quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Agradecimentos — Palavras da escritora


E aqui fica a saudade desse casal, de escreve essa história tão apaixonante e emocionante. Nesse momento eu estou aqui em lágrimas, porque nunca vou aprender a lidar com a palavra “FIM”, nunca vou aprender a colocar um ponto final em uma história.  Eu sou imensamente grata a todos os meus leitores, que são sempre tão pacientes comigo e com meu tempo corrido. Eu sei que mesmo com a correria, vocês estão sempre comigo, me dando forças para continuar. A escrita é um dos meus bens mais preciosos, colocar meus pensamentos nela, faz com que eu me sinta completa, preenchida, de uma maneira que não tem explicação. A “Mesmo Sem Estar” agora faz parte de mim, da minha história, do quanto eu amei e me senti bem em escrevê-la.

Obrigada a todos que acompanharam essa história, que torceram pelo nosso casal, que me deram forças para continuar escrevendo. Vocês são muito incríveis, sabia? E mesmo que eu tivesse apenas um ou dois leitores me acompanhando, eu continuaria escrevendo com todo o amor do meu coração.

Estamos nos despedindo dessa história, para que possamos dar boas-vindas ao novo que está por vir. Não demora e logo nos encontraremos novamente, meus amores. Em breve eu estarei chegando com a “Por Toda Vida” uma das histórias mais lindas que eu já pensei em escrever. Ah, eu encontro vocês no nosso grupo do WhatsApp, ok? Como vocês me pediram.

Nos vemos em breve...
Com amor,

Patrícia Pereira.

(Capítulo 90 – Eternamente, eu te amo)


O tempo voou, mas todos os dias eu me reencontro com aquela Alice de alguns anos atrás, que lutava insistentemente por seus sonhos. Eu era apenas uma menina apaixonada, sonhadora, que queria tudo e queria agora, no seu tempo. Uma menina que conheceu o amor cedo demais e o perdeu na mesma proporção, que se desenganou profundamente, que acreditava não amar novamente. Até que ele apareceu, lhe deu uma bela de uma chacoalhada, mostrando que o amor verdadeiro vai muito além do que possamos imaginar. E em um ano tudo mudou, ela amou, se desiludiu, deixou que o coração gritasse mais alto e se convenceu de que ele era o amor de sua vida.

Só depois de muito tempo, foi que eu consegui compreender o sentido de tudo o que estava acontecendo na minha vida. A partida de Vicente, a chegada de Luan, todos os meus sonhos, minha morte, minha volta e meu futuro com as pessoas que eu amo. Eu sempre guardarei na memória, quando um dia Luisa me mostrou que Vicente estava cumprindo sua missão lindamente, desta vez, dentro de seu coração. Luan foi com Samuel até a casa de seus pais, Luisa estava na varanda, desenhando como sempre amou fazer.

— O que está fazendo, filha? — me aproximei sentando ao seu lado.

— Estou desenhando o meu anjo. — respondeu sem tirar os olhos do papel.

— Seu anjo? — olhei seu desenho e me surpreendi.

— Sim, mamãe!

— E qual o nome do seu anjo? — perguntei quando vi que seu desenho mostrava alguém bastante familiar.

— Vicente! — me olhou sorrindo.

— Vicente? — me senti tonta — É ele o seu anjo?

— Sim, ele cuida muito bem de mim.

— Que bom saber disso, amor! — beijei sua testa — Posso te contar um segredo?

— Sim, mamãe!

— Um dia, Vicente também foi meu anjo.

— Foi? — ela me olhou curiosa.

— Não, ele continua sendo. — sorri enxugando uma lágrima do meu rosto.

— Ele cuida de todos nós, mamãe?

— Sim, amor! — a olhei — Ele cuida de nós duas, do papai e do Samuca!

E assim seria eternamente, ele nos cuidaria, nos protegeria e nos faria caminhar firmes em meio a tantas surpresas da vida. Ele realmente veio com a missão de nos cuidar, ele veio pra me mostrar o verdadeiro sentido do amor. Ele não era desse mundo, nunca foi.

(Luan Narrando)

Anos se passaram, minha vida se revirou, Alice chegou e me trouxe uma felicidade completa. Eu nunca imaginei que eu encontraria a mulher da minha vida da maneira como aconteceu com a gente naquela noite, em questão de segundos, eu estava perdidamente apaixonado por ela. Logo ela, que veio carregando uma história de amor tão bonita com Vicente, me deixou fazer morada em seu coração, mesmo não se permitindo no primeiro momento. Vivemos tantos momentos lindos, outros difíceis, mas que serviram para o nosso amadurecimento. Até que ela me mostrou que nossas almas estavam ligadas por alguém ainda mais especial para nós dois, nossa Luisa. Ela chegou trazendo a paz que tanto necessitávamos, nos fortalecendo de uma maneira inexplicável. E aí chegou Samuel, nos preenchendo completamente, nos fazendo enxergar o melhor da vida.

Com toda certeza do meu coração, hoje eu acredito que Vicente veio com a missão de fazer com que nos reencontrássemos. Eu me lembro de quando Alice me disse: “Já vivemos lindas histórias de amor em outras vidas, mas não foi suficiente, precisávamos de mais essa.” Minha mulher tinha toda razão, mas acredito que ainda teremos muitas outras pra viver.

Eu me sentia profundamente bem, me sentia completo, sentia meu coração transbordar de um amor que poucos tiveram a chance de sentir. Eu estava realizado profissionalmente, eu tinha a mulher mais incrível do meu lado, tinha dois filhos apaixonantes, uma família que está ao meu lado o tempo inteiro. Bom, essa história foi muito bem contada, eu estava feliz.

A verdade é que a cada dia que a gente acha que morre e encontra uma frase perfeita para um discurso póstumo, a gente renasce e descobre que, não, não é para tanto. A gente renasce e descobre que ainda estamos distantes do fim. E talvez a gente morra na manhã seguinte de novo: se não for de medo, é de fome. E, no entanto, tudo segue intacto no restante do universo. Cabe a nós descobrir os outros sonhos para sonhar, outros caminhos a seguir e outros amores pra amar.

(Escritora Narrando)

O nosso casal viveu uma linda história de amor, enfrentaramm barreiras, se separaram, mas sempre permitiram que o coração decidisse por voltar. Eles foram a prova de que nada acontece por acaso nessa e em outras vidas. Alice e Luan se reencontraram da maneira mais linda que poderia acontecer, se reconheceram, lutaram para que continuassem unidos nesse amor.

Essa foi apenas mais uma história criada por alguém que acredita profundamente no amor, assim como acredita que para um casal que se ama, apenas uma vida não basta.

A verdade é que a gente sempre acha que vai morrer de amor, mas, na verdade, é disso que a gente vive.

FIM.


segunda-feira, 17 de setembro de 2018

(Capítulo 89 – Futuro)


Anos depois...

Cinco anos se passaram desde que Luisa chegou a nossa vida, nos trazendo paz, tranquilidade e equilíbrio. Muitas coisas aconteceram, quero compartilhar com vocês de tudo, mas antes quero que se prepare para a infinidade de emoções que estão por vir. Vamos começar dizendo que dois anos após o nascimento de Luisa, nós ganhamos mais um presente. É isso mesmo, ele se chama Samuel, ou Samuca para os mais íntimos. Ele é apaixonante, tem todos os traços do pai, é profundamente apaixonado pela música e ama fazer uma bagunça. Ele é o maior parceiro de Luan, vai pra todo lugar com ele, me deixando com o coração na mão quando eles demoram demais pra voltar pra casa.

Luisa completou cinco aninhos há duas semanas, ela é delicada, carinhosa, sensível e muito vaidosa. Ela gosta muito de estudar, tem um dom lindo para a pintura, é muito atenta e paciente, uma verdadeira princesa. Nós pensávamos em ter outro filho, mas nesse momento eles eram nossa maior felicidade, estávamos completos. Luan continuava fazendo muito sucesso, crescia a cada dia, sempre inovando nos seus projetos e mostrando que ele veio realmente pra ficar. Estava completando dezesseis anos de carreira, se sentia extremamente bem com sua carreira. Ele era um pai muito presente, um esposo dedicado e compreensivo, estava sempre disposto a fazer de tudo por nossa família.

Os fãs amavam nossos filhos, acompanhavam o crescimento deles através das redes sociais, assim como pessoalmente para aqueles que sempre nos encontravam em algum lugar. Luisa era todo amor com eles, sempre que estávamos em algum lugar com Luan, ela fazia questão de falar com eles e tirar algumas “fotinhas” como ela dizia. Já Samuel era mais na dele, preferia não ficar no meio da multidão, era mais discreto e gostava de segurar forte a minha mão quando alguém desconhecido se aproximava pra falar com a gente. Eu sinceramente não sei como ele quer ser um artista como o pai e não quer ser acessível para seus fãs. Luan dizia que tudo bem, que ele escolheria seu caminho quando crescesse, mas que o ensinaria a dar valor a aqueles que o colocam lá no alto. Eu me lembro como se fosse hoje, de uma noite em que estávamos saindo da gravação de um programa em São Paulo. Quando estávamos saindo do local, tinha aproximadamente vinte meninas nos esperando do lado de fora, no frio.

— Luan, tira uma foto com a gente? — uma das meninas pediu.

— Vamos organizar? — Wellington pediu paciente.

— Oi, Alice! — elas me chamaram.

— Oi, oi, meninas! — sorri com Luisa e Samuel ao meu lado.

— Que linda a Luisa, ai meu Deus! — elas sorriam e minha menina sorriu junto.

— E o Samuel um príncipe, muito a cara do Luan. — ele se escondeu atrás de mim.

— Fala com elas, filho. — o olhei.

— Não, mamãe! — respondeu assustado.

Enquanto Luan terminava de atender todas as meninas, um dos seguranças nos acompanhou até o carro, onde ficamos aguardando. Samuel continuou no meu colo, me abraçou forte e colocou sua cabeça na curva do meu pescoço, brincando com meus cabelos. Logo Luan entrou no carro, Luisa deu um tchauzinho para as meninas e seguimos para nossa casa.

— Tudo bem aí? — Ele perguntou me olhando.

— Uhum! — respondi com um meio sorriso.

— Samuel é um chato. — Luisa falou abrindo os presentes que as meninas deram para seu pai.

— Não fale assim com seu irmão, Luisa! — Luan o repreendeu.

— Filha, seu irmão não é um chato. — a olhei — Ele só não gosta de muita movimentação.

— Nem todos são iguais, Luisa. — Luan continuou — Você gosta de receber o carinho deles, já seu irmão é mais tímido e gosta de ficar no cantinho dele.

— Papai, me desculpa! — ela o olhou com uma carinha linda.

— Peça desculpas ao seu irmão. — ele foi duro, mesmo com o coração mole de pai.

— Samuel, você me desculpa? — ela se aproximou procurando seu olhar.

— Desculpo! — ele respondeu baixinho.

— Agora dê um beijo nele. — eu pedi.

— Te amo, Samuca! — ela o beijou com todo o carinho de seu coração.

Eles eram minha razão de viver, nada eu não poderia fazer sem antes pensar neles, no bem deles. Eu me lembro das vezes em que escutei que meu relacionamento com Luan não chegaria a Lugar nenhum. Que éramos imaturos, que não conseguiríamos construir um elo forte entre nós dois, que era tudo fogo de palha. Bem, eu acho que as coisas não acontecerem bem assim. Provamos a todos que nossa ligação era muito mais forte do que eles poderiam imaginar, que fomos fortes o suficiente para enfrentar todas as dificuldades, que hoje somos imensamente felizes com nossas escolhas. Também me lembro do dia em que ele preparou uma surpresa linda para comemorar nossos seis anos de casados. Ele combinou tudo com seus pais, deixou as crianças na casa dos avós e pediu que eu o acompanhasse para uma premiação que aconteceria no Rio de Janeiro. Como eu sou a pessoa mais desligada desse universo inteiro, nem percebi que aquela “premiação” era só fachada para uma surpresa incrível.

— Porque estamos demorando tanto pra chegar? — perguntei ao perceber a demora pra chegar ao nosso destino.

— Estamos chegando. — ele tentava não falar muito.

— Estamos chegando aonde? — o olhei sem entender — Porque que eu saiba o Rio é aqui do lado e não demora esse tempo todo.

— Eles trocaram de lugar, vai ser em outra cidade.

— E cadê todo mundo? — olhei ao redor — Já estão lá?

— Eu te amo! — me interrompeu.

— Luan... — respirei fundo o olhando — O que você tá aprontando?

— Confia em mim?

— E como eu posso não confiar? — me aproximei — Eu te amo mais que tudo nessa vida!

— Então não pergunta mais nada. — pediu me beijando com todo amor.

Estávamos em Alagoas, nossa cidade dos sonhos, onde vivemos tantos momentos lindos de nossas vidas. Ele era incrível, pensava em tudo com tanto carinho, porque ele sabia que tudo o que fizesse me agradaria. Eu o amava tanto, amava seu jeito, sua maneira linda de me cuidar, de me amar e me proteger de todo o mal. Ele era o meu homem, o pai dos meus filhos, meu amigo, minha razão de continuar seguindo o mesmo caminha há seis anos.

— Você é louco, Luan? — perguntei o olhando.

— Eu sou completamente louco por você! — me segurou pela cintura — Aceita se casar comigo de novo?

— Pra você eu diria sim eternamente, meu amor! — o beijei com amor.

Casamos, com as estrelas como testemunha, com o mar nos banhando e nos renovando com sua energia boa. Jantamos, passamos a noite em Alagoas, fizemos amor à luz da lua, nos fortalecemos e nos reconstruímos. Ele era o amor da minha vida, sempre foi, desde muito tempo.

Agora vamos falar sobre o que vem acontecendo nesses cinco anos na vida das nossas pessoas preferias? Bruna é recém-casada, conheceu Murilo, um dos rapazes mais bem educados de todos os tempos. Eles são lindos, muito apaixonados, fora que Luan foi conquistado por seu cunhado, eles são grandes amigos. Nós os escolhemos para serem padrinhos de Samuel, eles amavam muito nosso filho, assim como Luisa que era o chamego da família. Agora estávamos esperando os filhos, mas Bruna dizia que eles aproveitariam bastante a vida de casados e que só depois pensariam nisso.

Laura e Douglas se casaram e tiveram um lindo casal de gêmeos, Pedro e Isabela. Eles nasceram logo após o casamento, trazendo uma alegria inexplicável a todos da nossa família. Eu me lembro como se fosse ontem dela chegando pra me contar sobre a gravidez, depois de pousos meses de casada.

— Alice, você não vai acreditar! — ela chegou eufórica no meu quarto.

— O que aconteceu? — a olhei enquanto terminava de enxugar Luisa.

— Eu estou grávida! — respondeu com um sorriso enorme no rosto.

— O que? — a olhei sem reação — Você está ouvindo isso, filha? — Luisa bateu palminhas — Não acredito nisso, Laura!

— Nem eu consigo acreditar. — sorriu se jogando na cama — Eu estou grávida, grávida, grávida. — gargalhou.

— E o papai? — perguntei colocando Luisa no chão.

— Ele está lá embaixo contando ao melhor amigo dele.

— A gente precisa comemorar. — sorri.

E assim nós fizemos, comemoramos a gravidez abençoada de minha prima, uma gravidez que ela sempre sonhou. Os bebês nasceram saudáveis, de parto normal, trazendo muita felicidade pra todos, pois a cada dia nossa família só crescia. Já que estamos falando em família, quero falar de Gabi, que antes era nossa caçula e se transformou em uma linda mulher. Ela estava completando dezoito anos, e continuava acompanhando Luan onde ele fosse, tanto que começou a namorar Vinicius, um dos funcionários que trabalham na estrada com Luan.

Os meus pais estavam ótimos, eles são os avós mais babões de todos os tempos, não aguentam passar muitos dias sem ver os netos. Eles sempre aparecem, seja em datas comemorativas ou simplesmente porque nossos filhos são profundamente apaixonados por eles. Benjamim viajou para fora do país, morou por dois anos lá e voltou noivo de Mariana, uma menina linda e cheia de vida. Eles se casaram pouco tempo depois que Samuel nasceu, foi uma festa linda, com pessoas especiais que fazem parte da nossa vida.

Esses cinco anos foram essenciais para o nosso amadurecimento, para o nosso crescimento, para que pudéssemos compreender os mistérios da vida. Eu era imensamente feliz, me sentia completa ao lado das pessoas que eu amo profundamente. Dos amigos, da família, daqueles que são tão importantes e fazem com que a gente se sinta bem. Eu sou grata, eu sabia que seria assim para sempre, nosso “nós” sendo abençoado por aquele que nos amou primeiro.

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

(Capítulo 88 – Novos dias)


E depois de quase dois dias no hospital nós finalmente voltamos pra casa, mas agora carregando nosso bem mais precioso nos braços. Ela era apaixonante, tão meiga, seu olhar trazia uma paz enorme para o meu coração, para a minha vida. A nossa “pequena estrelinha” nos enchia de uma felicidade, que nem com muito esforço, eu poderei um dia explicar. Luan estava todo babão com a filha, queria cuidar, proteger do mundo, esse era o seu momento com ela. Luisa tinha um poder muito grande sobre ele, ela tirava dele o seu sorriso mais lindo, aquele que todos amam admirar. Ele não demorou muito para compartilhar com “seus amores” essa felicidade que não pertencia unicamente a nós.

E agora eu apresento a vocês, minha Luisa. Minha filha, que alegria poder te ter em meus braços, poder te olhar nos olhos e dizer o quanto eu te amo. Você é nosso maior tesouro, nossa felicidade sem fim, nosso presente de Deus. E falando em Deus, eu só tenho a agradecer imensamente a Ele, pois me trouxe dois presentes em um único dia. Quero aproveitar e agradecer a minha mulher, por toda sua garra e coragem, por não desistir de lutar por nossa filha. Agradeço imensamente a minha família, por todo apoio. Agradeço também a Dra Paula e toda sua equipe por todo dedicação e cuidado com as minhas meninas. E em especial, eu agradeço a todos vocês, por todo o carinho e amor por mim, por Alice e Luisa.

Ele aproveitou para ler e responder alguns comentários, nossa filha estava em todos os sites de notícias, era impossível não se apaixonar por ela. Minha mãe passaria a semana comigo, eu necessitava muito da ajuda dela, assim como da minha sogra também. Recebemos algumas visitas, muitas ligações, presentes de amigos e também dos fãs que se mostravam muito carinhosos com nossa Luisa. Bruna e seu Amarildo estavam sempre presentes, Douglas e Laura vieram nos ver trazendo muito amor e presentes pra a “menininha deles”. Meu pai e Benjamim voltaram pra casa por conta do trabalho, os pais de Luan e Bruna foram descansar, enquanto minha mãe me ajudava e absolutamente tudo. Depois de um dia cheiro de carinho, eu finalmente consegui fazer Luisa dormir, apesar de ser uma menina muito tranquila. Luan estava desmaiado no sofá, ele estava muito exausto e precisava descansar o máximo que conseguisse. Enquanto Luisa dormia, fiquei a ninando ao lado de minha mãe que não parava de rir ao olhar minha menina.

— Como ela pode ser tão perfeita? — minha mãe perguntou a olhando.

— Eu sou uma princesa linda, vovó! — respondi com voz de bebê.

— Ela parece tanto com o Luan. — sorriu — Mas tem muito de você também.

— Mãe, eu preciso te contar uma coisa.

— Pois diga. — me olhou atenciosa.

— Semanas antes de Luisa nascer, eu sonhei com Vicente. — falei me sentando.

— Um daqueles sonhos?

— Não, foi tudo bem diferente dessa vez.

— Então me conte como foi. — sentou ao meu lado.

Contei a ela todos os detalhes do meu sonho, assim como contei sobre a cigana na nossa viagem a Campo Grande. Ela se assustou um pouco, disse que eu não deveria ter acreditado nessas coisas, pois graças a Deus hoje estávamos todos bem. No fundo, ela acreditava nessa história tanto quanto eu, ela acreditava em todas as palavras e as guardaria em seu coração caso estivesse no meu lugar. Contei a ela sobre os três longos minutos em que eu estive “morta” naquela sala de parto, quando eu me reencontrei com Vicente. Ela parecia aflita, mas sabia que precisava ser forte para que eu continuasse me sentindo segura.

— Ele disse que estaria pra sempre comigo através da Luisa, acredita? — ela sorriu — Disse que estará no coração dela.

— E você escolheu continuar com eles. — ela me olhou — Você é muito corajosa, minha filha. 

— Às vezes eu acho que tudo isso foi apenas um sonho, outras vezes eu acredito que foi real. — eu estava confusa.

— Já passou. — ela segurou minha mão — Agora você só precisar focar na sua família, na nossa princesinha linda.

— Mas eu sinto que Vicente está aqui, sabe? — ela concordou — Sinto que ele vai sempre cuidar da gente.

— Eu tenho certeza que agora ele está descansando em paz. — ela me abraçou forte — Tudo acabou.

E era essa sensação de “dever cumprido” que me invadia de uma maneira que eu não conseguiria nunca explicar. Eu sabia que agora ele descansava, que tudo estava onde deveria estar e eu poderia respirar aliviada. Depois daquela longa conversa com minha mãe, ela foi descansar, enquanto eu chamava Luan para que pudéssemos nos deitar.

— Você está precisando de alguma coisa, meu amor? — ele perguntou quando eu me deitei sentindo um pouco de dor.

— Só um pouco de água.

— Aqui. — ele me entregou.

— Será que ela vai dormir por algumas horinhas? — ele me olhou esperançoso.

— Vem descansar, vem. — o chamei pra cama.

— Ela vai ficar bem? — perguntou ao olhar Luisa pela milésima vez.

— Qualquer coisa ela vai chorar e nós vamos escutar. — sorri.

— Filha, qualquer coisa você chama o papai! — ele falou com ela.

— Sabia que você é o melhor papai do mundo? — perguntei quando ele se deitou ao meu lado.

— Será? — me olhou pensativo — Será que ela vai me achar um paizão?

— Ela vai te amar muito.

— Como você se sente, amor? — ele perguntou carinhoso.

— Cansada, mas feliz. — sorri — Já vivemos muitos momentos felizes, mas como esse.

— Eu te amo, muito! — ele falou se aproximando.

— Eu te amo mais que tudo nessa vida! — o beijei com amor.

Naquela noite, Luisa ainda acordou duas vezes para mamar, mas ainda assim conseguimos descansar por um bom tempo. Eu sabia que aqueles primeiros dias seriam extremamente cansativos, mas muito felizes em ter nossa filha conosco. Com uma semana Luan voltou a trabalhar, ele precisava cumprir sua agenda de shows, mas sempre voltava pra casa quando o show terminava cedo ou era por perto. Inclusive, ele decidiu com seu pai que diminuiria a quantidade de shows por mês, pois gostaria de passar mais tempo com a gente. Mamãe passou quase duas semanas na minha casa, até que conseguimos escolher uma pessoa que seria contratada pra me ajudar com Luisa. Joana, uma sobrinha da minha amada Maria, ela era uma pessoa de extrema confiança e muito boa com crianças. Dona Marizete sempre estava com a gente, assim como Bruna, seu Amarildo, Laura e Douglas. Eles não me deixavam sozinha nem por um minuto quando Luan estava fora, pois sabiam que eu precisava de companhia, mas também aproveitavam para mimar muito Luisa. Luan sempre dizia: “vão estragar a minha filha.”

— Você já sabe qual vai ser o tema do mesversário dela? — Laura perguntou animada.

— Pensei em fazer de frutinhas. — respondi enquanto trocava Luisa — O que você acha?

— Eu acho que vai ficar lindo! — fez carinho na nossa pequena — Você quer primeiro qual frutinha, Lulu?

— Acho que ela quer morango.

— Morango?

— É, porque ela gosta de olhar os morangos vermelhinhos. — sorri.

— Então vamos fazer de morango. — bateu palminhas fazendo Luisa abrir um sorrisinho.

— O padrinho chegou! — Douglas entrou no quarto com Luan.

— Oi, dindinho! — brinquei fazendo Luisa dançar nos meus braços.

— Que pequena mais linda, meu Deus! — ele sorriu a pegando nos braços — Você sabia que o dindinho te ama?

— E como a Joana está se saindo? — Laura perguntou.

— Ela é maravilhosa! — respondi sorrindo — E Luisa gosta muito dela, só você vendo.

— Ah, que bom! — Joana foi indicada por Maria.

— Ela só fica um pouco tímida quando Luan está em casa.

— Sério? — gargalhou.

— Ela quase nem fala comigo, não entendo. — Luan falou — Só fala “sim senhor” ou “não senhor”.

— Porque com certeza ela não tinha costume de trabalhar com uma celebridade como você. — Douglas brincou.

— Ela está de folga hoje? — Laura perguntou.

— Sim, eu aproveito que Luan está em casa e dou uma folga a ela.

Passamos uma tarde de alegria e muito amor, os cinco, comendo e conversando animadamente. Claro que Luisa logo cuidou de mamar e ir dormir, acordou mais umas quatro vezes, mamava e dormia. Ela era o nosso relógio, nada atrasava, tudo era no tempo dela e unicamente voltado ao seu bem. Nossa dedicação era toda pra ela, não pensávamos mas na gente, só pensávamos se seria bom pra ela. Com toda certeza eu estava vivendo uma das melhores fases da minha vida, porque o meu amor por Luisa era imensurável. Antes de Laura e Douglas irem embora, eu e minha prima subimos para colocar Luisa na seu berço confortável.

— E como está sendo pro Luan? — ela perguntou sentando na minha cama.

— Ele é extremamente cuidadoso, protetor, companheiro. — respondi sorrindo — Eu tenho muita sorte em tê-lo ao meu lado nesse momento.

— E como está a relação de vocês?

— Melhor impossível! — respondi me sentando.

— Isso é ótimo.

— Ele sempre procura me agradar, sempre disposto a me dar atenção. — sorri — É o melhor marido que existe nesse mundo.

— É tão bom te ver felizes assim, sabia? — ela segurou minha mão.

— Acho que eu nunca me senti tão completa em toda a minha vida. — a olhei — Tudo foi planejado com tanto amor, tanta perfeição.

— E Vicente?

— Eu o sinto ainda mais presente em mim. — respondi com convicção — Como eu nunca senti antes.

— Tudo parece fazer sentindo agora, né? — ela se referia a tudo o que eu lhe contei em relação ao sonho e a cigana.

— Absolutamente tudo. — respondi.

— E eu só tenho a agradecer a você por confiar em mim, por compartilhar comigo de todas essas coisas que são tão suas.

— Você é uma das únicas pessoas que eu posso confiar nessa vida. — a abracei — Você é minha alma gêmea.

Eu a amo muito, porque ela era minha versão mais tranquila, aquela pessoa que lutava comigo e matava por mim. Eu não seria nada sem Laura e seus cuidados, sem seu apoio, sua confiança e o seu amor por mim e por tudo o que eu sou. Se Laura estivesse bem, eu estaria bem, porque era exatamente assim que as coisas funcionavam com a gente.

— Ela dormiu? — Luan perguntou quando Laura e Douglas se foram.

— Dormiu! — respondi me jogando no sofá.

— Quer uma massagem? — ele me olhou carinhoso.

— Você faria uma massagem em mim? — ele concordou sorrindo — Porque é tudo o que eu mais preciso nesse momento.

— Vamos pro quarto. — ele me segurou pela mão — Faço a massagem, tomamos um banho e vamos descansar.

— Daqui a pouco ela acorda. — falei me sentindo exausta.

— Eu cuido dela. — respondeu com um beijo cheio de amor.

Eu não poderia reclamar de nada, eu tinha a melhor pessoa desse mundo ao meu lado e ele era meu companheiro. Não era apenas o meu marido ou o pai da minha filha, ele era meu amigo, aquele em quem eu poderia depositar todos os meus sonhos e planos para o futuro. Ele era o amor da minha vida, era minha razão de estar aqui, minha força e coragem para continuar lutando por nossa felicidade. 

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

(Capítulo 87 – Luisa)


Algumas semanas depois...

Eu estava completando nove meses de gestação, Luisa estava com 45 cm e pesava 3,5 kg, estava tudo pronto para receber a nossa princesinha. Confesso que a ansiedade tomou conta de mim, principalmente nessa ultima semana que eu comecei a sentir as contrações. Luan tirou alguns dias pra ficar com a gente, pois sabíamos que a qualquer momento ela poderia nascer. Depois daquela minha conversa com Laura, nós não tocamos mais no assunto, nem eu queria. O papai estava sendo extremamente cuidadoso, ele acordada no meio da noite pra saber se estava tudo bem, ligava sempre nas vezes em que precisava sair. Ele me tranquilizava, tentava me passar calma nesse momento, fazia com que eu me sentisse segura e confortável.

Era uma noite fria de sexta-feira, estávamos tentando dormir, pois desde o finalzinho da tarde eu estava sentindo algumas contrações fortes. Paula conversava comigo de meia em meia hora, mas ela dizia que eu aguentava mais um tempo em casa, já que Luisa estava apenas se preparando para deixar minha “barriga quentinha”. Eu tentava respirar, mas era quase impossível, minha barriga estava enorme, dura e eu não tinha forças para mais nada.

— Vida? — acordei Luan quando senti minha bolsa estourar.

— O que foi? — ele perguntou um pouco sonolento.

— Acho que minha bolsa estourou. — o olhei apreensiva.

— Estourou? — levantou calmo — Está na hora?

— Eu acho que sim... — senti uma dorzinha se instalar no pé da minha barriga — Eu acho que chegou a hora.

— Quer ligar pra Paula? — ele perguntou procurando o celular.

— Quero sim... — tentei responder ao sentir um pouco mais de dor — Eu quero falar com ela. — Luan discou o número da nossa médica e me entregou o celular — Paula?

— Como estamos, Alice?

— Eu acho que a minha bolsa estourou.

— Saiu muito liquido?                    

— Muito, eu estava cochilando e acordei toda molhada... Ai, eu estou sentindo dor agora. — tentei respirar.

— Certo, eu estou indo para a clínica.

— Podemos ir logo? – perguntei espremendo meus olhos.

— Agora! — respondeu firme — Sua filha está pronta, Alice!

Eu sentia um misto de ansiedade, felicidade e aflição, enquanto a dor só aumentava um pouco mais a cada segundo. Luan ligou para nossos pais, para Laura e Douglas e avisou a Arleyde que nossa filha estava pronta para nascer. Não demorou muito para que déssemos entrada no hospital, enquanto eu tentava inutilmente respirar, mas Luisa não deixava.

— Vai com calma, filha! – falei sentindo um pouco mais de dor.

— Ô filhinha, deixa sua mãe respirar. – ele falava passando a mão sobre minha barriga.

— Você ligou pra minha mãe? – perguntei o olhando.

— Liguei, eles estão vindo pra cá. — respondeu carinhoso — Eu te amo, sabia?

— Eu te amo, muito! – o olhei com todo o meu amor – Ai...

Pensa que daqui a poucas horas, nossa Luisa estará aqui com a gente. — ele falou tentando me tranquilizar.

Não demorou muito para que a equipe de Paula me levasse para um quarto todo preparada, com pessoas extremamente cuidadosas e amorosas. Meu parto seria normal, eu já estava com alguns centímetros de dilatação, as dores vinham cada vez mais fortes e com frequência. Luan em nenhum momento saiu do meu lado, nossos familiares começavam a chegar, todos estavam ansiosos e felizes com aquele momento.

— Cheguei! — Paula entrou sorridente no quarto — Como estamos? — perguntou me olhando.

— Estamos com dor. — respondi a olhando.

— Vamos fazer um exame rápido pra saber como Luisa está. — ela continuou sorrindo — Estou ansiosa pra ver a carinha dessa princesa.

— Estamos todos. — Luan falou acariciando minha barriga — Vem logo, Luisa.

Enquanto Paula me consultava, Luan foi até a sala de espera para conversar com todos que esperavam ansiosos por notícias. Já passava das 2h00 da madrugada, eu não estava mais aguentando sentir tanta dor, nem Luisa queria mais continuar dentro da minha barriga. Era um momento muito mágico, de profundo amor e intimidade entre nós duas, eu e minha filha amada. Eu poderia sentir essa dor por muitas horas, só por saber que no fim eu teria a minha Luisa nos meus braços.

— Vamos levá-la para a sala de parto. — Paula avisou a sua equipe.

— Cadê o Luan? — perguntei sentindo uma tontura.

— Ele está vindo! — uma enfermeira me tranquilizou.

— Vamos lá! — Eles me levaram para a sala.

Eu teria que ser forte, teria que enfrentar todos os meus medos, para que eu pudesse trazer minha filha ao mundo. Luan chegou sorrindo, mas por dentro ele estava nervoso, estava tenso e com a mesma sensação que eu. Tudo era muito novo, nunca vivemos um momento com esse, estávamos prestes a encarar uma nova realidade.

— Luan... — o chamei enquanto sentia uma dor fora do comum.

— Eu estou aqui, meu amor! — beijou minha mão — Não vou sair daqui, tá?

— Vamos lá, Alice! — ela segurou minhas pernas — Força, sua filha está chegando! 
  
— Aaai! — gritei.

— Mais um pouco, Alice! — ela me incentivou a continuar — Força, força!

— Só mais um pouquinho, amor. — Luan segurava firme minha mão.

— Vamos lá! — Paula falava animada.

— Ai, ai! — gritei colocando toda a força que existia no meu ser.

— Só mais um pouquinho... — e antes que Paula continuasse, Luisa nasceu.

“Ela nasceu, nasceu.” Eram essas as palavras que eu ouvi logo em seguida do primeiro chorinho da minha filha. Luan estava profundamente emocionado, me olhava, ao mesmo tempo em que olhava tudo o que acontecia com nossa filha. Depois de todo o procedimento inicial, Paula a colocou toda agasalhada em meus braços, me fazendo sorrir de tanta felicidade. Ela era apaixonante demais, tinha o cabelinho pretinho, pele branquinha, bochechas rosadas. Olhei suas mãozinhas, seus pezinhos e a beijei com todo o amor que existia dentro do meu coração. Luan a olhava encantado, admirando, parecia não acreditar que o fruto do nosso amor estava bem na nossa frente. Uma das enfermeiras avisou que precisaria levar Luisa para fazer alguns exames, mas que logo a traria de volta para a primeira mama. Eu me despedi dela com mais dois beijos, como se dissesse a ela que logo nos encontraríamos novamente. Quando a enfermeira tirou Luisa dos meus braços, senti como se meu coração estivesse sendo esmagado, enquanto uma dor tomava todo o meu corpo. Eu estava perdendo minha visão, minha respiração estava falha e minhas mãos estavam dormentes.

— O que tá acontecendo com ela? — Luan perguntou preocupado.

— Doutora, ela está tendo uma parada cardíaca! — A enfermeira alertou.

— Não, Alice! — Paula falou se aproximando — Traz o desfibrilador! 

— ALICE! — Luan gritou desesperado — NÃO FAZ ISSO COMIGO!

— Tira ele daqui! — os enfermeiros o tiraram da sala — Fica comigo, Alice...

Essas foram as ultimas palavras que eu me lembro, depois apenas abri meus olhos, me deparando com o mesmo lugar do sonho que tive com Vicente. Dessa vez eu estava sozinha, tudo estava em silêncio, eu nem sequer conseguia escutar a minha própria respiração. Percebi que ao meu redor se passava um filme, com cenas conhecidas pra mim, era o filme da minha vida. O meu nascimento, os meus primeiros passos, as brincadeiras com meu irmão, meu primeiro dia de aula. Meu crescimento, minha formatura da escola, meu primeiro namorado, minha paixão pela fotografia, Vicente.

— Essa foi uma boa fase, não foi? — me assustei ao ouvir sua voz atrás de mim.

— Vicente! — corri para abraçá-lo.

— Como se sente? — ele perguntou carinhoso.

— Confusa. — confessei — Eu não sei o que está acontecendo.

— Olha esse momento aí. — pediu que eu voltasse a olhar o que se passava ao nosso redor.

— Foi o pior momento da minha vida. — me referia ao momento de sua morte.

E passou o momento de quando eu me mudei para São Paulo, meu encontro com Luan, nosso relacionamento conturbado, minha gravidez. Tudo se passava como boas lembranças, eu tinha a sensação de estar assistindo uma novela onde eu era a personagem principal. O nascimento de Luisa, o emocionante momento do nosso encontro, a maneira como Luan nos cuidava. E tudo desapareceu, como se a energia tivesse acabado, como se nada mais tivesse sentido naquele momento.

— A minha filha. — o olhei emocionada — Você...

— Está tudo bem. — ele enxugou uma lágrima do meu rosto.

— Eu estou morta, não estou? — perguntei o olhando.

— Sim! — falou com convicção — Mas você tem o direito de escolha, sabia?

— Escolher entre ficar e ir? — o olhei confusa.

— Escolher entre ficar ou ir. — repetiu.

— Eu escolho ir. — falei o olhando nos olhos — Eu te amo, mas eu também amo eles dois.

— Eu sabia que você faria essa escolha. — sorriu — Mas não se preocupe, eu estarei pra sempre com você.

— Sei que sim. — o abracei com todo o meu coração.

— Eu estarei em um pedacinho da Luisa. — me olhou nos olhos — No coração.

E foi quando eu compreendi as palavras daquela cigana, principalmente quando ela disse que Luisa era reencarnação de alguém que partiu cedo demais. Vicente estaria sempre comigo através do meu bem mais precioso, da minha filha amada.

— Esta na hora de você voltar.

— Tá bom. — sorri.

— Feche os seus olhos. — atendi ao seu pedido — Eu amo você...

E eu respirei fundo, respirei tão fundo que senti minha alma voltando ao meu corpo de uma maneira que eu nunca conseguirei explicar. Apenas ouvi barulhos, eram as enfermeiras e Paula tentando me reanimar, insistentes na batalha de me trazer de volta a vida.

— Ela está respirando! — alguém falou.

— Graças a Deus, Alice! — Paula agora se aproximou.

— Luan... — tentei falar ao abrir os olhos.

— Ele está com sua filha. — ela me olhou sorrindo.

A partir daquele momento eu não me lembro de absolutamente mais nada, mas eu sei que elas me cuidaram com todo amor. Eu dormi por um longo tempo e acordei quando eu estava no quarto, já recuperada do que havia acontecido. Tudo parecia confuso demais, eu não sabia se meu encontro com Vicente foi real ou apenas imaginação da minha cabeça. Meus pensamentos estavam todos embaraçados, fiquei pensando se tudo não passou de apenas mais um sonho. Abri meus olhos com cuidado, tudo o que eu mais queria naquele momento era ver as pessoas que eu mais amo.

— Luan? — o chamei ao sentir a presença de alguém no quarto.

— Oi, meu amor! — ele se aproximou — Você tem noção do susto que me deu? — Nos assustamos com alguém batendo na porta.

— Posso entrar? — Paula entrou na sala sorrindo — Como minha paciente preferida está se sentindo?

— Cansada. — falei com dificuldade.

— Mas seus exames estão ótimos. — me olhou carinhosa.

— O que aconteceu, Paula? — perguntei.

— Você teve uma parada cardíaca logo após o nascimento da Luisa, você ficou sem batimentos cardíacos por quase três minutos. — me assustei quando ela disse isso — foram três minutos tentando te trazer de volta.

— Meu Deus! — fechei meus olhos.

— Foi um grande susto pra todo mundo que estava naquela sala, porque você deu nenhum sinal de alerta durante a gestação inteira. — ela explicava.

— E como será a recuperação dela agora? — Luan perguntou preocupado.

— Ela precisará passar esse dia aqui em observação, porque amanhã temos alguns exames simples pra fazer. — anotava algo em sua agenda.

— E Luisa? — perguntei a Luan.

— Ela está com nossa família. — ele sorriu — Podemos trazê-la aqui, Paula?

— Claro! — ela respondeu saindo.

— Seus pais chegaram, eles estão lá em casa. — Luan sentou em um cantinho da minha cama — Meus pais, Bruna, Laura e Douglas também estiveram aqui.

— Eles viram Luisa?

— Viram sim. — sorriu — E aí pedi que eles fossem descansar.

— E você, amor? — segurei sua mão — Não descansou ainda?

— Eu não quis sair daqui antes que você acordasse, antes que eu tivesse certeza que você estava bem.

— Eu te amo tanto, Luan! — quase sussurrei.

— Eu tive tanto medo de te perder. — ele abaixou a cabeça — Eu não sei o que seria de mim sem você aqui.

— Não quero que pense mais nisso. — respirei fundo — Estamos todos bem, daqui a pouco estaremos em casa.

— Desculpa interromper o papo, mas tem alguém aqui que quer ver a mamãe dela. — Paula entrou com minha Luisa nos braços — Está aqui a sua princesinha.

Luan me ajudou levantando um pouco mais a minha cama, para que eu ficasse quase sentada. Ela me entregou a minha filha, fazendo meu coração quase explodir de tanta felicidade por tê-la em meus braços novamente. Ela tinha um cheirinho bom, seus olhos eram parecidos com os meus, mas seu narizinho e boca pareciam com os de Luan. Era maravilhoso segurar minha Luisa, senti uma necessidade enorme de chorar e assim eu permiti que acontecesse. Chorei, porque eu estive a um passo de nunca mais poder nem sequer tocar a minha menina. Automaticamente me lembrei das palavras de Vicente, de que ele estaria comigo através dela, dentro de seu coração. E eu teria a prova disso no futuro, de uma maneira que eu olharia para Luisa e enxergaria um pouco de nós três nela. Fisicamente parecida comigo e com Luan, mas por dentro ela teria muito dele, principalmente o caráter e amor. Eu enfrentei a morte, para provar que a minha vida é preciosa demais para deixar que as coisas simples passem.