meus sentimentos.

– Sua irmã tem razão, Benjamim.

– A senhora sabe de tudo e não fala nada? Só eu que estou me preocupando com o bem estar dela?

– Olha como você fala comigo. – Mamãe o repreendeu – Eu penso nela, sei que ela está se arriscando em se permitir viver um relacionamento com alguém tão incerto, mas é o que traz felicidade a ela nesse momento.

– Felicidade nesse momento, né? E depois? Ela vai sofrer do mesmo jeito.

– Você quer parar de se preocupar tanto com a minha vida? – Falei séria – Eu sei o que eu estou fazendo, sei que tudo isso é uma grande loucura, mas eu quero continuar. – Ele se calou – Porque depois que Vicente se foi, eu nunca mais me senti tão bem como eu me sinto quando estou com Luan.

– Você não mede as consequências de tudo isso.

– Eu não quero pensar em absolutamente nada que possa acontecer amanhã, porque o que importa pra mim é o que está comigo nesse momento. – Senti as lágrimas tomarem meus olhos – Eu só quero que você entenda que durante esse um mês e meio que eu estou em São Paulo, coisas boas me acontecem todos os dias, Luan é uma dessas coisas.

– Eu entendi... – Tentou falar, mas o interrompi.

– Ben, você pode até ter razão em relação a esses cantores famosos, mas não julgue Luan antes de conhecê-lo.

– Eu só penso no seu bem... – Me olhou triste – Só penso em como você vai reagir a uma decepção, como você vai conseguir continuar sua caminhada.

– Eu sei que você pensa o tempo inteiro em mim. – Sentei mais próximo dele – Sei que eu não poderia ter um irmão mais amável e cuidadoso, mas eu preciso que você me deixe crescer e cuidar da minha própria vida.

– Me desculpa por ontem? – Segurei sua mão. – Eu não poderia ter discutido com você por conta disso, eu não tinha o direito de julgar sem conhecê-lo.

– Eu te desculpo. – O abracei com todo o meu amor – Mas não faça mais isso, tá?

– Você gosta muito dele, né?

– Muito, você não faz ideia do quanto ele é importante pra mim.

– Então tudo bem, eu aceito esse seu rolo com o Luan Santana. – Olhei minha mãe – Mas se um dia ele te decepcionar, você me avisa que eu quebro a cara dele. – Nós duas começamos a rir.

– Você é o melhor irmão do mundo, Benjamim! – O abracei fazendo minha mãe sorrir.

Senti-me bem em poder conversar com ele, em tentar mostrar um pouco desse sentimento que eu sinto por Luan, em fazer com que ele entenda que isso é algo importante pra mim. Conversamos mais um pouco, rimos, brincamos e Ben até perguntou mais sobre como conheci Luan e como estava nossa relação hoje.

– Filho, você poderia sair? Preciso conversar com sua irmã.

– Claro. – Me deu um beijo na testa e saiu.

– Vamos conversar, amor?

– Vamos. – Sentei pertinho dela.

– Filha, eu sei que você só está aqui por minha causa. – Segurou minha mão – Você construiu uma vida em São Paulo, eu não tenho o direito de te prender aqui.

– Mãe, eu faria qualquer coisa por vocês.

– Mas eu já estou bem, estou me alimentando direitinho e eu sei que já está na hora de você voltar. – Respirou fundo – Eu não vou te mandar embora, mas na hora que quiser ir, não se preocupe mais comigo. – Segurei mais forte sua mão – Eu sei que você faria qualquer coisa por sua família, sei que você nos ama e sente nossa falta, mas sei também que você ama sua vida lá.

– Eu amo sim...

– Inclusive ama um rapazinho, ama sua prima, seu trabalho.

– Mãe, você tá mesmo bem? – Ela concordou com a cabeça – Eu não quero sair daqui sem que a senhora esteja realmente bem.

– Mas eu estou, meu amor. – Sorriu beijando minha mão – Na verdade eu acho que me sinto ainda melhor do que antes.

– Sério?

– Porque eu consegui compreender que minha menininha hoje é uma mulher, uma mulher linda que está conquistando todos os seus sonhos.

– Eu te amo tanto, mãezinha. – A abracei forte – Eu volto, mas meu coração vai continuar aqui com vocês.

– Eu tenho certeza disso. – Beijou meu rosto – Eu só quero que você seja feliz, minha filha.

Realmente hoje ela conseguia entender que minha vida estava lá agora, mesmo o meu coração e toda a minha saudade estando aqui, ela sabia que muita coisa me prendia em São Paulo. A todo o momento ela dizia que queria ir me visitar, que nunca mais passaria tanto tempo sem me ver, que arrumaria desculpas para ir matar a saudade. Era exatamente disso que eu estava precisando, dessa força, da compreensão e apoio da minha família. Mesmo sabendo que meu pai sempre insistiria em não aceitar minha ida para São Paulo, mas eu me sentia feliz por ter minha mãe e Benjamim ao meu lado. Depois da nossa conversa, seguimos para a cozinha e enquanto minha mãe ajudava Dora a terminar o almoço, liguei para Bruno e avisei que ainda essa semana eu estaria de volta. Era admirável sua compreensão com os funcionários, ele se importava com nosso bem estar e estava disposto a ajudar da maneira que pudesse. Liguei também para Laura e conversamos bastante, ela ficou imensamente feliz ao saber que logo eu estaria de volta e disse que estava cuidando de tudo no nosso apartamento. Era maravilhoso poder almoçar com meus pais e meu irmão, eu só conseguia agradecer a Deus pela família maravilhosa que ele me permitiu ter. Só eu sabia como era difícil estar longe deles, como era difícil sentir a falta deles o tempo todo, mas eu sinto que existe uma hora que as pessoas devem desatar o nó e caminhar com seus próprios pés. Eu sonhava muito em ter uma família, sonhava com o rostinho dos meus filhos, o companheirismo do meu esposo e com os almoços em família no final de semana. Era coisas que preenchiam meu coração com um profundo amor, algo que não conseguia ser explicado, mas sentindo. Descansei um pouco depois do almoço, aproveitei para dar uma olhada nas minhas redes sociais e as coisas estavam mais calmas em relação aos fãs de Luan. Aproveitei para segui-lo, olhei algumas de suas fotos e me apaixonava ainda mais ao ver o quão maravilhoso ele era.

Depois de dormir quase a tarde toda, Ben me convidou para ir à pizzaria com ele e alguns amigos nossos. Mesmo sem muita vontade, acabei aceitando já que eu não faria mais nada naquela noite. Escolhi uma roupa simples, fiz uma maquiagem básica e desci enquanto meu irmão terminava de se arrumar. Enquanto isso eu pedi que Dora tirasse uma foto minha e postei no instagram. 

                                         Partiu pizzaria com o mano

Guardei meu celular, me despedi de meus pais e segui com Benjamim para a pizzaria que sempre íamos quando eu ainda morava aqui. Ao chegarmos lá, encontramos alguns dos nossos amigos e outros amigos de Benjamim da faculdade. Entre nossos amigos, encontrei um ex-namorado meu da época de escola e que hoje fazia faculdade com Benjamim. Felipe era lindo, tinha o cabelo pretinho e os olhos claros, namoramos antes de eu conhecer Vicente e confesso que o amei muito e que ele me fez muito feliz. Começamos a conversar animadamente, a noite era agradável e meu desanimo evaporou com o vento. Reparei que Felipe me olhava vez ou outra, ele estava ainda mais lindo hoje e me surpreendi quando vi que ele caminhava em minha direção.

– Posso sentar aqui, Lili? – Perguntou gentilmente.

– Pode, claro! – Sorri o olhando.

Ele ainda tinha aquele papo bom, aquele cheiro agradável e aquela voz sensível que fazia qualquer mulher se sentir bem ao seu lado. Ele perguntou sobre minha vida em São Paulo, sobre meu trabalho e eu me senti extremamente confortável em compartilhar com ele de todos esses sonhos concretizados. Ele me contou sobre a faculdade, sobre o falecimento de uma tia que nós dois amávamos muito, sobre seu crescimento e como era maravilhoso poder estudar com meu irmão. Ele perguntou sobre meus pais, sobre Dora e até comentou sobre Vicente, mas tentei mudar de assunto imediatamente. Felipe era um menino especial, ele tinha uma alma muito linda e foi muito respeitador e amoroso comigo durante o tempo que passamos juntos. Ele foi meu primeiro namorado, meu primeiro amor, meu confidente e amigo. Tiramos uma foto juntas e ele perguntou se poderia postar no instagram, eu apenas disse que sim, mas não imaginei a confusão que aquilo causaria. 

quinta-feira, 27 de abril de 2017

(Capítulo 18 – Saudade)

Uma semana depois...

Uma semana passou depois de todo o acontecido, minha mãe já tinha melhorado bastante e minha hora de voltar pra casa estava chegando. Recebemos os exames de minha mãe e eles deram que ela estava com anemia, apenas precisava se alimentar e tomar algumas vitaminas para que isso não causasse algo pior. Ela já estava voltando ao seu peso normal e conseguia se alimentar maravilhosamente bem, também estava mais corada e estava animada. Laura me ligou no meio da semana e eu fui obrigada a contar sobre minha viagem repentina, contei sobre minha mãe e ela ficou extremamente preocupada. Ela contou como estava aproveitando a viagem, contou que estava feliz com Douglas e que tinha várias novidades para quando eu voltasse pra casa. Também conversei com Luan, eu sentia sua falta a todo o momento, mesmo sabendo que isso não significava absolutamente nada para ele. Meu pai estava mais amigável, já conversava comigo, até me perguntou sobre a agência e eu fiquei imensamente feliz com esse crescimento. Era domingo à tarde quando uns amigos de infância me convidaram pra ir a uma doceria perto da minha casa, onde éramos presença confirmada quando mais jovens. Sair com eles me fez lembrar meu tempo de colégio, os maravilhosos momentos quando éramos crianças e não nos preocupávamos com absolutamente nada. Pedi que uma amiga tirasse uma foto minha e postei no instagram, com uma legenda bonitinha. 


  Tu me dizia “tô com saudade” mas nunca aparecia. 
                       

Enquanto todos se deliciavam com os doces, fiquei olhando os comentários na minha foto e como de imediato, Luan me seguiu, curtiu minha foto e deixou um comentário bem comprometedor.

@luansantana saudade, aparece na minha vida.

Ele era maluco ou simplesmente esqueceu que é famoso? Existem vários sites de fofoca que trabalham em espiar o que os famosos andam fazendo nas redes sociais, principalmente os fãs dele que sabiam até de sua respiração diferente. Com certeza ele era maluco, mas como não se apaixonar por um homem desses? Sorri ao ver o seu comentário, mas preferi não responder. Logo alguns amigos também comentaram, inclusive Laura.

@samuelalrfernandes é muito linda.

@lauraalcantara saudade, volta pra casa. 😢

@julianoalencar com essa eu casava.

@milenateixeiraar te amo, saudade demais.

@vicsoares princesa.

Mas aí comecei a estranhar quando olhei novamente e reparei que meus seguidores estavam aumentando e comentários de fãs do Luan começavam a aparecer.

“quem é ela @luansantana?”

“mais uma peguete”

“aproveitando a fama”

“ela é linda”

“tá pegando @luansantana?”

“mas esse bebe é safado”

“oi moça você tá pegando meu homem?”

E entre outros que me faziam rir e me sentir ameaçada ao mesmo tempo, era inacreditável a rapidez com que elas descobriam as coisas e isso me assustava muito. Tentei não ligar e guardei meu celular na bolsa, comecei a conversar com meus amigos e logo o tempo foi passando. Era quase 22h00min quando cheguei novamente em casa, meus pais já estavam recolhidos e apenas Benjamim estava acordado falando com alguém no telefone. Segui para a cozinha e procurei algo para comer, peguei um pouco de suco na geladeira, mas antes que eu me sentasse, senti meu celular vibrar e o nome de Luan estampar o visor.

– Alô!

– Tudo bem? – Perguntou carinhoso.

– Você é maluco? – Ignorei sua pergunta – Você só pode ser maluco.

– Olha, eu também estou sentindo muito a sua falta. – Se fez de desentendido.

– Por que você é assim, hem? Você comentou na minha foto, Luan!

– Qual o problema?

– O problema é que você é uma pessoa pública e isso é algo que chama a atenção dos outros.

– Eu não consegui me conter... – Senti vontade de dar na cara dele – Você estava tão linda naquela foto.

– Você só complica a minha vida.

– Então é assim? Eu apago o comentário e não apareço mais. – Silenciou – É isso que você quer? – Falou depois de alguns segundos.

– Você sabe que não. – Respondi calma.

– Mas foi isso que pareceu.

– Luan, não faz isso. – Choraminguei – Desculpa, mas eu fiquei um pouco nervosa com tantos comentários de seus fãs.

– Quer que eu apague o comentário?

– Não tem mais jeito... – Respirei fundo – E eu amei. – Ouvi sua risada do outro lado da linha – E eu também estou com muita saudade de você.

– Diz pra mim que você não vai demorar pra voltar?

– Não vou demorar, só preciso saber que minha mãe está realmente bem.

– Eu entendo.

– Ela disse que quer te conhecer. – Sorri esperando ansiosa sua reação.

– Sério? Ela sabe da gente?

– Ela sabe de tudo. – Silenciou mais uma vez – Luan?

– Eu também quero conhecê-la.  

– Você tá bem?

– Estou aqui no local do show, pronto para subir no palco.

– Onde está essa noite?

– Em Salvador.

– Sério? Que coisa boa.

– Eu preciso ir, mas amanhã te ligo pra gente conversar mais um pouco.

– Só assim pra matar a saudade. – Falei triste.

– Só depende de você aparecer pra gente matar a saudade de outra maneira.

– Você é tão insensível. – Ele gargalhou.

– Meu amor, espero que você volte logo pra gente matar a saudade do nosso amor. – Sorri – Está melhor assim?

– Como eu consigo gostar de você, Luan?

– Você não resiste a mim. – Falou brincalhão.

– Realmente, eu não resisto.

– Eu sei bem disso.

– Mas vá trabalhar. – Tomei o restante do meu suco – Amanhã nos falamos.

– Se cuida, tá?

– Você também, meu amor. – Sorri – Um maravilhoso show.

– Obrigado, beijo!

– Beijo.

(Fim da ligação)

Como ele conseguia ser tão perfeito? Fiquei me perguntando isso por vários minutos, mas não obtive uma resposta concreta. Terminei de comer, coloquei tudo na pia e segui para a sala, onde Ben agora assistia a um filme de ação.

– Posso assistir com você?

– Senta aí, mana. – Falou sem tirar os olhos da TV.

– Que filme sem graça.

– Ah, não vai começar. – Olhou-me repreendendo.

– Ué, eu só disse que é sem graça. – Dei de ombros – Melhor um do Nicholas Sparks.

– Melhor você ficar caladinha para que eu possa terminar de assistir.

Encolhi-me no sofá, me concentrei no filme e realmente ele não parecia tão ruim como eu imaginava. Vez ou outra Benjamim olhava seu celular, voltava a se concentrar no filme e depois olhava novamente.

– Você conhece o Luan Santana?

– O que? – Perguntei assustada.

– O Luan Santana, comentou aqui na sua foto.

– Sério? – Me fiz de desentendida.

– Tá se fazendo de desentendida por quê? – Ele me conhecia demais – Você o conhece?

– Conheço. – Falei tentando manter minha calma.

– Conhece de onde?

– Ele é amigo do Rafa.

– Que Rafa?

– Amigo da Laura, Benjamim. – Falei séria.

– De onde que é esse Rafa?

– Misericórdia... – O olhei negando – Aquele amigo da Laura que tem uma casa de shows lá em São Paulo.

– Eu não o conheço.

– Então problema seu. – Falei voltando minha atenção para a TV.

– Eu quero saber é dessa sua amizade com o Luan Santana.

– Por um acaso eu disse que sou amiga dele?

– E precisa? Você viu o que ele comentou?

– O que é que tem?

– Ele disse que tá com saudade e pediu pra você aparecer na vida dele. – Me olhou como se aquilo fosse um pecado mortal – Isso não é coisa de amigo.

– Para de ser chato, Benjamim.

– Chato? Eu sou protetor, é diferente.

– Continua chato do mesmo jeito.

– Você não vai me falar? Então vai ser preciso que eu converse com a mamãe pra saber? – O olhei incrédula – Vai Alice, desembucha. – Respirei fundo sentando novamente.

– A gente tá... – O olhei medindo as palavras – Como eu posso dizer...

– Ficando? – Falou como se fosse óbvio.

– Eu não gosto muito dessa palavra, mas sim.

– Então você tá se relacionando com um cantor famoso? Com o Luan Santana?

– Sim, Benjamim.

– Vocês estão namorando?

– Não. – Falei sincera – Nós não temos nada sério.

– Claro, eles são todos assim.

– O que?

– Só querem usar as menininhas. – Me olhou sério – Tenho certeza que em cada cidade que ele passa é uma diferente.

– Você não sabe de nada disso.

– E precisa? A gente vê isso em todos os lugares. – Negou com a cabeça – Eles são ricos, gostam de beber, pegar uma e outra por aí e depois cair fora.

– Você fala isso porque não conhece Luan. – Falei já com lágrimas nos olhos.

– É mesmo? Então por que ele não te assumiu pra todo mundo ainda? Por que ele não quer um relacionamento sério com você? Porque enquanto você tá aqui, ele tá sabe Deus onde com outra. – Cuspiu todas as verdades na minha cara.

– Você é ridículo, Benjamim! – Falei correndo para o meu quarto.

Entrei, tranquei a posta e segui em direção à varanda, onde lá eu encontrei minhas estrelas. Sentei em um cantinho, encolhida e sentindo aquele mesmo vazio de antes, aquela mesma sensação ruim de estar no lugar errado, na hora errada. Senti meus olhos arderem e ao ver o quanto elas brilhavam pra mim, me permiti chorar até que minha cabeça começou a doer. Por muito tempo eu guardei essas lágrimas, mas só agora me senti pronta para soltá-las e aliviar minha alma. Eu queria muito que todas aquelas palavras que Benjamim jogou na minha cara, fossem mentira, mas eu sabia que não eram. Eu sabia e mesmo assim me permiti passar por tudo isso, mesmo assim me permiti viver algo tão incerto. Eu não tinha o direito de pedir a Deus que as coisas fossem diferente, tudo está acontecendo conforme deveria acontecer. Eu só poderia pedir que Ele cuidasse do meu coração, me ensinasse a amar menos e ser um pouco mais consciente naquilo que vem acontecendo. Se era em Luan ou não, eu só queria encontrar minha felicidade, independente de onde ela estivesse.